Morgado de Fafe
O Morgado de Fafe, personagem literária consagrada na obra camiliana, demanda uma atitude proativa perante o mundo. A figura do rústico morgado minhoto marcada pela dignidade, honestidade, simplicidade e capacidade de trabalho, assume uma contemporaneidade premente. Nesse sentido este espaço na blogosfera pretende ser uma plataforma de promoção de valores, de conhecimento e de divulgação dos trabalhos, actividades e percurso do escritor, historiador e professor minhoto, natural de Fafe, Daniel Bastos.
domingo, 27 de abril de 2025
José Ferreira: um exemplo do potencial empreendedor dos lusodescendentes
Uma das marcas mais características das comunidades portuguesas espalhadas pelos quatro cantos do mundo é indubitavelmente a sua dimensão empreendedora, como corroboram as trajetórias de diversos compatriotas que criam empresas de sucesso e desempenham funções de relevo a nível cultural, social, económico e político.
Entre as várias trajetórias de portugueses e lusodescendentes que se distinguem pelo seu papel empreendedor e inovador, e constituem um relevante facto de desenvolvimento do país, destaca-se o percurso inspirador e de sucesso de José Ferreira.
Filho de pais portugueses com raízes na ilha da Madeira, território arquipelágico cuja imensa diáspora se encontra disseminada por todos os continentes, o empreendedor lusodescendente nasceu e cresceu no Equador, na costa oeste da América do Sul, país onde há 700 portugueses registados, e José Ferreira montou os seus primeiros negócios.
O lusodescendente de origem madeirense tem realizado atualmente vários projetos e investimentos na “pérola do Atlântico”. Nomeadamente, no setor do turismo, um importante motor do desenvolvimento económico local, regional e nacional, sendo que inclusivamente, a Madeira tem sido uma das regiões que tem impulsionado o crescimento do turismo em Portugal.
No decurso do passado mês de março, o empresário lusodescendente, impelido por uma visão estratégica salpicada de afinidade sentimental, inaugurou na freguesia do Paul do Mar, conhecida pelas suas paisagens naturais marcantes e pelas suas tradições seculares, uma unidade de alojamento local, através da recuperação de uma propriedade anteriormente pertencente aos seus bisavós.
Conjuntamente com o investimento de cerca de 800 mil euros na Quinta Marefe, em Paul do Mar, o empresário lusodescendente tem ainda a decorrer no concelho da Calheta, três novas obras com a mesma finalidade, mormente as Casas do Salão.
O amor à terra dos ascendentes e a visão empreendedora de José Ferreira, tem sido acompanhada por uma importante vertente social. Dado o compromisso do empresário lusodescendente, em contribuir para a construção de habitação no torrão arquipelágico a custos controlados, ajudando, concomitantemente, a mitigar a crise da habitação em Portugal, país da OCDE onde é mais difícil comprar casa, tendo a pior relação entre o preço das casas e os rendimentos, segundo os dados do terceiro trimestre de 2024. E em particular, na Região Autónoma da Madeira, onde o preço das casas subiu 12,6% em 2024, passando para os 3251 euros por metro quadrado, um aumento de 2121 euros face a janeiro de 2015.
Segundo o jovem empresário lusodescendente, “o equilíbrio entre o investimento turístico e a vertente social é essencial para garantir o desenvolvimento sustentável da Madeira, promovendo soluções que beneficiem tanto os visitantes como a população local”.
Numa época em que os empreendedores portugueses e lusodescendentes da diáspora, são reconhecidos como uma mais-valia estratégica na promoção e desenvolvimento do país, o apego às raízes de José Ferreira e o seu espírito arrojado, robustece a visão do reputado empresário norte-americano Michael Dell: “Os empreendedores reais têm o que eu chamo de três Ps (e, acreditem-me, nenhum deles significa permissão). Os empreendedores reais têm uma paixão por aquilo que estão a fazer, um problema que precisa de ser resolvido, e um propósito que os impulsiona para a frente”.
segunda-feira, 21 de abril de 2025
Emílio Cabral: a relevância do investimento da diáspora em Portugal
Uma das marcas mais características das comunidades portuguesas espalhadas pelos quatro cantos do mundo é indubitavelmente a sua dimensão empreendedora, como corroboram as trajetórias de diversos compatriotas que criam empresas de sucesso e desempenham funções de relevo a nível cultural, social, económico e político.
Nos vários exemplos de empresários lusos da diáspora, cada vez mais percecionados como um ativo estratégico na promoção e reconhecimento internacional do país, destaca-se o percurso notável e de sucesso de Emílio Cabral.
Natural de Santa Clara, freguesia do município de Ponta Delgada, na ilha açoriana de São Miguel, Emílio Cabral partiu em 1969, aos 10 anos de idade, com os pais para o Canadá. Um dos mais importantes destinos para muitos emigrantes portugueses, em particular açorianos, que nessa época, marcada na pátria de origem pela estreiteza de horizontes, falta de liberdade, pobreza e guerra colonial, partiram para a América do Norte à procura de melhores condições de vida.
O trabalho, esforço e resiliência, valores coligidos no seio familiar, transformaram o emigrante ponta-delgadense num proeminente empresário da numerosa comunidade portuguesa, presente no segundo maior país do mundo em área total, onde se estima que atualmente vivam mais de meio milhão de luso-canadianos.
Para tal, muito contribuiu o facto, de no alvorecer da maioridade se ter lançado na área da construção civil, adquirindo uma experiência socioprofissional que combinadas com capacidades extraordinárias de trabalho, mérito e inovação, impulsionaram o empresário luso-canadiano a criar em 1986 a Regional Sewer and Watermain.
Uma empresa com atividade no setor da construção civil, sediada em Cambridge, cidade localizada na província canadiana do Ontário, com 140 mil habitantes, onde um terço da população é luso-canadiana, inicialmente especializada em esgotos para bairros residenciais. Mas que, com o passar dos anos passou também a incidir a sua área de atuação na construção de estradas e bairros de grande dimensão.
Uma das empreitadas mais conhecidas do emigrante açoriano na América do Norte, foi inaugurada no início do séc. XXI, mormente o Whistle Bear Golf Club, situado em Cambridge. Se em termos de comprimento, o Whistle Bear Golf Club é o maior campo de golfe do Canadá, nos últimos anos destaca-se ainda, por ser um espaço icónico ao nível da realização de casamentos de luxo.
A paixão pelas raízes arquipelágicas e a visão estratégica, impulsionaram recentemente Emílio Cabral a investir num empreendimento turístico em São Miguel, um dos territórios onde o turismo mais cresce nos Açores. O investimento de cinco milhões de euros, num setor cada vez mais essencial para o desenvolvimento do país, contribuindo significativamente para a economia nacional, regional e local, consubstanciou-se no decurso do passado mês de março, na inauguração do Azores Homes Resort & Spa.
Uma nova infraestrutura de alojamento turístico localizado na Fajã de Baixo, em Ponta Delgada, composta por nove vilas exclusivas, cada uma representando as nove ilhas dos Açores, e que realça paradigmaticamente a importância da diáspora no desenvolvimento e projeção do território arquipelágico, e conjuntamente de Portugal, no mundo.
Um relevante investimento de um emigrante açoriano, que reforça assim a atratividade turística do território arquipelágico, um setor de atividade que constitui já um dos principais motores económicos dos Açores. Como sustenta o Serviço Regional de Estatística dos Açores (SREA), no ano transato o arquipélago registou 4,3 milhões de dormidas e 1,3 milhões de hóspedes, representando um acréscimo face ao ano anterior de 12,4% e 9%, o valor mais elevado desde que há registos (2001).
Uma das figuras mais conhecidas da comunidade portuguesa em Cambridge, no sul da província canadiana do Ontário, a trajetória de vida de Emílio Cabral, e o seu recente contributo na valorização do território arquipelágico, e concomitantemente de Portugal, aviva a conspeção queirosiana que arrosta a “emigração como força civilizadora”.
segunda-feira, 14 de abril de 2025
Comendador Carlos Andrade: o “rei dos donuts” nos Estados Unidos
Uma das marcas mais características das comunidades portuguesas espalhadas pelos quatro cantos do mundo é a sua dimensão empreendedora e benemérita como corroboram as trajetórias de diversos compatriotas que criam empresas de sucesso, e desempenham funções de relevo a nível cultural, económico, político e social.
Nos vários exemplos de empreendedores portugueses da diáspora, uma incontornável mais-valia estratégica na promoção internacional do país, destaca-se o percurso inspirador e singular do comendador Carlos Andrade, um dos mais destacados empreendedores da numerosa comunidade portuguesa nos Estados Unidos da América (EUA).
Natural da Ribeira Seca, freguesia do município de Vila Franca do Campo, na costa sul da ilha açoriana de São Miguel, Carlos Andrade emigrou em 1967, no alvorecer da maioridade, com os pais para Montreal, a maior cidade da província do Quebeque, no Canadá. Um dos mais importantes destinos para muitos emigrantes portugueses, em particular açorianos, que nessa época, marcada na pátria de origem pela estreiteza de horizontes, falta de liberdade, pobreza e guerra colonial, partiram para a América do Norte à procura de melhores condições de vida.
Seria, no entanto, nos Estados Unidos, mais concretamente na vila de Bristol, no estado norte-americano de Rhode Island, onde existe uma grande comunidade de portugueses vindos em grande parte do arquipélago dos Açores, que Carlos Andrade e os seus pais, fixariam definitivamente, em 1974, a sua senda migratória.
Com um percurso de vida trilhado no encalço do sonho americano ("the American dream”), o emigrante açoriano entrou em 1975 na Dunkin Donuts University, em Quincy, Massachusetts, onde encetou uma base sólida de formação, no seio da reputada multinacional norte-americana especializada na venda de donuts, café e gelados. Iniciando, a partir de então, uma trajetória socioprofissional fulgurante de ascensão na escala social, graças a capacidades extraordinárias de trabalho, mérito e resiliência.
Em 1978, o empreendedor vila-franquense, adquiriu a sua primeira pastelaria Dunkin Donuts, na vila de Raynham, Massachusetts, dando início à alavancagem de um império empresarial, fundamentalmente estabelecido na Nova Inglaterra, na região nordeste dos Estados Unidos, mormente nos estados de Massachusetts, Connecticut, Rhode Island e New Hampshire. Um império empresarial assente em mais de meio milhar de lojas, às quais se juntam ainda as lojas Dunkin Donuts abertas por outros luso-americanos, também em regime de franchising, que em conjunto com a maior central de produção para abastecimento de Dunkin Donuts nos EUA, empregam na Nova Inglaterra e Nova Iorque, milhares de pessoas, muitas delas portugueses e brasileiros.
O esforço hercúleo, o sentido de família e a dedicação laboriosa de Carlos Andrade, sublimaram um empresário de sucesso que nunca descurou a responsabilidade social. Radicado há meio século nos Estados Unidos, o sucesso que o emigrante luso-americano alcançou no mundo dos negócios, tem sido acompanhado de uma notável dimensão filantropa nas comunidades de acolhimento e de origem.
É o caso, por exemplo, dos financiamentos que ao longo dos anos tem prestado ao New England Center for Children, uma estrutura especializada em serviços abrangentes para crianças com autismo; ou ao Dana-Farber Cancer Institute, um centro de tratamento inovador no tratamento do cancro. Assim como, a criação do “Scholarship of Dunkin Donuts for New England”, que até aos dias de hoje, atribuiu centenas de milhares de dólares em bolsas de estudo universitárias.
O apoio que no decurso dos últimos anos tem concedido ao torrão arquipelágico, nomeadamente em Vila Franca do Campo, a diversas instituições sociais, culturais e desportivas, impeliu em 2009, a Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores a atribuir-lhe a “Insígnia Autonómica do Mérito Industrial”. E, em 2015, Câmara Municipal de Vila Franca do Campo, a mais alta distinção do concelho, a Medalha de Ouro e Diploma de Cidadão Honorário.
Não por acaso, quatro anos antes da distinção da edilidade vila-franquense, Carlos Andrade foi agraciado pelo então Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, numa cerimónia na residência oficial do embaixador de Portugal em Washington, com a comenda da Ordem do Infante D. Henrique. Uma distinção, justa e merecida, com uma ordem honorífica portuguesa, que visa reconhecer a prestação de serviços relevantes a Portugal, no país ou no estrangeiro.
Uma das figuras mais proeminentes da comunidade portuguesa nos Estados Unidos da América, pátria de acolhimento há meio século onde é conhecido como o “rei dos donuts”, o percurso singular do comendador Carlos Andrade, que foi nomeado “Filantropo do Ano 2015 da Dunkin’ Donuts”, recorda-nos a máxima do poeta romântico francês Alfred de Vigny: “Há algo de tão magnífico com um grande homem: um homem de honra”.
sábado, 12 de abril de 2025
Daniel Bastos evocou Gérald Bloncourt e o seu legado fotográfico humanista e de liberdade em Portugal
Na passada sexta-feira (11 de abril), o historiador da diáspora Daniel Bastos, no âmbito dos eventos das comemorações dos 50 anos da democracia, que continuam este ano tendo como destaque os temas da participação e da democratização, proferiu na livraria Unicepe, um espaço cultural de referência na cidade do Porto, a conferência "Gérald Bloncourt – Dias de Liberdade em Portugal".
Autor de obras de referência sobre o trabalho fotográfico de Bloncourt ligados à emigração e à génese da democracia portuguesa, Daniel Bastos destacou o trabalho fotográfico de Gérald Bloncourt, que captou imagens marcantes que medeiam a Revolução dos Cravos e a celebração do Dia do Trabalhador na capital portuguesa. Designadamente, a chegada do histórico líder comunista Álvaro Cunhal ao Aeroporto de Lisboa, a emoção do reencontro de presos políticos e exilados com as suas famílias, o caráter pacífico e libertador da Revolução de Abril, e as celebrações efusivas do 1.º de Maio de 1974, a maior manifestação popular da história portuguesa.
Uma sessão intimista e acolhedora, aberta à comunidade, que incluiu ainda a reapresentação do livro “Gérald Bloncourt – Dias de Liberdade em Portugal”. E que, em pleno mês simbólico de celebração do 25 de Abril, constituiu uma homenagem a uma personalidade ímpar que durante mais de duas décadas escreveu cm luz a vida dos portugueses, que lutaram aquém e além-fronteiras pelo direito a uma vida melhor e à liberdade.
segunda-feira, 7 de abril de 2025
Memórias da ditadura revisitadas na comunidade portuguesa em Bruxelas
No passado sábado (5 de abril), foi apresentado na capital da Europa o livro “Memórias da Ditadura – Sociedade, Emigração e Resistência”.
A obra, concebida pelo historiador Daniel Bastos a partir do espólio fotográfico inédito de Fernando Mariano Cardeira, antigo oposicionista, militar desertor, emigrante e exilado político, foi apresentada na livraria La Petite Portugaise, em Bruxelas.
O historiador Daniel Bastos, acompanhado de Maria José Gama, Presidente da Associação José Afonso, Núcleo de Bruxelas, no decurso da apresentação do livro “Memórias da Ditadura – Sociedade, Emigração e Resistência”, na livraria La Petite Portugaise em Bruxelas
A sessão de apresentação, que encheu a livraria La Petite Portugaise, um ponto de encontro incontornável na promoção da língua e cultura portuguesas na capital da Europa, de emigrantes, ativistas culturais e dirigentes associativos, esteve a cargo de Maria José Gama, Presidente da Associação José Afonso, Núcleo de Bruxelas, que destacou o livro como um importante contributo para o conhecimento da nossa história recente, em particular, para o reforço da memória sobre a conquista da liberdade e democracia em Portugal.
Nesta obra, uma edição bilingue (português e inglês) com tradução de Paulo Teixeira e prefácio do investigador José Pacheco Pereira, realizada com o apoio institucional da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril, Daniel Bastos revela o espólio singular de Fernando Mariano Cardeira, cuja lente humanista e militante teve o condão de captar fotografias marcantes para o conhecimento da sociedade, emigração e resistência à ditadura portuguesa nos anos 60 e 70.
Através das memórias visuais do antigo oposicionista, assentes num conjunto de centena e meia de imagens, são abordados, desde logo, as primeiras manifestações do Maio de 1968 em Paris, acontecimento icónico onde o fotógrafo engajado consolidou a sua consciência cívica e política. E, com particular incidência, o quotidiano de pobreza e miséria em Lisboa, a efervescência do movimento estudantil português, o embarque de tropas para o Ultramar, os caminhos da deserção, da emigração “a salto” e do exílio, uma estratégia seguida por milhares de portugueses em demanda de melhores condições de vida e para escapar à Guerra Colonial nos anos 60 e 70.
Refira-se que esta obra, agora apresentada em Bruxelas, encontra-se no final da sua primeira edição, tendo sido já lançada noutras latitudes das comunidades portuguesas, designadamente em Espanha (Vigo), Canadá (Toronto) e em França (Paris). Assim como em várias cidades no território nacional (Lisboa, Porto, Braga, Felgueiras, Fafe, Óbidos e Torres Novas).
quinta-feira, 3 de abril de 2025
Fundação Nova Era Jean Pina concretiza sonhos de seniores portugueses em Paris
Ao longo dos anos, a diáspora lusa tem demonstrado um enorme espírito de solidariedade, o mais importante valor que nos humanizam e dão sentido à vida, apoiando quer os nossos compatriotas no estrangeiro, assim como os portugueses residentes no território nacional.
Um desses exemplos de solidariedade dinamizada no seio da diáspora, é o que tem sido prosseguido, no decurso da última década, pela Fundação Nova Era Jean Pina, constituída em 2019 pelo empresário português João Pina, radicado na região de Paris, um dos mais dinâmicos e beneméritos empresários portugueses em França, a mais numerosa das comunidades lusas na Europa.
Natural de Trinta, uma pequena povoação do concelho da Guarda, João Pina emigrou para França nos anos 80, com 19 anos de idade, na esteira de milhares de portugueses que procuravam na pátria gaulesa uma vida melhor. A chegada a Paris, ainda que marcada inicialmente por um conjunto de contratempos e dificuldades, alavancou um percurso de empresário de sucesso na área da construção civil.
Presentemente administrador do Grupo Pina Jean, sediado nos arredores de Paris, um conjunto de várias empresas com atividades em áreas como a construção civil, limpeza e reciclagem de resíduos, o sucesso de João Pina, conhecido em terras gaulesas por Jean Pina, no mundo dos negócios, tem sido acompanhado de uma incessante dinâmica solidária em prol dos mais desvalidos.
Alicerçando a missão primacial da Fundação Nova Era Jean Pina, no lema da instituição “Solidariedade em Movimento”, o emigrante guardense tem dinamizado uma notável cooperação entre França e Portugal através da promoção, apoio e desenvolvimento de projetos de solidariedade para com as pessoas mais desfavorecidas e vulneráveis, como seniores, crianças institucionalizadas e desempregados.
Foi neste entrecho, que a Fundação Nova Era Jean Pina dinamizou recentemente o projeto “Sonhos sem Idade”, que levou entre 28 de março e 1 de abril, quatro seniores residentes no lar de Reigada, no distrito da Guarda, na região centro-norte de Portugal, a viajar de avião pela primeira vez à capital francesa.
No âmbito da viagem até à “Cidade Luz”, proporcionada pela Fundação Nova Era Jean Pina, os seniores Augusto Rodrigues Cabral, de 92 anos, Maria Julieta da Costa, de 86 anos, Maria Helena Brígida, de 80 anos, e Manuel Dias, de 73 anos. Acompanhados por uma enfermeira e uma assistente técnica, tiveram oportunidade de visitar a Torre Eiffel, o Consulado-Geral de Portugal em Paris, o Palácio de Versalhes, a Basílica de Sacré Cœur e desfrutaram de um cruzeiro no Sena.
Ao longo da jornada sociocultural, foram-se juntando ao grupo, empresários, dirigentes associativos, órgãos de informação da diáspora e outras forças vivas da comunidade luso-francesa. Como o Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, e a Cônsul-Geral de Portugal em Paris, Mónica Lisboa, que fizeram questão dentro das suas agendas de trabalho, de receber e conviver com os seniores portugueses, sempre acompanhados do Presidente da Fundação Nova Era Jean Pina.
Uma experiência seguramente marcante e inolvidável para os quatro seniores residentes no lar de Reigada, no distrito da Guarda, proporcionada por uma instituição social de referência da diáspora. Que ao evidenciar a importância do envelhecimento ativo e saudável, um conceito cada vez mais relevante numa sociedade onde a população está a envelhecer rapidamente, robustece concomitantemente a importância, nas suas múltiplas dimensões e potencialidades, das comunidades portuguesas.
domingo, 30 de março de 2025
Isidro Flores: um emigrante empreendedor de referência na comunidade portuguesa em Vancouver
Uma das marcas mais características das comunidades portuguesas espalhadas pelos quatro cantos do mundo é a sua dimensão empreendedora e benemérita como corroboram as trajetórias de diversos compatriotas que criam empresas de sucesso, e desempenham funções de relevo a nível cultural, económico, político e social.
Nos vários exemplos de empreendedores portugueses da diáspora, cada vez mais reconhecidos como uma mais-valia estratégica na promoção internacional do país, destaca-se o percurso inspirador e singular de Isidro Flores, um dos mais destacados empreendedores da comunidade portuguesa em Vancouver, situada na Colúmbia Britânica, a terceira maior província do Canadá, onde vivem cerca de 40 mil portugueses e lusodescendentes.
Natural da Vila de São Sebastião, situada no concelho açoriano de Angra do Heroísmo, no sueste da ilha Terceira, Isidro Flores emigrou para o Canadá no ocaso dos anos 70, na esteira de milhares de compatriotas, que se estabeleceram no segundo maior país do mundo em extensão territorial, em demanda de melhores condições de vida.
A chegada ao território canadiano com 24 anos, marcou o início de um percurso de vida de um verdadeiro “self-made man”. O trabalho, o esforço e a abnegação, valores coligidos no seio familiar, forjaram uma têmpera de trabalho assente no mercado laboral da construção civil.
A experiência profissional impactante, impeliu o emigrante terceirense a criar a Concord Concrete Pumps, uma empresa que se destaca no continente americano pela produção de camiões equipados com bombas de betão. Sediada em Port Coquitlam, a 30 quilómetros de Vancouver, a Concord Concrete Pumps, cujas bombas de betão são construídas e produzidas numa fábrica que possui na Coreia do Sul, e que se encontra ainda presente na Austrália, atuando assim em mercados que vão desde a América do Norte, México, Brasil, Jordânia ou Oceânia, introduziu em 2006 a maior bomba de lança de betão montada em camião do mundo, tendo sido inclusive distinguida com o prémio Construction Equipment Top 100.
Avaliada em dezenas de milhões de dólares, a Concord Concrete Pumps, que reflete o carisma, a visão empresarial e o espírito fundador de Isidro Flores, tem desde a sua génese implementado uma cultura de melhoria contínua na gestão de todos os processos e atividades da empresa, por meio dos mais elevados padrões de qualidade e inovação.
O esforço hercúleo e a dedicação incansável de Isidro Flores, robusteceram um empresário de sucesso que nunca descurou a responsabilidade social. Radicado há mais de quarenta anos no Canadá, o sucesso que o emigrante açoriano alcançou no mundo dos negócios, tem sido acompanhado de uma relevante dimensão benemérita.
É o caso, por exemplo, do auxílio solidário que presta a várias crianças carenciadas de países como o Brasil, Índia, Camboja e Indonésia, apoiando-as com subsídios ao longo dos anos. Uma dinâmica solidária que não olvida o torrão natal, ainda no ano passado, o emigrante empreendedor concedeu um generoso apoio à Junta de Freguesia da Vila de São Sebastião, que permitiu a recuperação do portão principal do Cemitério do Bom Fim. Uma ação solidária que além de ajudar a terra-mãe, constituiu uma homenagem ao seu avô, Francisco Isidoro Flores, cujo nome consta num dos painéis de azulejos, exteriores ao cemitério, como tendo sido um dos operários locais que trabalharam na obra do Cemitério do Bom Fim.
Uma das figuras mais conhecidas da comunidade portuguesa em Vancouver, na costa oeste do Canadá, o percurso singular do empresário filantropo Isidro Flores recorda-nos a máxima de Eça de Queiróz, um dos mais importantes escritores portugueses de todos os tempos: “Na vida o êxito pertence àqueles que têm energia, disciplina, sangue-frio e bondade”.
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