Morgado de Fafe

O Morgado de Fafe, personagem literária consagrada na obra camiliana, demanda uma atitude proativa perante o mundo. A figura do rústico morgado minhoto marcada pela dignidade, honestidade, simplicidade e capacidade de trabalho, assume uma contemporaneidade premente. Nesse sentido este espaço na blogosfera pretende ser uma plataforma de promoção de valores, de conhecimento e de divulgação dos trabalhos, actividades e percurso do escritor, historiador e professor minhoto, natural de Fafe, Daniel Bastos.

sábado, 25 de abril de 2020

Aurora de Abril


Em tempos de isolamento social e em que a imaginação e criatividade são ferramentas essenciais para ultrapassarmos estes dias adversos, revivo hoje, dia 25 de abril, Dia da Liberdade comemorado em Portugal, o desenho e o poema “Aurora de Abril”, que fazem parte do livro “Terra”, uma breve incursão que encetei há poucos anos no campo da poesia, e que foi magnificamente ilustrado pelo mestre-pintor Orlando Pompeu.


Aurora de Abril

Floriste nos cravos
vermelhos de abril,
brandindo as fardas
da ditosa revolução
sublevada em canção,
prenúncio primaveril
da almejada liberdade
que durante o negrume
da tirania se exprobrou,
mas que toda uma nação
- o valoroso povo luso
exaurido pela tragédia
e a pérfida soberba
do orgulhosamente sós -
singelamente conquistou.
Cumpra-se Abril então!

Daniel Bastos, “Aurora de Abril”, in Terra (2014).

sexta-feira, 24 de abril de 2020

In memoriam Fernando Cruz Gomes


No decurso da semana passada assinalaram-se os 80 anos do nascimento de Fernando Cruz Gomes, saudoso decano dos jornalistas da comunidade portuguesa no Canadá, falecido em 2018 na sequência de uma queda na sua residência, na baixa de Toronto, e que era um dos rostos mais conhecidos da numerosa prole luso-canadiana que vive e trabalha na quarta maior cidade da América do Norte.  
 
O historiador Daniel Bastos (esq.), cujo percurso tem sido alicerçado no seio das Comunidades Portuguesas, entrevistado em 2014 pelo jornalista Fernando Cruz Gomes (dir.) na Galeria dos Pioneiros Portugueses, um espaço museológico singular em Toronto que se dedica à perpetuação da memória e das histórias dos pioneiros da emigração portuguesa para o Canadá.
Natural da vila de Pampilhosa da Serra, no distrito de Coimbra, Fernando Cruz Gomes, iniciou nos finais dos anos 50 a sua vida profissional como jornalista, no vetusto “Primeiro de Janeiro”, um jornal diário que se publicou na cidade do Porto. Mas foi em solo africano, mais concretamente em Angola, antiga província ultramarina portuguesa, onde residiu durante 25 anos, que o seu trabalho jornalístico ganhou amplitude e profundidade, através do desempenho de funções em diversos meios de comunicação, jornais e rádios, como o "ABC Diário de Angola", a "Rádio Eclésia", no diário de Luanda "O Comércio", "A Província de Angola" (atual “Jornal de Angola”), no "Rádio Clube de Benguela" e na "Emissora Oficial de Angola".

No início da Guerra do Ultramar em Angola, a 15 de março de 1961, Fernando Cruz Gomes, chegou a acompanhar sozinho os combates entre as Forças Armadas Portuguesas e os Movimentos de Libertação deste território da costa ocidental de África. Durante o seu percurso jornalístico por terras africanas, o profissional de comunicação social, foi ainda presidente da secção de Angola do Sindicato Nacional de Jornalistas, onde se manteve até finais de 1974.


A sua chegada ao Canadá ocorreu em 1975, ano do conturbado processo de descolonização. Na nova pátria de adoção, foi fundador e diretor de jornais comunitários, como "Popular", "Comércio", "Mundo", “ABC Portuguese Canadian Newspaper” e "A Voz", e editor e repórter na CIRV Rádio e na FPTV. 

As suas multifacetadas funções jornalísticas em Toronto, inclusive de correspondente durante vários anos da Lusa, foram fundamentais para a promoção e conhecimento da língua, cultura e pulsar da comunidade luso-canadiana. E estiveram na base do justíssimo reconhecimento de que foi alvo em 2014, com a atribuição da Ordem do Infante D. Henrique pelos serviços relevante que prestou à pátria de Camões.


Uma outra forma de comemorar o 25 de Abril


Uma outra forma, original e simbólica, de comemorar o 25 de Abril: com o livro “Gérald Bloncourt – Dias de Liberdade em Portugal”. Um livro concebido a partir do espólio original do conhecido fotógrafo que imortalizou a emigração portuguesa, mas que foi também um espectador privilegiado da explosão de liberdade que tomou conta do país após a Revolução de 25 de Abril de 1974, e que conta com prefácio do coronel Vasco Lourenço, presidente da Direção da Associação 25 de Abril.

P.S.: Quem porventura pretender adquirir o livro, basta entrar em contacto pois o mesmo pode ser enviado por correio postal.