Morgado de Fafe

O Morgado de Fafe, personagem literária consagrada na obra camiliana, demanda uma atitude proativa perante o mundo. A figura do rústico morgado minhoto marcada pela dignidade, honestidade, simplicidade e capacidade de trabalho, assume uma contemporaneidade premente. Nesse sentido este espaço na blogosfera pretende ser uma plataforma de promoção de valores, de conhecimento e de divulgação dos trabalhos, actividades e percurso do escritor, historiador e professor minhoto, natural de Fafe, Daniel Bastos.

terça-feira, 28 de março de 2017

A musealização e o ensino da História da Emigração Portuguesa



No decurso do mês de março, a imprensa nacional e lusófona destacou nas páginas dos seus órgãos de informação, a aprovação de uma moção setorial subscrita pelo deputado eleito pelo círculo da Europa, Paulo Pisco, na Comissão Nacional do PS, que aponta para a criação de um Museu Nacional da História da Emigração. Assim como, para a introdução da História da Emigração Portuguesa nos currículos escolares numa abordagem que vá para além das referências às remessas e aos fluxos de saídas para o estrangeiro.

Trata-se de uma proposta meritória do deputado Paulo Pisco, com a qual as comunidades portuguesas, em particular, seguramente se identificam e não deixarão de aspirar que essa sua velha ambição faça caminho até às esferas da decisão política do Governo. 

Sendo o fenómeno migratório uma constante estrutural da história portuguesa, a existência de um espaço que valorize o conhecimento das migrações na diáspora portuguesa é um imperativo nacional, com enormes potencialidades culturais e turísticas. Em abono da verdade, esse projeto e missão encontra-se plasmado desde 2001 no Museu das Migrações e das Comunidades, sediado no concelho de Fafe e criado por iniciativa municipal, no âmbito de relevantes trabalhos dos investigadores Miguel Monteiro e Maria Beatriz Rocha-Trindade, mas que nunca teve o devido reconhecimento dos governos portugueses.

Assim, porque não aproveitar o pioneirismo do Museu das Migrações e das Comunidades para a concretização do desígnio de um Museu Nacional da História da Emigração? Tanto que, por princípios de coesão territorial e identidade histórica, a fundação deste museu tem sentido num território indelevelmente marcado pelo fenómeno da emigração, e não, por exemplo, na capital portuguesa.

No que concerne à introdução da História da Emigração Portuguesa nos currículos escolares, também aqui estou em consonância com o deputado Paulo Pisco. Atualmente esse ensino resume-se a limitadas referências ao longo do sistema educativo, pelo que a sua introdução, como propõe o mesmo, dignificaria “a emigração portuguesa que ainda é vista com estigma e preconceito pela sociedade e pelas instituições”.

domingo, 26 de março de 2017

Bruxelas foi palco de apresentação de livro dedicado à emigração portuguesa

No passado dia 24 de março (sexta-feira), foi apresentado na capital da Europa o livro Gérald Bloncourt – O olhar de compromisso com os filhos dos Grandes Descobridores”.

A obra, concebida pelo historiador português Daniel Bastos a partir do espólio do conhecido fotógrafo que imortalizou a gesta da emigração lusitana para França nos anos 60 e 70, foi apresentada na Embaixada de Portugal em Bruxelas, numa sessão que encheu a Sala Damião de Goes, e que esteve a cargo do editor da Orfeu, Joaquim Pinto da Silva, e da socióloga das migrações Maria Beatriz Rocha – Trindade.
Da esq. para a direita: o historiador Daniel Bastos, a socióloga  Maria Beatriz Rocha-Trindade, o embaixador António Alves Machado, o fotógrafo Gérald Bloncourt e o editor Joaquim Pinto da Silva 

O livro traduzido para português e francês pelo docente Paulo Teixeira, com posfácio da petite portugaise Conceição Tina, e prefaciado pelo reputado pensador Eduardo Lourenço, reúne memórias, testemunhos e mais de centena e meia de fotografias originais da maior importância para a história portuguesa do último meio século. 

No decurso da sessão, que contou com a presença do consagrado fotógrafo, e vários representantes da comunidade e diplomacia portuguesa na capital da Europa, como o Embaixador de Portugal na Bélgica, António Vasco Alves Machado, e a coordenadora da rede de ensino na Bélgica, Carina Gaspar, todos foram unânimes em considerar que as fotografias de Gérald Bloncourt retratam um período marcante da história da emigração portuguesa. Segundo Daniel Bastos, a edição do espólio fotográfico de Gérald Bloncourt constitui “um justo reconhecimento aos protagonistas anónimos da história portuguesa que lutaram aquém e além-fronteiras pelo direito a uma vida melhor e à liberdade”.






















Refira-se que a sessão de apresentação incluiu uma prova de vinho de Porto, um produto emblemático da cultura portuguesa, promovida pela De Wijn Fontein Bvba – A Fonte do Vinho, uma empresa portuguesa sediada na Bélgica que se dedica à distribuição de produtos nacionais. 
  

FOTOGRAFIAS: © Tony Da SIlva | LusoProductions

quinta-feira, 23 de março de 2017

CONVITE - Lançamento de livro sobre a emigração portuguesa em Bruxelas

CONVITE

A (re)construção da figura do emigrante



No início do mês de março, a jornalista Ana Cristina Pereira, que ao longo da carreira se tem debruçado sobre a temática das migrações, e que inclusive no ano passado escreveu o livro "Movimento Perpétuo: História das Migrações Portuguesas", assinou no jornal Público um artigo de referência sobre “A (re)construção da figura do emigrante”.   

Procurando responder às perguntas:Como é que os portugueses residentes em Portugal encaram os portugueses residentes no estrangeiro?”, “Os portugueses residentes no estrangeiro sentem-se apreciados ou depreciados pelos residentes em Portugal?”, “Há um modo de olhar os velhos emigrantes e outro de olhar os novos?” e “ Algo mudou desde que os filhos das classes médias começaram a procurar emprego lá fora?” – a jornalista aborda com mestria as dinâmicas históricas e mais recentes da emigração portuguesa,  confirmando o peso estruturante que o fenómeno continua a ter no país.

Sustentada em abordagens de investigadores da área das migrações, como Elsa Lechner, Albertino Gonçalves, Victor Pereira ou António de Vasconcelos Nogueira, e nas vivências dos conselheiros das comunidades portuguesas, Flávio Alves Martin (Brasil), Nelson Campos (Alemanha), Pedro Rupio (Bélgica), Gabriel Marques (EUA) e Paulo Marques (França), assim como do diretor das publicações Luso Jornal (França e Bélgica), Carlos Pereira, a jornalista evidencia as diferenças entre a nova e a antiga emigração, traçando um perfil do emigrante português que mudou, que já não continua só a trabalhar em profissões não qualificadas no estrangeiro. 

As diferentes experiências, qualificações, proveniências e percursos de vida dos conselheiros das comunidades portuguesas apontados no artigo, são reveladores do papel político, económico, cultural e associativo que estes, conjuntamente com muitos outros compatriotas espalhados pelo Mundo, desempenham no desenvolvimento das suas pátrias de acolhimento e de origem.

Não obstante as comunidades emigrantes assistirem a choques geracionais, e na sociedade portuguesa subsistirem ainda incompreensões sobre a imagem do emigrante, a realidade é que o país continua a ter na emigração uma força motriz da economia. E como afirma Ana Cristina Pereira, “O emigrante já não é só o trabalhador agrícola ou o operário fabril. Pode ser qualquer um”.

quinta-feira, 16 de março de 2017

A estação pública de televisão e as comunidades portuguesas



No início do mês de março assinalaram-se os 60 anos da estação pública de televisão, cuja existência e percurso constitui um elo fundamental na memória de várias gerações de portugueses.

Remontando as emissões regulares da RTP – Rádio Televisão Portuguesa a 7 de março de 1957, data simbólica do seu nascimento, a estação pública de televisão, que atualmente além da televisão espraia-se ainda pela rádio e online, é detentora de uma história e património singular, fruto do seu impacto na vida coletiva dos portugueses, qual janela aberta para o mundo por onde passaram, e continuam a passar, vários acontecimentos e notícias importantes, algumas das séries e programas de referência. 

Na sua missão de serviço público pago pelos contribuintes, e assumindo-se como um instrumento estruturante para o desenvolvimento social, cultural e económico do país, a relação da estação pública de televisão com as comunidades emigrantes e a lusofonia, estende-se preferencialmente através dos canais RTP Internacional e RTP África, além da RDP Internacional, uma rádio de eleição para as comunidades portuguesas e os lusofalantes.

Mesmo ao nível do canal generalista, ou seja, da RTP 1, temos assistido nos últimos anos a uma maior abertura e atenção ao fenómeno da emigração, como é o caso por exemplo, da transmissão desde 2010 da série “Portugueses no Mundo”, que segue compatriotas residentes no estrangeiro, e a sua ligação e quotidiano nos diferentes países de acolhimento. 

Transmitida inicialmente aos sábados em horário nobre, as restantes temporadas foram sujeitas a mudanças do horário e exibição para domingo e quinta-feira, o que é exemplificativo da necessidade de ser atribuído decisivamente às comunidades portuguesas, o seu espaço e devida importância no seio da programação do canal generalista.

A difusão de programação variada e de qualidade sobre as comunidades portuguesas no Mundo, é não só um dever da missão de serviço público que a RTP 1 deve prosseguir, e ajustar à grelha de horário nobre, mas também um requisito necessário para se estabelecer uma ligação efetiva entre Portugal e os cidadãos residentes no estrangeiro.