Morgado de Fafe

O Morgado de Fafe, personagem literária consagrada na obra camiliana, demanda uma atitude proativa perante o mundo. A figura do rústico morgado minhoto marcada pela dignidade, honestidade, simplicidade e capacidade de trabalho, assume uma contemporaneidade premente. Nesse sentido este espaço na blogosfera pretende ser uma plataforma de promoção de valores, de conhecimento e de divulgação dos trabalhos, actividades e percurso do escritor, historiador e professor minhoto, natural de Fafe, Daniel Bastos.

domingo, 29 de novembro de 2020

A memória da emigração nos espaços museológicos das comunidades portuguesas

 

A dimensão e impacto da emigração no país, nas palavras abalizadas de Vitorino Magalhães Godinho, uma “constante estrutural da demografia portuguesa, têm impelido a construção nas últimas décadas, no seio dos territórios municipais, de vários núcleos museológicos dedicados à salvaguarda da memória do processo histórico do fenómeno migratório nacional.

É o caso, por exemplo, do Museu das Migrações e das Comunidades, sediado em Fafe, o Espaço Memória e Fronteira, localizado em Melgaço, e do Museu da Emigração Açoriana, instalado na Ribeira Grande, que têm prestado um serviço público de grande relevância na dinamização da memória da emigração portuguesa.

A grande relevância do fenómeno migratório nacional e a importante função destes núcleos museológicos locais concorrem diretamente para que o projeto do futuro Museu Nacional da Emigração, cuja criação foi aprovada, como recomendação, pela Assembleia da República, a 27 de outubro de 2017, e cuja construção que teima em não sair do papel está prevista desde 2018 em Matosinhos, pressuponha uma estratégia cultural em rede.

Uma vindoura estratégia cultural em rede que não pode olvidar a existência de outros relevantes espaços museológicos que têm sido construídos ao longo dos últimos anos por portugueses no estrangeiro, comummente figuras gradas das comunidades lusas, e que tal como no território nacional desempenham um papel valioso na perpetuação da memória da emigração portuguesa.

É o caso, por exemplo, da Galeria dos Pioneiros Portugueses, um espaço museológico em Toronto, impulsionado no presente pelo comendador Manuel DaCosta, um dos mais ativos e beneméritos empresários luso-canadianos, que se dedica à dinamização do legado dos pioneiros da emigração portuguesa para o Canadá. Nação da América do Norte onde vive e trabalha uma das maiores comunidades de emigrantes portugueses, e que se destaca atualmente pela sua perfeita integração, inegável empreendedorismo e relevante papel económico e sociopolítico.



O historiador Daniel Bastos (esq.), cujo percurso tem sido alicerçado no seio das Comunidades Portuguesas, acompanhado em 2016 do comendador Manuel DaCosta (dir.) na Galeria dos Pioneiros Portugueses, no âmbito de uma conferência sobre a Emigração Portuguesa

 

Ainda na esteira museológica sobre o fenómeno migratório no seio das comunidades lusas destaca-se o Museu da Imigração, em Lausanne, na Suíça, um dos principais destinos da emigração portuguesa, como comprovam os mais de 200 mil lusos que vivem e trabalham no território helvético. Fundado em 2005 pelo português Ernesto Ricou, artista plástico e professor de História de Arte reformado, o Museu da Imigração, considerado o mais pequeno da Suíça, procura desde então salvaguardar as memórias ligadas à migração.

Na mesma linha, sobressai desde o final do séc. XX o Museu Etnográfico Português em Sydney, na Austrália, inaugurado por um grupo de voluntários que têm procurado manter viva a identidade cultural da comunidade luso-australiana, cujas raízes remontam à segunda metade do séc. XX, e que é constituída atualmente por cerca de 55 mil portugueses disseminados por metrópoles como Perth, Melbourne ou Sydney.

Estes exemplos museológicos, e outros que se encontram ou possam vir a ser projetados no seio das comunidades lusas espalhadas pelos quatro cantos do mundo, enquanto valiosos espaços de perpetuação da memória e das histórias da emigração portuguesa, merecem a admiração e reconhecimento do país, e não podem deixar de integrar o trabalho em rede do futuro Museu Nacional da Emigração.

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Neste Natal ofereça um livro!

 

Está sem ideias para presentes de Natal? Então aceite mais uma sugestão, ofereça um livro que é um ótimo presente, como por exemplo o livro: "Terra". Uma edição poética bilingue (português e francês), prefaciada pelo consagrado fotógrafo e poeta Gérald Bloncourt, e ilustrada pelo conceituado mestre-pintor Orlando Pompeu, cuja obra consta de variadas coleções particulares e oficiais em Portugal, Espanha, França, Alemanha, Inglaterra, Brasil, Canadá, Estados Unidos, Japão e Dubai.
 

Pode adquirir a obra nas livrarias de referência, ou receba comodamente por via postal em casa, bastando que nos forneça o nome da pessoa a quem se destina e a forma de pagamento.
 
Votos de uma Feliz Quadra Natalícia.




 

sábado, 21 de novembro de 2020

Neste Natal ofereça um livro!

 

Está sem ideias para presentes de Natal? Então aceite mais uma sugestão, ofereça um livro que é um ótimo presente, como por exemplo o livro: "Terras de Monte Longo". Uma edição trilingue (português, inglês e francês), prefaciada pelo consagrado fotógrafo franco-haitiano Gérald Bloncourt e concebida a partir do espólio de um dos mais aclamados fotógrafos portugueses da sua geração, José de Andrade, que nos anos 70 captou imagens até aqui inéditas no interior Norte de Portugal.

 



Pode adquirir a obra nas livrarias de referência, ou receba comodamente por via postal em casa, bastando que nos forneça o nome da pessoa a quem se destina e a forma de pagamento.

 

Votos de uma Feliz Quadra Natalícia.



 

 

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

O projeto do futuro Museu da Emigração de Cabo Verde

 

Há sensivelmente um mês, o Instituto do Património Cultural (IPC) de Cabo Verde, que tem por missão a identificação, inventariação, investigação, salvaguarda, defesa e divulgação dos valores do património cultural, móvel e imóvel, material e imaterial da nação insular, antiga colónia portuguesa, localizada perto da corta noroeste de África, apresentou virtualmente o projeto do futuro Museu da Emigração de Cabo Verde.

A iniciativa, que visa a preservação e valorização da identidade cultural do arquipélago, formado por dez ilhas vulcânicas na região central do Oceano Atlântico, através de um espaço museológico que permita perpetuar e salvaguardar todo o processo histórico da emigração cabo-verdiana, constitui no âmbito da cultura lusófona uma excelente notícia e um projeto estruturante. Pois como assinalam os responsáveis do IPC, Cabo Verde é “historicamente desde a sua génese um país de emigração, migração interna entre as ilhas, emigração para o estrangeiro”, como seja, a emigração para o continente africano, como por exemplo, para outras antigas colónias lusas, designadamente São Tomé e Angola, e para vários países europeus, mormente para Portugal.

Na esteira das palavras do antropólogo Gaudino Cardoso, Cabo Verde, cuja metade da população vive fora do país, consequência da escassez de recursos naturais e da pobreza económica do território insular, constitui “Avenidas de Comunicação com o resto do Mundo”.

Uma “avenida de comunicação” que no caso concreto de Portugal contribui para que a comunidade cabo-verdiana seja atualmente uma das comunidades imigrantes mais representativas. No início deste século estimava-se que havia 83 000 descendentes ou originários de Cabo Verde a residirem no território nacional, dos quais 90% na Grande Lisboa. Como sustenta Sandra Maria Moreira Cabral da Veiga, na tese Os Emigrantes cabo-verdianos em Portugal: Identidade construída, os cabo-verdianos “constituem o grupo contemporâneo de emigrantes com níveis de consolidação mais significativos no contexto da sociedade portuguesa” e são “uma das mais importantes comunidades de emigrantes em Portugal, quer em termos numéricos, quer históricos”.

Futuro polo dinamizador das profundas relações históricas e culturais da nação cabo-verdiana com a pátria lusa e o mundo lusófono, o recente anúncio da criação do Museu da Emigração de Cabo Verde pode ter igualmente o condão de despertar em Portugal o adormecido projeto do Museu Nacional da Emigração, cuja criação foi aprovada, como recomendação, pela Assembleia da República, a 27 de outubro de 2017, e cuja construção está prevista desde 2018 em Matosinhos.  

Um projeto, há muito ambicionado pelas comunidades portuguesas espalhadas pelos quatro cantos do mundo, cuja passagem do papel para a realidade peca por tardia, que além de uma perspetiva polinuclear de articulação com vários museus municipais e regionais ligados ao fenómeno migratório, como é o caso por exemplo, do Museu das Migrações e das Comunidades, em Fafe, o Espaço Memória e Fronteira, localizado em Melgaço, e o Museu da Emigração Açoriana, instalado na Ribeira Grande. Deve igualmente, possuir uma dimensão de articulação e cooperação transnacional, não só com outros núcleos museológicos espalhados pelas comunidades portuguesas, como é o caso da Galeria dos Pioneiros Portugueses, um espaço museológico em Toronto, que se dedica à perpetuação da memória e das histórias dos pioneiros da emigração portuguesa para o Canadá, mas também com o mundo lusófono, como é o caso do vindouro Museu da Emigração de Cabo Verde.