Numa
época em que se assiste a um surgimento cada vez maior de obras dedicadas à
temática da emigração portuguesa, sintomático da importância que o fenómeno
assume no país, o ano que agora termina assinalou recentemente o lançamento do
livro Millenials, cidadãos do mundo,
relatos da nova diáspora.
O
livro, de
autoria de Cristiana Lopes, uma emigrante
portuguesa atualmente com 30 anos, natural da Gafanha da
Nazaré, cidade costeira do concelho de Ílhavo, é baseado na experiência que a
licenciada em Gestão pela Universidade de Aveiro empreendeu aos 22 anos. Período
em que Cristiana Lopes, agora a viver e trabalhar em Madrid, em Espanha, realizou
um estágio profissional na Cidade do México, capital densamente
povoada do México, que acabou por ser a sua casa durante cinco anos, e onde conheceu o marido e pai da sua filha.
Ao
longo de mais de 200 páginas, a obra que aborda ainda percursos de outros
jovens lusos espalhados pelo mundo atual, constitui um relato fidedigno dos
desafios e exigências por que passam os novos emigrantes portugueses, isto é,
os membros da Geração Y ou millennials. Um conceito sociológico que
designa aqueles que nasceram entre os anos de 1980 e 2000, e que no caso
português é comummente apontada como a geração mais qualificada de sempre.
As
histórias de vida apresentadas no livro acentuam deste modo as diferenças entre
a nova e a antiga emigração portuguesa. Uma nova emigração engrossada por um cada
vez mais significativo número de quadros com qualificações académicas
superiores, já bastante distante da mundividência dos emigrantes portugueses
que partiam “a salto” ou de mala de cartão das décadas
de 1960-70.
Como
apontava no verão passado a revista semanal Notícias
Magazine, num interessante artigo sobre Os novos
mundos dos emigrantes portugueses, cada vez mais “qualificada, mais bem preparada, com
novas ferramentas, outra mentalidade. Sempre conectada aos seus e ao país. A
emigração portuguesa está a mudar. Anda pelo Mundo, não se acomoda, cria
oportunidades, não se move pela fortuna, parte pelas experiências e pelo
enriquecimento pessoal e profissional. Não é escrava do trabalho, aproveita a
vida. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”.