Morgado de Fafe

O Morgado de Fafe, personagem literária consagrada na obra camiliana, demanda uma atitude proativa perante o mundo. A figura do rústico morgado minhoto marcada pela dignidade, honestidade, simplicidade e capacidade de trabalho, assume uma contemporaneidade premente. Nesse sentido este espaço na blogosfera pretende ser uma plataforma de promoção de valores, de conhecimento e de divulgação dos trabalhos, actividades e percurso do escritor, historiador e professor minhoto, natural de Fafe, Daniel Bastos.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Passado, presente e futuro do movimento associativo das comunidades portuguesas

 

O movimento associativo das comunidades portuguesas constitui um dos mais importantes elos de ligação dos milhões de compatriotas disseminados pelo estrageiro à língua, cultura, história e memória da pátria de origem, e simultaneamente uma das marcas mais expressivas da sua inserção nas pátrias de acolhimento.

Espaços privilegiados de cultura e participação cívica, as associações das comunidades portuguesas são a argamassa identitária que une a diáspora, e por isso mesmo, as mais genuínas embaixadoras de Portugal no mundo.

Nestes últimos dois anos marcados pela pandemia, contexto que mudou radicalmente o quotidiano das sociedades, o movimento associativo das comunidades lusas enfrenta grandes desafios. Este cenário foi recentemente abordado por um dos mais destacados dirigentes associativos da comunidade portuguesa na América, Jack Costa, o mais jovem presidente na história do Sport Club Português (SCP), em Newark, Nova Jérsia, coletividade que neste ano que agora finda comemorou o seu centenário, e foi condecorada com a Ordem do Mérito pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Em declarações à imprensa luso-americana, o atual vice-presidente da mesa da Assembleia Geral do SCP, fez uma radiografia completa sobre o passado, presente e futuro do meio associativo em Newark, e que é extensível, às demais associações espalhadas pelas comunidades portuguesas. Desde logo, reconheceu a dificuldade em “comemorar o centenário em pandemia”, cenário que um pouco por toda a geografia da diáspora, tem entravado a realização de eventos e iniciativas, que em muitos casos garantem a obtenção de receitas que permitem custear o normal funcionamento das associações, como seja o pagamento da água, luz, rendas dos espaços ou a sua manutenção.

Perspetivando o futuro do movimento associativo em Newark, Jack Costa, assumiu “olhar com um misto de preocupação e motivação. Preocupação por notar que cada vez é menor o número de pessoas que se dedicam às associações”. Uma problemática, que é inclusive anterior à pandemia, e que começa a alastrar no meio associativo das comunidades portuguesas, mormente, o envelhecimento dos seus quadros dirigentes, da maioria dos seus associados e da escassa participação dos lusodescendentes.

É nesse sentido, que o dirigente associativo luso-americano, defende que “vamos ter seriamente de parar para pensar no futuro das associações portuguesas”, sendo que os clubes devem “reinventarem-se para voltar a atrair as pessoas da minha geração e até mesmo as seguintes, porque quem sustenta o movimento associativo está a chegar à idade da reforma e é preciso sangue novo”.

Assim como, adotar um novo modelo de atuação e organização das associações, que em muitos casos, poderá passar por um paradigma de partilha de uma “casa comum”, capaz de reunir num só espaço com dignidade e dimensão a valiosa argamassa identitária das comunidades portuguesas. Nas palavras do mesmo “com bairrismos, não se vai lá. A única luz no fundo do túnel é a junção de muitas associações numa só onde todos tenham espaço. Só que muita gente não quer falar nisso, mas o tempo urge”.

Na esteira do olhar radiográfico de Jack Costa, e alargando o seu campo de visão a toda a geografia da diáspora, é condição “sine qua non” que o movimento associativo das comunidades portuguesas seja capaz de congregar sinergias e diluir divergências. De modo, a potenciar o coletivo, a união, e os cada vez mais parcos recursos humanos e financeiros que existem no movimento associativo em prol da cultura lusa.

Que esta união e solidariedade seja a incessante bandeira das comunidades portuguesas, em particular, do seu movimento associativo, e que esta seja a desígnio que nos oriente nestes tempos desafiantes no rumo da alegria, da saúde e de um próspero ano novo.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Fundação Nova Era Jean Pina ofereceu Cabazes de Natal a estudantes da Escola Profissional de Fafe

 

A Fundação Nova Era Jean Pina, uma organização presidida pelo empresário benemérito luso-francês, João Pina, administrador do Grupo Pina Jean, sediado nos arredores de Paris, que tem estreitado os laços de cooperação com várias instituições de concelho de Fafe, ofereceu na passada terça-feira (21 de dezembro), Cabazes de Natal aos estudantes em maior situação de vulnerabilidade da Escola Profissional de Fafe.

 

O historiador fafense Daniel Bastos, embaixador da Fundação Nova Era Jean Pina junto das comunidades portuguesas e do território nacional, e que tem intermediado a chegada de diversos bens a instituições do concelho, na Escola Profissional de Fafe, acompanhado de Hernâni Costa, presidente da Associação Empresarial de Fafe, Cabeceiras de Basto e Celorico de Basto, e das Diretoras Executiva e Pedagógica, Alice Soares e Natália Magalhães

 

A iniciativa, organizada em colaboração com a Associação Empresarial de Fafe, Cabeceiras de Basto e Celorico de Basto, entidade responsável pela instituição de educativa numa vertente profissional e que constitui uma mais-valia na oferta formativa de ensino secundário no concelho de Fafe, teve como principal desígnio oferecer mais alegria e alento ao lar das famílias destes estudantes durante a quadra natalícia.

Refira-se que a instituição luso-francesa ao longo dos últimos anos tem apoiado quer na Diáspora, como em Portugal, o desenvolvimento de projetos de solidariedade em prol de diversas associações de cariz social, e que os custos de transporte dos produtos que chegaram provenientes de França foram suportados pela Transnós, uma empresa fafense especializada no transporte, armazenagem, logística e distribuição de mercadorias.



 

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

Solidariedade: a estrela de Natal das comunidades portuguesas

 

Natal é a festa por excelência da família, da paz, do amor, da alegria, da solidariedade e da esperança num futuro melhor, que este ano a humanidade aguarda com redobrada expectativa que marque o fim da malfadada pandemia de coronavírus.

Uma pandemia que tem acarretado nas sociedades efeitos assoladores no campo socioeconómico, espelhados em inúmeras vítimas e casos de infeção, assim como persistentes medidas de confinamento que entrevam a economia e o retomar da normalidade.

Disseminadas pelos quatro cantos do mundo, as comunidades portuguesas, a mais autêntica e consistente manifestação lusa além-fonteiras, não estão imunes a estes efeitos que alteram transversalmente o nosso quotidiano e rotinas.

Efeitos que ao longo dos últimos dois anos foram responsáveis pelo cancelamento ou adiamento de vários eventos e iniciativas que integram os planos anuais de atividades do movimento associativo das comunidades portuguesas, e que são em muitos casos essenciais para obter receitas que permitam financiarem o seu normal funcionamento. Assim como, pelo assomar de situações de precariedade, perda de rendimentos, desemprego e ameaça de insegurança económica no seio de diversos agregados de emigrantes portugueses.

Mas nestes tempos difíceis, as comunidades portuguesas têm demonstrado um enorme espírito de solidariedade (um dos, senão mesmo, o mais importante valor que nos humanizam e dão sentido ao Natal), apoiando quer os nossos concidadãos no estrangeiro, assim como os portugueses residentes no território nacional.

Um desses exemplos de solidariedade foi dinamizado no decurso desta quadra natalícia pela Fundação Nova Era Jean Pina, uma instituição presidida pelo empresário benemérito luso-francês, João Pina, administrador do Grupo Pina Jean, sediado nos arredores de Paris, que além de distribuir inúmeros produtos junto de instituições e agregados desfavorecidos em Portugal e França. Ofereceu, através da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, e da Federação Iberoamericana de Luso Descendentes, duas centenas de cabazes de Natal a famílias portuguesas e lusodescendentes residentes na Venezuela, segunda maior comunidade lusa na América Latina, a seguir ao Brasil, que nestes tempos desafiantes vive com graves dificuldades.

Na mesma esteira, no alvorecer deste mês a Academia do Bacalhau de Paris dinamizou a campanha “Roupa sem Fronteiras, recolhendo no seio da comunidade portuguesa da região parisiense, grandes quantidades de roupas, calçado e brinquedos que foram encaminhados para o Gabinete da Ação Social da Câmara Municipal de Viana do Castelo, para a Associação CPCJ de Cabeceiras de Basto, e para a Emmaüs, em França.

Na América do Norte, mais concretamente em Toronto, onde vive a maioria dos mais de meio milhão de compatriotas e lusodescendentes presentes no Canadá, tem vindo a ser dinamizado neste período marcado pela pandemia um dos mais salientes projetos de cariz solidário no seio diáspora. Designadamente, a construção a breve prazo de um centro, orçado em vários milhões de dólares, capaz de acolher mais de duas centenas de idosos, especialmente direcionado para a comunidade portuguesa.

Este projeto, há muito ambicionado pelos emigrantes lusos na maior cidade canadiana, está a ser dinamizado pela Magellen Community Charities (Instituição de Caridade Comunitária Magalhães). Uma organização sem fins lucrativos, em homenagem ao navegador português, que através da colaboração do poder politico e da solidariedade da comunidade luso-canadiana, pretende construir um lar culturalmente específico que terá que cumprir as seguintes condições: profissionais de saúde que falem português; atividades cultural e espiritualmente desenvolvidas em ambiente cultural sensível; promoção de programas sociais e recreativos em português e alimentação que deve incluir pratos tradicionais.

Como assinalou no início da apresentação pública do projeto, o comendador Manuel DaCosta, um dos mais ativos e beneméritos empresários portugueses em Toronto, e um dos diretores da Magellen Community Charities, é importante que a comunidade portuguesa esteja envolvida no projeto pela “oportunidade única, estamos empenhados para que tenha sucesso e para que toda a comunidade se envolva”.

Estes exemplos inspiradores de solidariedade, e muitos outros que estão atualmente a serem dinamizados no seio das comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo, reforçam que mesmo em tempos de pandemia, a solidariedade é a estrela de Natal das comunidades portuguesas.

Que a solidariedade que emana das comunidades portugueses nos irmane a todos a tornar o mundo um lugar melhor, e nos inspire uma Feliz Quadra Natalícia e um Próspero Ano Novo.