Morgado de Fafe

O Morgado de Fafe, personagem literária consagrada na obra camiliana, demanda uma atitude proativa perante o mundo. A figura do rústico morgado minhoto marcada pela dignidade, honestidade, simplicidade e capacidade de trabalho, assume uma contemporaneidade premente. Nesse sentido este espaço na blogosfera pretende ser uma plataforma de promoção de valores, de conhecimento e de divulgação dos trabalhos, actividades e percurso do escritor, historiador e professor minhoto, natural de Fafe, Daniel Bastos.

terça-feira, 27 de dezembro de 2022

Ano Novo: tempo de novas dinâmicas nas Comunidades Portuguesas

 

A caminharmos a passos largos para o final do ano de 2022, período simbólico e propício à renovação e esperança num futuro melhor, que todos desejamos que passe em 2023 pelo desfecho da Guerra na Ucrânia, e pela regularização do surto inflacionista, da subida das taxas de juro e da carência de matérias-primas.

É também uma etapa oportuna para perspetivar as novas dinâmicas de atividades que vão perpassar as Comunidades Portuguesas espalhadas pelos quatro cantos do mundo ao longo do próximo ano.

Desde logo, destacam-se duas pelo seu simbolismo e peso institucional. Mormente, o 70.º aniversário da emigração portuguesa para o Canadá, que se assinala a 13 de maio, e o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, que em 2023 terá a África do Sul como palco principal das comemorações.

Uma das mais relevantes comunidades lusas na América do Norte, que se destaca pela dinâmica da sua atividade associativa, económica e sociopolítica, a comunidade portuguesa no Canadá assinala a 13 de maio de 2023, o septuagésimo aniversário da chegada a Halifax, província de Nova Escócia, dos primeiros emigrantes portugueses.

Se entre 1953 e 1973, terão entrado no Canadá mais de 90.000 portugueses, na sua maioria originários dos Açores, estima-se que atualmente vivam no segundo maior país do mundo em área total, mais de meio milhão de luso-canadianos, sobretudo concentrados em Ontário, Quebeque e Colúmbia Britânica, representando cerca de 2% do total da população canadiana que constitui um hino ao multiculturalismo. 

É a partir deste legado histórico, que um pouco por todas as comunidades portuguesas disseminadas pelo imenso território canadiano, será seguramente celebrado para o próximo ano, com profundo simbolismo e sentimento de pertença, exposto em inúmeras atividades e eventos, o 70.º aniversário da emigração portuguesa para o Canadá.

Um aniversário que fortalecerá, concomitantemente, os laços dos emigrantes luso-canadianos à língua e cultura materna, mas também à pátria de acolhimento. Algo, que seguramente acontecerá no próximo dia 10 de junho no seio da comunidade portuguesa na África do Sul.

Estima-se que atualmente a comunidade portuguesa e de luso-descendentes na África do Sul, ronde o meio milhão de pessoas, na sua maioria com raízes madeirenses e estabelecida em Joanesburgo, a maior cidade sul-africana.

O primeiro grande momento da emigração lusa, particularmente madeirense, para a África do Sul iniciou-se durante a década de 1940, durante a II Guerra Mundial, devido ao acentuar de privações geradas pelo conflito militar.

Foi neste contexto, que os pioneiros madeirenses se instalaram no alvorecer da segunda metade do séc. XX na África do Sul, passando a dedicarem-se à agricultura, em grandes quintas, e ao comércio, abrindo, mais tarde, lojas para venda dos produtos cultivados e supermercados. Sendo que, o segundo grande momento de emigração lusa para a África do Sul, ocorreu no início do quarto quartel do séc. XX, com a independência das antigas colónias portuguesas de Angola e Moçambique, período em que a África do Sul se tornou o principal destino dos portugueses em África.

As comemorações oficiais do Dia de Portugal em 2023 na África do Sul, serão assim certamente um momento simbólico de valorização da língua e cultura lusa no continente africano, elos antigos, atuais e vindouros da ligação umbilical portuguesa a África.

Que as novas dinâmicas que se aproximam a passos largos das comunidades portuguesas no Canadá e na África do Sul, assim como na dispersa geografia da diáspora lusa, nos influa a todos um Próspero Ano Novo.

 

 

 

 

 

domingo, 18 de dezembro de 2022

A solidariedade é a estrela que mais brilha no natal das comunidades portuguesas

 

O Natal é a festa por excelência da família, da paz, do amor, da alegria, da solidariedade e da esperança num futuro melhor, que todos desejamos que a breve trecho passe pelo desfecho da Guerra na Ucrânia, e pela regularização do surto inflacionista, da subida das taxas de juro e da carência de matérias-primas.

É neste contexto socioeconómico adverso, marcado pela perda de rendimentos das famílias a nível global, que o espírito solidário intrínseco à genética das comunidades portuguesas espalhadas pelos quatro cantos do mundo, ganha ainda maior relevância.

Nestes tempos complexos, inesperados e desafiantes que vivemos, a diáspora lusa no mundo tem demonstrado um enorme espírito de solidariedade, o mais importante valor que nos humanizam e dão sentido ao Natal, apoiando quer os nossos compatriotas no estrangeiro, assim como os portugueses residentes no território nacional.

Um dos exemplos mais paradigmáticos de solidariedade dinamizada no seio das comunidades portuguesas, é o que está a ocorrer na América do Norte, mais concretamente em Toronto, onde vive a maioria dos mais de meio milhão de compatriotas e lusodescendentes presentes no Canadá. Mormente, a construção a médio prazo de um centro, orçado em vários milhões de dólares, capaz de acolher mais de duas centenas de idosos, especialmente direcionado para a comunidade portuguesa.

Este projeto, há muito ambicionado pelos emigrantes lusos na maior cidade canadiana, está a ser dinamizado pela Magellen Community Charities (Instituição de Caridade Comunitária Magalhães). Uma organização sem fins lucrativos, em homenagem ao navegador português, que através da colaboração do poder politico e da solidariedade da comunidade luso-canadiana, pretende construir um lar culturalmente específico que terá que cumprir as seguintes condições: profissionais de saúde que falem português; atividades cultural e espiritualmente desenvolvidas em ambiente cultural sensível; promoção de programas sociais e recreativos em português e alimentação que deve incluir pratos tradicionais.

Estando, nesta fase, em processo de angariação de fundos, desdobrando-se os seus vários diretores em contactos e apelos para que a comunidade luso-canadiana, cada um dentro das suas possibilidades, possa contribuir para que o projeto se torne uma realidade em 2025. Como realçou, aquando da apresentação pública do mesmo, o empresário benemérito e diretor da Magellan Community Charities, Manuel DaCosta, é “importante estarmos todos envolvidos, se não vamos perder uma oportunidade que não termos num futuro próximo. Estamos empenhados para que tenha sucesso e para que toda a comunidade se envolva”.

Na esteira do pensamento do comendador Manuel DaCosta, e numa época de galopante envelhecimento da população e de adversidades socioeconómicas, a construção de uma “casa” para os mais velhos da comunidade luso-canadiana, testemunha admiravelmente que a solidariedade é uma das principais marcas da diáspora, em particular, da comunidade portuguesa em Toronto.

Que a solidariedade que emana das comunidades portugueses nos irmane a todos a tornar o mundo um lugar melhor, e nos inspire uma Feliz Quadra Natalícia e um Próspero Ano Novo.

 

domingo, 4 de dezembro de 2022

A paixão pelo vinho português na Diáspora

 

O vinho português, um elemento indissociável da tradição, história e cultura nacional, continua ano após ano a projetar a imagem do país no mundo, a gerar riqueza, aliando gastronomia e turismo, e a dinamizar a economia com maior intensidade exportadora. Como salientou recentemente a ViniPortugal, entidade gestora da marca Wines of Portugal, através da qual é feita a promoção internacional do vinho português, as exportações de vinhos lusos ultrapassaram 212 M€ no primeiro trimestre de 2022.

Países como a França, Estados Unidos da América, Canadá, Brasil ou Reino Unido, nações que albergam algumas das mais relevantes comunidades da diáspora lusa, são simultaneamente dos maiores consumidores de vinhos portugueses, e alforge de espaços inaugurados por emigrantes ou lusodescendentes dedicados à descoberta e degustação do vinho nacional além-fronteiras.

Ainda no decurso deste ano, o escanção franco-português Micael Morais, antigo escanção no restaurante Tomy & Co, do chef Tomy Gousset, distinguido em 2019 com uma estrela Michelin, abriu no bairro parisiense de Batignolles, um dos mais afamados da capital francesa, a CasAlegria. Um espaço, que o lusodescendente, que serviu, por exemplo, o antigo presidente francês Nicolas Sarkozy, e esteve perto de conquistar o título “Master of Port”, um concurso em França especializado no vinho do Porto, transformou numa embaixada dos vinhos portugueses em Paris.

No caso do vinho do Porto, um dos mais conhecidos e tradicionais vinhos portugueses, desde 2015 que a capital francesa tem no Portologia, primeiro bar totalmente dedicado ao vinho do Porto em Paris, um espaço incontornável para saborear um dos mais famosos símbolos da portugalidade no mundo. Fundado pelo empresário lusodescendente Julien dos Santos, com raízes e vinhas na Região Demarcada do Douro, o Portologia é um espaço icónico na capital francesa de degustação e garrafeira, com cerca de mil referências de vinhos do Porto e do Douro.

A devoção ao vinho do Porto foi também o leitmotiv que impeliu há duas décadas o emigrante português na Suíça, Jorge Correia, a abrir no cantão de Valais, o maior cantão vinícola helvético, a loja Torga’s. Reconhecido como um embaixador do vinho do Porto na Suíça, o emigrante natural de Sernancelhe, distrito de Viseu, possui na cave do espaço inspirado em Miguel Torga, um dos mais importantes escritores da literatura portuguesa do século XX, mais de duas mil garrafas do vinho originário da região vinícola do Douro.

Estes espaços vinícolas, e muitos outros que estão atualmente a serem dinamizados no seio da diáspora lusa, evidenciam a razão do vinho português ser considerado um dos melhores do mundo, e um genuíno e inconfundível símbolo da portugalidade. Como enaltecia o poeta francês Charles Baudelaire, considerado o pai do simbolismo, o “vinho é parecido com o homem”.

 

sábado, 26 de novembro de 2022

Nathalie Afonso: uma artista plástica lusodescendente inspirada na cultura portuguesa

 No decurso dos últimos anos têm sido cada vez mais os lusodescendentes, que no seio da diáspora em redor do mundo, se têm destacado em diversos domínios culturais, muitos deles tendo como fonte de inspiração as raízes culturais portuguesas.

Um desses exemplos paradigmáticos encontra-se plasmado no percurso de vida e artístico de Nathalie Afonso, uma talentosa pintora lusodescendente, que nasceu em Vichy, um burgo localizado no centro da França, e que desde os anos 70 passou a residir com os pais, ele natural de Almeida e ela da Póvoa do Varzim, na região parisiense.


 

Tendo estudado na prestigiada École Boulle, uma escola de artes aplicadas, arquitetura de interior e designer, em Paris 12, a obra de Nathalie Afonso, detentora de um trajeto eclético que abarca desde viagens formativas nos Estados Unidos, Canadá e Itália, terra natal do marido, até a uma experiência profissional na construção civil em Portugal, consta de variadas coleções particulares e oficiais.

Obras que vão desde a pintura, conceção de mobiliário ou esculturas geradas no seu atelier, na região parisiense, e que é possível encontrar em várias autarquias francesas, como por exemplo na Mairie de Paris, na Marie de Créteil ou na Mairie de Villeneuve St Georges, onde tem uma escultura numa rotunda perto do hospital.

Uma das características marcantes da sua profícua obra é indubitavelmente a predileção que nutre pela cultura portuguesa, denominador comum presente nos seus diversos trabalhos. Ainda recentemente, Nathalie Afonso inaugurou na Mairie de Paris 7, uma exposição de aguarelas intitulada “Lusitânia”, inteiramente dedicada às tradições portuguesas, mas com um toque de modernidade.

A mais recente exposição da artista plástica lusodescendente foi ainda enriquecida com o lançamento de um livro de arte, com edição limitada, assente nas reproduções das obras apresentadas na exposição, e intitulado “Du Nord au Sud, Portugal mon amour”.

O currículo artístico de Nathalie Afonso, que tem construído uma singular obra devotada à cultura portuguesa, concorreu decisivamente para que no passado mês de outubro, a artista plástica tenha sido distinguida com a Medalha de Vermeil da Academia Francesa das Artes, Ciências e Letras. A cerimónia de distinção promovida pela academia francesa, que foi fundada em 1915 e anualmente laureia personalidades de todas as nacionalidades que se tenham destacado nos campos artístico, literário e científico, constituiu, mais um importante marco de reconhecimento de uma das mais eminentes artistas plásticas lusodescendentes, afamada pelo seu estilo pictórico criativo, moderno e apaixonado pela cultura da Pátria de Camões

 

 

terça-feira, 22 de novembro de 2022

NESTE NATAL OFEREÇA LIVROS

 NESTE NATAL OFEREÇA LIVROS

Ótimos presentes e símbolos intemporais de cultura.
“Ler é viajar com os olhos e a imaginação”
Pode adquirir os livros nas livrarias de referência, ou receber comodamente por correio postal em casa, entrando em contato connosco.