A
Guerra Colonial (1961-1974), época de confrontos bélicos entre as Forças
Armadas Portuguesas e os Movimentos de Libertação das antigas províncias
ultramarinas de Angola, Guiné-Bissau e Moçambique, representa um dos
acontecimentos mais marcantes da história nacional e africana de expressão
portuguesa do séc. XX.
Conflito
bélico dramático, trágico e traumatizante para mais de um milhão de
portugueses, que prestaram serviço militar nas três frentes de combate, onde
tombaram cerca de 8.300 soldados, assim como para as populações angolanas,
guineenses e moçambicanas, cujo número total de vítimas, entre guerrilheiros e
civis, terá sido superior a 100 mil mortos.
A
densidade vivencial e o impacto da também conhecida como Guerra do Ultramar na
sociedade portuguesa têm sustentado ao longo das últimas décadas a inauguração
no território nacional de inúmeros monumentos de homenagem aos militares
mortos, e que rondam já cerca de três centenas.
No
cômputo da lista de monumentos alusivos aos combatentes da Guerra Colonial, que
se encontram assinalados pela Liga dos Combatentes (LC) no livro “Monumentos
Aos Combatentes da Grande Guerra e do Ultramar”, grande parte deles construídos
no séc. XXI, e que segundo tenente-general Chito Rodrigues, Presidente da LC,
são “a expressão de um sentimento profundo nacional acerca do que foi a guerra
colonial e dos sacrifícios que o povo português fez nesse conflito",
destaca-se ainda a existência de três monumentos construídos no seio das comunidades
portugueses no Canadá e nos Estados Unidos.
No
Canadá, onde se estima que na atualidade vivam mais de meio milhão de
luso-canadianos, o primeiro monumento a ser erigido em memória dos combatentes que
tombaram na guerra do Ultramar foi inaugurado em
2009, na cidade de Winnipeg,
capital da província de Manitoba.
Projetado
pelo arquiteto português Varandas dos Santos, o memorial impulsionando pela
Associação Portuguesa de Veteranos de Guerra de Manitoba e Núcleo da Liga dos
Combatentes de Portugal em Winnipeg, e concretizado com o apoio da Província de
Manitoba, da Liga dos Combatentes, da Comunidade Luso-Canadiana, da Associação
Portuguesa de Manitoba e da Chapel Lawn Memorial Gardens, invoca os militares
do passado, presente e futuro.
Em
2012, a cidade de Oakville, junto a Toronto, capital da província de Ontário
onde se estima que vivam mais de 20 mil antigos combatentes da
Guerra do Ultramar, assistiu à inauguração, no cemitério Glen Oak
Memorial Garden, de uma estátua em homenagem aos militares portugueses e
canadianos mortos em situações de guerra.
O
monumento, concebido em conjunto pelo arquiteto Varandas dos Santos e pelo
comendador José Mário Coelho, e impelido pela Associação dos Ex-combatentes do Ultramar
Português no Ontário, foi instalado no talhão denominado “Nossa Senhora de
Fátima”. O monumento, que contou com apoios financeiros da Secretaria de Estado
das Comunidades Portuguesas e da Liga de Combatentes de Portugal, sobressai
pela existência de vários elementos, dos quais se destacam uma Cruz de Cristo e
um capacete de um soldado, tendo ainda a inscrição: “Sacrificados em vida,
respeitados na morte”.
Ainda
na América do Norte, mas já nos Estados Unidos, mais concretamente em Lowell, cidade do
condado de Middlesex em Massachusetts, estado que alberga uma
grande comunidade luso-americana de origem açoriana, foi inaugurado em 2000 um
monumento em memória dos falecidos e ex-combatentes do ultramar português e dos
participantes da Revolução de 25 de Abril de 1974. Impulsionado pela numerosa
comunidade luso-americana, com especial destaque para Dimas Espínola, uma referência no mundo
comunitário luso de Lowell,
o monumento teve o apoio resoluto, entre outros, do Portuguese American Center, do
Portuguese
American Civic League e
da Associação de Veteranos de Lowell.