Segundo
dados recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE), o ano de 2017 assinalou
em Portugal uma diminuição do fluxo emigratório, expressa na saída de 31 mil e 753
portugueses que escolheram o estrangeiro para alcançar uma vida melhor, menos
17% do que no ano transato, período em que saíram 38 mil e 272.
Paralelamente,
as estatísticas oficiais apontam que no mesmo ano registou-se um aumento do
fluxo imigratório, contabilizado na entrada de 36 mil e 639 cidadãos
estrangeiros que adotaram o território nacional como uma nova etapa das suas vidas,
mais 18% do que no ano anterior, época em que entraram 43 mil e 353.
A
informação veiculada pelo INE revela deste modo que ao longo dos últimos anos,
após recuperação de uma das mais graves crises do país
e consequente incremento do desempenho socioeconómico, foi possível no ano de
2017 obter um saldo migratório positivo, invertendo a trajetória de
declínio verificada desde o início da década de 2010.
Numa
fase da vida coletiva nacional em que se auguram colossais desafios
demográficos, ainda no mês passado o Gabinete de Estatísticas da União Europeia
(Eurostat), através do documento Ageing Europe 2019, indica que dentro de três décadas cerca de
metade da população portuguesa terá 55 anos ou mais, a manutenção
deste saldo migratório positivo constitui uma condição “sine qua
non” para a sustentabilidade do país.
No entanto, os dados
recentes do INE revelam que manutenção deste salto migratório positivo está
longe de ser um dado adquirido, porque além do mesmo ter que ser complementado
com o crescimento da taxa de natalidade, que continua a ser das mais baixas da
União Europeia, a emigração qualificada continua a engrossar o fluxo migratório
nacional.
Nesse
sentido, enquanto o país continuar envolto num inverno demográfico, e a assistir
à “fuga de cérebros”, ou seja, à saída de emigrantes altamente qualificados, nas
palavras abalizadas do Professor catedrático
da Universidade de Coimbra, Rui Machado Gomes, “um dos
fenómenos mais controversos da sociedade portuguesa contemporânea”, e não sendo o mesmo compensado pela
entrada de pessoas com qualificações equivalentes, a competitividade, o
progresso, a sustentabilidade e o futuro de Portugal continuarão perturbantes.