Morgado de Fafe

O Morgado de Fafe, personagem literária consagrada na obra camiliana, demanda uma atitude proativa perante o mundo. A figura do rústico morgado minhoto marcada pela dignidade, honestidade, simplicidade e capacidade de trabalho, assume uma contemporaneidade premente. Nesse sentido este espaço na blogosfera pretende ser uma plataforma de promoção de valores, de conhecimento e de divulgação dos trabalhos, actividades e percurso do escritor, historiador e professor minhoto, natural de Fafe, Daniel Bastos.

domingo, 16 de fevereiro de 2020

O Festival das Migrações, Culturas e Cidadania


No final deste mês realiza-se uma vez mais, no Grão Ducado do Luxemburgo, um país da Europa Setentrional circundado pela Bélgica a oeste, a França a sul e a Alemanha a leste, uma nova edição do Festival das Migrações, Culturas e Cidadania, que atrai todos os anos milhares de pessoas.

Este ano assinala-se a 37.ª edição desta iniciativa do Comité de Ligação das Associações de Estrangeiros (CLAE), que constitui um ponto de encontro anual dos estrangeiros no Luxemburgo, que representam cerca de metade da população do país. O português é mesmo uma das cinco línguas mais faladas no país depois do francês, luxemburguês e alemão, tanto que em 2015, havia mais de 90.000 portugueses no território, representando 17% da população do Luxemburgo.

Valorizar as culturas e partilhá-las, assim se pode resumir a essência deste evento multicultural que inclui exposições, concertos, encontros literários, projeções de filmes e gastronomia dos quatro cantos do mundo. Na esteira de Jorge de La Barre, sociólogo que se tem interessado pela etnomusicologia, o festival enquanto processo de internacionalização da cultura, acentua a preocupação “de “dar a voz” ao Outro, respeitar as diferenças, as maneiras de ser e de dizer”.

No decurso do festival na LuxExpo no Kirchberg, decorre a 20ª Feira do Livro e o 8.º encontro de culturas e artes contemporâneas, ArtsManif, que, como em edições anteriores, contará com a presença de escritores e artistas dos quatro cantos do mundo, inclusive do espaço lusófono, que têm nestes dias um palco privilegiado para a promoção e divulgação dos seus trabalhos. 

Numa época em que a tentação de construção de muros a separar povos e culturas é grande, onde os populismos parecem ganhar terreno à custa das consequências económicas, da crise de refugiados e de intolerâncias religiosas, o Festival das Migrações, Culturas e Cidadania é uma pedrada no charco que agita as águas, reafirmando a premência da construção de uma cidadania europeia e mundial ativa, assente no primado universal da diversidade cultural, das minorias e dos valores dos direitos humanos.

domingo, 2 de fevereiro de 2020

Açorianos no mundo


No ocaso do ano passado, o presidente do Governo dos Açores, Vasco Cordeiro, anunciou no decurso de um jantar-convívio com a comunidade portuguesa, açoriana e lusodescendente nas Bermudas, um território britânico ultramarino membro da comunidade do Caribe, localizado no Oceano Atlântico, a entrada em vigor da plataforma de recenseamento de açorianos no mundo.

Uma plataforma, implementada no seguimento do projeto do Conselho da Diáspora, que representa uma medida de enorme alcance, dado que se estima que na atualidade cerca de 1,5 milhões de açorianos e seus descendentes residam no estrangeiro. Em particular, no Canadá, Estados Unidos, Brasil e Bermudas, áreas geográficas onde a presença açoriana passará a eleger cerca de dois terços dos 33 elementos que integrarão o Conselho da Diáspora.

Criado, no âmbito do departamento do Governo Regional com competência em matéria de emigração e comunidades, e aprovado por unanimidade pela Assembleia Legislativa Regional, o Conselho da Diáspora Açoriana (CDA), constitui-se como um órgão consultivo do Governo Regional que visa assegurar a participação, a colaboração e a auscultação, dos açorianos no mundo, no projeto de desenvolvimento dos Açores.

Nesse sentido, os açorianos da diáspora que se inscrevam na plataforma passam a ter uma maior interligação e intervenção na realidade sociopolítica de um arquipélago que assinala presentemente 600 anos de história e 400 anos de emigração. E simultaneamente possibilitam às autoridades regionais obter uma radiografia mais precisa da identidade arquipelágica espalhada pelo mundo, e assim incrementar uma nova dinâmica na promoção das inúmeras potencialidades que envolvem o universo da diáspora açoriana.

Ao pretender deste modo aproximar mais os emigrantes e os lusodescendentes do projeto de desenvolvimento do arquipélago, as autoridades regionais reconhecem na esteira das palavras da investigadora Susana Serpa Silva, o papel dos que em «muito contribuíram para o desenvolvimento das ilhas os que partiram sem regressar e os que regressaram também, sem que se possa, no entanto, obliterar o contributo de todos os demais que, por apego ao mundo insular ou por melhor sorte e nível de vida, por cá ficaram e por cá lutaram nesta terra de sonhos adiados e penosamente alcançados”.