Morgado de Fafe

O Morgado de Fafe, personagem literária consagrada na obra camiliana, demanda uma atitude proativa perante o mundo. A figura do rústico morgado minhoto marcada pela dignidade, honestidade, simplicidade e capacidade de trabalho, assume uma contemporaneidade premente. Nesse sentido este espaço na blogosfera pretende ser uma plataforma de promoção de valores, de conhecimento e de divulgação dos trabalhos, actividades e percurso do escritor, historiador e professor minhoto, natural de Fafe, Daniel Bastos.

domingo, 20 de fevereiro de 2022

As memórias da emigração açoriana no espólio fotográfico de Laudalino da Ponte Pacheco

 

Recentemente, a Araucária, uma editora independente com sede na ilha de São Miguel, nos Açores, fundada pela ativista cultural espanhola Blanca Martín-Calero, lançou o livro Laudalino da Ponte Pacheco (1963-1975).

Concebido a partir de uma centena e meia de imagens de Laudalino da Ponte Pacheco (1921-1998), cujo numeroso espólio constitui um repositório etnográfico das freguesias da costa norte da ilha de São Miguel, especialmente da Maia, onde o fotógrafo nasceu e viveu, a dimensão do valioso trabalho do retratista micaelense perpassa ainda o fenómeno da emigração. Um dos aspetos como salienta a historiadora Susana Serpa Silva, “estruturais da história do povo das ilhas atlânticas e da sociedade portuguesa em geral”.

Nomeadamente, a emigração açoriana para o Canadá a partir de 1953, ano em que o irmão mais novo de Laudalino partiu para Montreal. Maior cidade da província do Quebequebe, de onde no ano seguinte enviou por correio, a câmara fotográfica que permitiu ao irmão realizar retratos para passaportes e bilhetes de identidade, assim como retratar as tradições e a vida rural da costa norte da ilha de São Miguel, e as inúmeras partidas e chegadas de emigrantes.

Homem dos sete ofícios, além de fotógrafo, foi também carpinteiro, distribuidor de jornais e de tabaco, vendedor de rádios e reparador de eletrodomésticos, Laudalino da Ponte Pacheco viajou duas vezes até ao Canadá. No decurso das viagens à nação da América do Norte, onde adquiriu uma máquina de filmar Super 8 e um projector, como destaca o livro homónimo, filmou “as casas dos familiares e dos amigos emigrantes, os edifícios, as ruas, os carros, as praças, os monumentos, as paisagens”, sendo que no retorno à terra natal, “passou os filmes em sua casa para os amigos visionarem, com grande sucesso”.

Na esteira das páginas do livro, as fotografias de Laudalino da Ponte Pacheco, sobre as vivências açorianas das décadas de 1960-70, constituem “documentos riquíssimos para a compreensão do território antropológico, sociológico e histórico da ilha de São Miguel, transformando a macronarrativa vigente em micronarrativas úteis para a compreensão e reflexão sobre um povo, as suas singularidades as vicissitudes e os desafios a que foi sujeito; compõem matéria para entender o presente e melhor programar o futuro.”

sábado, 12 de fevereiro de 2022

Fundação Nova Era Jean Pina assina protocolo de colaboração com a Delegação de Fafe da Cruz Vermelha

Na passada sexta-feira (11 de fevereiro), o Presidente da Fundação Nova Era Jean Pina, uma instituição criada pelo empresário benemérito luso-francês e administrador do Grupo Pina Jean, sediado nos arredores de Paris, assinou com a Delegação de Fafe da Cruz Vermelha um protocolo de colaboração.

 

 

O Presidente da Fundação Nova Era Jean Pina (ao centro), na cerimónia de assinatura do protocolo de colaboração com a Delegação de Fafe da Cruz Vermelha, acompanhado do presidente da instituição local, Capitão António Fernandes, e de Sílvia Freitas, coordenadora do projeto Família+Feliz

 

O protocolo de colaboração vem assim estreitar ainda mais os laços entre a Delegação de Fafe da Cruz Vermelha, instituição local que presta assistência humanitária e social, em especial aos mais vulneráveis, e que atualmente, conta com a colaboração de uma equipa de mais de duas dezenas de elementos nas mais variadas áreas de intervenção, com a Fundação luso-francesa que tem encaminhado regularmente para a instituição fafense várias toneladas de alimentos e roupa.

No decurso da passagem pelo concelho de Fafe, o empresário benemérito luso-francês visitou a Transnós, uma empresa local especializada no transporte, armazenagem, logística e distribuição de mercadorias que tem assumido os custos de transporte dos bens doados. E reuniu com representantes de outras associações locais que a Fundação Nova Era Jean Pina tem apoiado regularmente, mormente a Associação de Defesa dos Direitos dos Animais e Floresta (ADDAF), e a Associação Empresarial de Fafe, Cabeceiras de Basto e Celorico de Basto.

domingo, 6 de fevereiro de 2022

In memoriam Agostinho Santos

 

No decurso da semana passada, fomos surpreendidos com a triste notícia do falecimento do embaixador da cultura minhota no Brasil, Agostinho Santos, presidente da Casa do Minho do Rio de Janeiro, e uma das figuras mais gradas da maior comunidade lusa na América Latina.

Natural de Cinfães do Douro, onde nasceu em 10 de agosto de 1944, Agostinho Santos emigrou para o Brasil no final dos anos 50, na companhia da mãe e dos irmãos mais novos, ao encontro da figura paterna que emigrara anos antes em demanda de melhores condições de vida.

Profundamente apaixonado pela cultura minhota, o emigrante duriense entrou no Rancho Folclórico da Casa do Minho no Rio de Janeiro, onde foi dançarino, acordeonista e depois diretor do grupo folclórico até ao ano de 1975. No alvorecer da década de 1980, foi eleito presidente da Casa do Minho, cargo que ocupava hodiernamente, transformando a agremiação numa embaixada de referência das tradições minhotas no Brasil, através de uma relação estreita com o Santoinho, o típico e reconhecido arraial minhoto localizado em Darque, freguesia do município de Viana do Castelo.

A relação muito próxima com Viana do Castelo foi reconhecida em 2017, quando a edilidade do Alto Minho lhe atribuiu a distinção de Cidadão de Honra, sendo que inclusive no ano seguinte, o minhoto adotivo presidiu à Comissão de Honra da Romaria da Senhora d’Agonia, uma das maiores festas populares de Portugal.

No campo da intervenção associativa e social, Agostinho Santos destacou-se ainda pelo papel relevante que desempenhou à frente da Obra Portuguesa de Assistência no Rio de Janeiro, fundada em 14 de outubro de 1921, e da qual assumiu a presidência em 1985. Uma das vertentes de atuação da Obra é o Hospital Egas Moniz, recentemente modernizado, e que apesar das dificuldades tem auxiliado a comunidade luso-brasileira na área da saúde e cuidados médicos, em especial no apoio à terceira idade.

Diretor do Real Gabinete Português de Leitura, símbolo incontornável da cultura lusófona no Rio de Janeiro, e sócio conselheiro de várias instituições luso-brasileiras, o percurso de vida generoso de Agostinho Santos, o seu sentido de missão e profundo apego à cultura portuguesa, particularmente à minhota, concorreram para que recebesse o título de Comendador do Governo Português por serviços prestados à Pátria. E inspiram-nos a máxima do filósofo e escritor José Luís Nunes Martins:Talvez o sentido da vida não seja assim tão complicado: Amar para ser feliz, realizando sonhos”.