Morgado de Fafe

O Morgado de Fafe, personagem literária consagrada na obra camiliana, demanda uma atitude proativa perante o mundo. A figura do rústico morgado minhoto marcada pela dignidade, honestidade, simplicidade e capacidade de trabalho, assume uma contemporaneidade premente. Nesse sentido este espaço na blogosfera pretende ser uma plataforma de promoção de valores, de conhecimento e de divulgação dos trabalhos, actividades e percurso do escritor, historiador e professor minhoto, natural de Fafe, Daniel Bastos.

terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Millenials, cidadãos do mundo, relatos da nova diáspora


Numa época em que se assiste a um surgimento cada vez maior de obras dedicadas à temática da emigração portuguesa, sintomático da importância que o fenómeno assume no país, o ano que agora termina assinalou recentemente o lançamento do livro Millenials, cidadãos do mundo, relatos da nova diáspora.

O livro, de autoria de Cristiana Lopes, uma emigrante portuguesa atualmente com 30 anos, natural da Gafanha da Nazaré, cidade costeira do concelho de Ílhavo, é baseado na experiência que a licenciada em Gestão pela Universidade de Aveiro empreendeu aos 22 anos. Período em que Cristiana Lopes, agora a viver e trabalhar em Madrid, em Espanha, realizou um estágio profissional na Cidade do México, capital densamente povoada do México, que acabou por ser a sua casa durante cinco anos, e onde conheceu o marido e pai da sua filha.

Ao longo de mais de 200 páginas, a obra que aborda ainda percursos de outros jovens lusos espalhados pelo mundo atual, constitui um relato fidedigno dos desafios e exigências por que passam os novos emigrantes portugueses, isto é, os membros da Geração Y ou millennials. Um conceito sociológico que designa aqueles que nasceram entre os anos de 1980 e 2000, e que no caso português é comummente apontada como a geração mais qualificada de sempre.

As histórias de vida apresentadas no livro acentuam deste modo as diferenças entre a nova e a antiga emigração portuguesa. Uma nova emigração engrossada por um cada vez mais significativo número de quadros com qualificações académicas superiores, já bastante distante da mundividência dos emigrantes portugueses que partiam “a salto” ou de mala de cartão das décadas de 1960-70.

Como apontava no verão passado a revista semanal Notícias Magazine, num interessante artigo sobre Os novos mundos dos emigrantes portugueses, cada vez mais “qualificada, mais bem preparada, com novas ferramentas, outra mentalidade. Sempre conectada aos seus e ao país. A emigração portuguesa está a mudar. Anda pelo Mundo, não se acomoda, cria oportunidades, não se move pela fortuna, parte pelas experiências e pelo enriquecimento pessoal e profissional. Não é escrava do trabalho, aproveita a vida. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”.

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

A (re)construção da identidade dos lusodescendentes


Em cena desde 21 de novembro, o musical “Fado – A Música mais Triste do Mundo”, uma peça composta pela dramaturga Elaine Ávila, professora de teatro do Douglas College em Vancouver, na costa oeste do Canadá, que retrata as barreiras linguísticas e culturais dos lusodescendentes, despediu-se no final da semana passada do palco do Firehall Arts Centre, localizado na mesma metrópole.

Segundo informações veiculadas pela dramaturga, filha de emigrantes açorianos, à imprensa, a peça teatral foi inspirada em histórias de vida de membros da comunidade portuguesa em Vancouver. Nomeadamente associados do Centro Cultural Português de Burnaby, na Colúmbia Britânica, a província mais ocidental do Canadá, onde se estima que vivam aproximadamente 35 mil portugueses e lusodescendentes.

Histórias de vida, nas palavras da luso-canadiana, de quem por exemplo, com “14 anos saiu de casa e veio trabalhar para o Canadá atravessando meio oceano, ou que viram pela primeira vez neve, que foi como que flores a caírem do céu”. Assim como, da sua própria trajetória de vida, testemunhando a mesma que quando “imigramos para um novo país, todos nós corremos o perigo de perdermos a nossa cultura, a própria língua, o que me aconteceu nos Estados Unidos, pois há muita pressão de fingirmos que não somos portugueses”.

Num país tão fortemente marcado pelo fenómeno migratório, tanto que se encontrarão na atualidade cerca de 5 milhões de portugueses e lusodescendentes espalhados pelos quatro cantos do mundo, a problemática da (re)construção da identidade dos lusodescendentes tem captado nos últimos anos a atenção de vários especialistas sobre a emigração lusa, alguns deles provenientes inclusive do espaço da lusodescendência.

Um desses exemplos paradigmáticos encontra-se vertido na tese de doutoramento da socióloga Heidi Martins. Nascida na Suíça e filha emigrantes de transmontanos, a lusodescendente concluiu o seu grau académico na Universidade do Luxemburgo, uma instituição de ensino superior de investigação multilingue e de foco internacional, com um trabalho dedicado à questão de identidade e sentimentos de pertença de filhos de emigrantes portugueses no Grão-Ducado. Nação europeia, onde os filhos da pátria de Camões são a comunidade estrangeira mais numerosa, contabilizando sensivelmente 95 mil pessoas, ou seja, cerca de 15% da população total.

sábado, 14 de dezembro de 2019

Orlando Pompeu inaugurou exposição em Guimarães


No passado sábado (14 de dezembro) o mestre-pintor Orlando Pompeu inaugurou em Guimarães, na Galeria G.40 do Hotel Mestre de Avis, uma unidade hoteleira no centro da cidade berço, integrada no território classificado pela UNESCO, a exposição “Pompeu em Baden-Baden”.
 
LEGENDA - O mestre-pintor Orlando Pompeu (esq.), na inauguração da nova exposição em Guimarães, acompanhado da colecionadora e proprietária da Galeria G.40 no Hotel Mestre de Avis, Maria Rosa Roeder, e do historiador Daniel Bastos, curador do artista plástico nas Comunidades Portuguesas
A inauguração da exposição de um dos mais conceituados artistas plásticos portugueses da atualidade, detentor de uma obra que está representada em variadas coleções particulares e oficiais em Portugal, Espanha, França, Inglaterra, Brasil, Estados Unidos, Dubai, Japão, Canadá e Alemanha, encheu-se de amigos, admiradores e colecionadores do pintor de referência nacional e internacional. 

Esta nova exposição, uma vez mais marcada por uma notável e singular criatividade e contemporaneidade, é resultado da residência artística que o mestre-pintor realizou recentemente na Alemanha, nação europeia onde teve patente uma exposição de sua autoria durante um mês e meio na cidade de Estugarda.

Refira-se que a exposição, que computou um prelúdio musical abrilhantado pela violonista polaca Malgorzata Markowska, estará patente ao público até ao dia 15 de março de 2020, durante o período normal de funcionamento da unidade hoteleira.

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

IMLus, uma plataforma de promoção da Lusofonia


O Instituto do Mundo Lusófono (IMLus), criado em finais de 2015 na Universidade Sorbonne, em Paris, uma das mais prestigiadas instituições académicas internacionais, e publicamente apresentado no primeiro Congresso da Lusofonia e da Francofonia, que decorreu no termo de 2017 na capital francesa, procura assumir-se como uma relevante plataforma de promoção da Lusofonia.

A missão do organismo independente, presidido por Isabelle de Oliveira, Professora titular de Ciências da Linguagem na Universidade Sorbonne, que lançou no mês passado em Portugal o seu novo livro O Devir da Lusofonia, prefaciado pelo nonagenário sociólogo francês Edgar Morin, um dos principais pensadores da contemporaneidade, passa por impulsionar, dinamizar e apoiar as ações que promovam a afirmação da língua portuguesa, bem como das comunidades lusófonas, em cooperação com as outras línguas e áreas linguísticas.

Esta visão e valores do IMLus ganham ainda maior relevância se considerarmos que a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), oficializou recentemente o 5 de Maio como Dia Mundial da Língua Portuguesa. Idioma que é atualmente, com mais de 250 milhões de falantes, um dos mais faladas do mundo, com particular destaque nos estados-membros que compõem a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP): Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.

Foi esta visão e valores alicerçados na cultura de língua portuguesa, que impulsionou o Instituto do Mundo Lusófono a organizar no início deste ano, em Paris, a gala Prémios da Lusofonia 2018, com o propósito de distinguir cerca de duas dezenas de personalidades lusófonas em áreas ligadas às artes, ao jornalismo e ao mundo empresarial. Personalidades lusófonas como o maestro Álvaro Cassuto, o escritor Mia Couto, o arquiteto Álvaro Siza Vieira ou o ator Lima Duarte, que foram homenageados com o prémio Percurso de Exceção. 

Visão e valores que estão igualmente na base do próximo projeto do Instituto do Mundo Lusófono, mormente a edificação de uma escola na Guiné-Bissau, em articulação com Diogo Lacerda Machado, presidente do Conselho de Administração do BAO - Banco da África Ocidental, que estará à frente da iniciativa, liderando a angariação de fundos.