Morgado de Fafe

O Morgado de Fafe, personagem literária consagrada na obra camiliana, demanda uma atitude proativa perante o mundo. A figura do rústico morgado minhoto marcada pela dignidade, honestidade, simplicidade e capacidade de trabalho, assume uma contemporaneidade premente. Nesse sentido este espaço na blogosfera pretende ser uma plataforma de promoção de valores, de conhecimento e de divulgação dos trabalhos, actividades e percurso do escritor, historiador e professor minhoto, natural de Fafe, Daniel Bastos.

domingo, 28 de maio de 2023

In memoriam Lídia Sales

 

No decurso da semana passada, fomos surpreendidos com a triste notícia do falecimento de Lídia Sales (1954-2023), cofundadora e diretora da revista da diáspora Lusopress, um relevante meio de comunicação social da comunidade portuguesa em França, a mais numerosa das comunidades lusas no Velho Continente.

Natural de Lisboa, da freguesia de Penha de França, Lídia Sales, em conjunto com o companheiro de vida, José Gomes de Sá, tiveram o condão de lançar no alvorecer do séc. XXI na capital francesa um dinâmico meio de comunicação que através do formato de revista e audiovisual na internet, progressivamente ampliou o seu raio de ação junto das comunidades portuguesas espalhadas pelos quatro cantos do mundo.

Para esse contexto, muito contribui uma das suas iniciativas mais emblemáticas, mormente o prémio “Portugueses de Valor”, que tem o Alto Patrocínio do Presidente da República, e demanda valorizar anualmente 100 portugueses que se encontram espalhados pelo mundo, cujo percurso profissional, pessoal ou associativo se tem destacado em prol das comunidades portuguesas. Sendo que 10 desses compatriotas são premiados numa sessão pública no âmbito do seu percurso excecional nas áreas empresariais, solidárias, culturais ou políticas.

A iniciativa, que vai já na sua 12.ª edição, realizou-se recentemente na região de Lisboa, tendo os vários emigrantes e lusodescendentes sido recebidos na tarde de 11 de maio, no Museu Nacional dos Coches, um espaço singular que possui uma das mais importantes coleções, a nível mundial, de coches e carruagens reais do séc. XVI ao séc. XIX, pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

A ação e memória de Lídia Sales em prol das comunidades portuguesas, foram singelamente evocadas e distinguidas pelo mais alto magistrado da Nação, que no dia 24 de maio condecorou a diretora da Lusopress, a título póstumo, com a Medalha da Ordem de Mérito. Uma ordem honorífica portuguesa que visa distinguir atos ou serviços meritórios que revelem abnegação em favor da coletividade, praticados no exercício de quaisquer funções, públicas ou privadas.

No decorrer da cerimónia no Palácio de Belém, em que o chefe de Estado entregou a distinção ao marido José Gomes de Sá, que tinha sido condecorado no ano transato na Embaixada de Portugal em Paris com a mesma ordem honorífica, Marcelo Rebelo de Sousa, destacou que Lídia Sales “dedicou toda a sua vida à descoberta de novos mundos e fez amigos em todas as regiões por onde passou. Foi o pilar da Lusopress, o grande projeto de vida do casal Gomes de Sá”.

 

 

domingo, 14 de maio de 2023

Daniel Bastos apresentou livro dedicado às comunidades portuguesas em Toronto

 No passado dia 13 de maio (sábado), o escritor e historiador Daniel Bastos apresentou em Toronto, metrópole onde vive a maioria dos mais de 500 mil portugueses e lusodescendentes presentes no Canadá, a segunda edição do seu último livro Comunidades, Emigração e Lusofonia”.

O historiador Daniel Bastos (ao centro), no decurso da apresentação do livro “Comunidades – Emigração e Lusofonia” na Galeria dos Pioneiros Portugueses em Toronto, acompanhado do Presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva (de pé), da Socióloga das Migrações, Maria Beatriz – Rocha Trindade, e do Comendador Manuel DaCosta


A segunda edição da obra, agora revista e aumentada, que reúne as crónicas que o historiador tem escrito nos últimos anos na imprensa de língua portuguesa no mundo, foi apresentada na Galeria dos Pioneiros Portugueses em Toronto, no âmbito das celebrações oficiais dos 70 anos da emigração portuguesa para o Canadá.

A sessão de apresentação, que encheu o espaço museológico de emigrantes, lusodescendentes, empresários, dirigentes associativos, autoridades consulares e órgãos de informação da diáspora. E contou com a presença dos representes oficiais do governo português, Augusto Santos Silva, Presidente da Assembleia da República, Paulo Cafôfo, Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, e António Leão Rocha, Embaixador de Portugal no Canadá, esteve a cargo de Maria Beatriz Rocha-Trindade, Presidente da Comissão de Migrações da Sociedade de Geografia de Lisboa, e do Comendador Manuel DaCosta, um dos mais ativos e beneméritos empresários portugueses em Toronto.

Nesta última obra, o escritor revela o empreendedorismo, as contrariedades, a resiliência e a solidariedade das comunidades portuguesas, a riqueza do seu movimento associativo, e as enormes potencialidades culturais, económicas e políticas que as mesmas representam. Como é caso da comunidade luso-canadiana, que se destaca atualmente na América do Norte pela sua dinâmica associativa, económica e sociopolítica, e cujas raízes remontam a um grupo pioneiro de emigrantes portugueses que desembarcaram a 13 de maio de 1953, em Halifax, na Nova Escócia.

 

Refira-se que a totalidade das receitas da venda dos livros que esgotaram rapidamente, reverteram a favor da Magellan Community Foundation, uma instituição responsável pela construção em Toronto, do primeiro lar de cuidados a longo termo para idosos de expressão portuguesa, com 350 camas.

Professor e autor de vários livros que retratam a história da emigração, Daniel Bastos, cujos apresentadores da obra em Toronto confluíram no papel que o mesmo tem desempenhado ao longo dos últimos anos na “promoção e valorização das comunidades portuguesas espalhadas um pouco por todo o mundo”, é atualmente consultor do Museu das Migrações e das Comunidades, e da rede museológica virtual das comunidades portuguesas, instituída pela Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas.

 







Créditos fotográficos - José A. Rodrigues 

segunda-feira, 8 de maio de 2023

João Álvares Fagundes: o pioneiro da presença portuguesa no Canadá

 

A poucos dias de se assinalar os 70 anos da emigração portuguesa no Canadá, alicerçados no legado histórico do grupo cabouqueiro de emigrantes portugueses que desembarcaram a 13 de maio de 1953, em Halifax, na Nova Escócia, e que constituem os pioneiros do mais de meio milhão de luso-canadianos que vivem e trabalham atualmente no segundo maior país do mundo em área total, adquire particular  simbolismo rememorar as raízes mais remotas da presença regular de portugueses neste território da América do Norte.

Raízes mais remotas, que remontam ao alvorecer do séc. XVI, à epopeia dos descobrimentos marítimos, mais concretamente à figura do intrépido navegador João Álvares Fagundes, conhecido como um dos primeiros exploradores da Terra Nova, a província mais ao leste do Canadá, no Atlântico Norte, e uma importante zona de pesca do bacalhau.

Natural de Viana do Castelo, onde terá nascido por volta de 1470, e onde se encontra sepultado, na Sé Catedral, a João Álvares Fagundes deve-se o reconhecimento de parte das costas do nordeste americano, naquelas que são hoje as províncias marítimas canadianas da Nova Escócia, e da Terra Nova e Labrador.

Estando até aos dias de hoje em constante debate a temática histórica das navegações no séc. XVI nos mares setentrionais da América, a historiografia tem confluído, como alude Damião Peres, que ao navegador vianense “se deve atribuir a exploração das costas austrais da Terra Nova, bem como o descobrimento e exploração do golfo de São Lourenço e ilhas afins. Um alvará de D. Manuel I, datado de 1521, fez-lhe doação da capitania dessas terras, dizendo-as descobertas por ele”.

É no entrecho deste legado histórico que se encontra o fundamento da existência em Halifax, na Nova Escócia, província no oeste do Canadá que acolhe hodiernamente uma comunidade de cerca de 4 mil luso-canadianos, de um monumento comemorativo da expedição quinhentista com a inscrição “Portuguese Explorer * 1520 * Alvares Fagundes”.

Neste sentido, e a poucos dias de se assinalar os 70 anos da emigração portuguesa no Canadá, reviver a figura histórica e lendária de João Álvares Fagundes, é na linha do passado remoto da presença portuguesa no território canadiano, essencialmente um sinal de confiança na construção do presente e futuro da comunidade lusa no Canadá.

 Uma das mais relevantes comunidades lusas na América do Norte, que se destaca pela dinâmica da sua atividade associativa, económica e sociopolítica, tanto que como reiteradamente tem destacado Justin Trudeau, primeiro-ministro do Canadá: “A cultura portuguesa está presente nas nossas vilas e cidades de diversas formas, com valores tradicionais de família, trabalho árduo e paixão pelo futebol. Os luso-canadianos são a chave da explicação do Canadá de hoje”.

domingo, 7 de maio de 2023

Orlando Pompeu expõe na Suíça

Entre os meses de maio e junho, o mestre-pintor Orlando Pompeu, detentor de uma obra que está representada em variadas coleções particulares e oficiais em Portugal, Espanha, França, Inglaterra, Brasil, Canadá, Estados Unidos, Dubai e Japão, inaugura três exposições individuais de obras de arte na Suíça.



No decurso da presença no território helvético, Orlando Pompeu inaugura a 17 de maio, na Galeria Nova, na Fundação Pro Ronco, em Ascona, no Cantão de Ticino; e no dia 18 de maio, no Hotel Casa Berno, junto ao lago alpino Maggiore, uma coleção expressiva de aquarelas sobre papel num estilo pictórico heterogéneo, criativo e contemporâneo.

 

No dia 15 de junho, na Galeria 111, uma galeria de arte na cidade de Zurique, um conjunto significativo de obras conceptuais, reveladoras da singular criatividade e talento de um dos mais conceituados artistas plásticos portugueses da atualidade.

 

Com uma carreira de quase quarenta anos, bem como um currículo nacional e internacional ímpar, Orlando Pompeu nasceu no concelho minhoto de Fafe. Estudou desenho, pintura e escultura em Barcelona, Porto e Paris, e nos anos 90 progrediu no seu percurso artístico ao ir trabalhar para os Estados Unidos da América, onde expôs na Galeria Eight Four, em Nova Iorque, e depois, Japão, tendo exposto na TIAS – Tokio International Art Show e na Galeria Garou Monogatari em Tóquio. No ano transato foi distinguido em Paris, com o Diploma de Membro e a Medalha de Bronze da Academia Francesa das Artes, Ciências e Letras.