Morgado de Fafe
O Morgado de Fafe, personagem literária consagrada na obra camiliana, demanda uma atitude proativa perante o mundo. A figura do rústico morgado minhoto marcada pela dignidade, honestidade, simplicidade e capacidade de trabalho, assume uma contemporaneidade premente. Nesse sentido este espaço na blogosfera pretende ser uma plataforma de promoção de valores, de conhecimento e de divulgação dos trabalhos, actividades e percurso do escritor, historiador e professor minhoto, natural de Fafe, Daniel Bastos.
domingo, 11 de maio de 2025
John Melo: um empreendedor de referência da diáspora portuguesa
Uma das marcas mais características das comunidades portuguesas espalhadas pelos quatro cantos do mundo é indubitavelmente a sua dimensão empreendedora, como corroboram as trajetórias de diversos compatriotas que criam empresas de sucesso e desempenham funções de relevo a nível cultural, social, económico e político.
Nos vários exemplos de empreendedores da diáspora portuguesa, cada vez mais percecionados como um ativo estratégico na promoção e reconhecimento internacional do país, destaca-se o percurso notável e de sucesso de John Melo.
Natural da Ilha do Pico, a segunda maior ilha do Arquipélago dos Açores, John Melo partiu em 1973, aos 7 anos de idade, com os pais para Boston, a capital e a maior cidade norte-americana de Massachusetts. Região que constituía, um dos mais importantes destinos para muitos emigrantes portugueses, em particular açorianos, que nessa época, marcada na pátria de origem pela estreiteza de horizontes, falta de liberdade e carências, partiram para a América do Norte à procura de melhores condições de vida.
No decurso da adolescência, o jovem de raízes açorianas mudou-se para a Califórnia, estado norte-americano onde vive a maior comunidade de emigrantes portugueses e lusodescendentes nos Estados Unidos, e no qual frequentou o ensino secundário. O trabalho, esforço e resiliência, valores coligidos no seio familiar, assim como o alvorecer da efervescência de Silicon Valley, a “Meca da tecnologia”, localizada na Califórnia, mormente na região da Baía de São Francisco, impeliram o jovem luso-americano a optar por aulas técnicas com foco na área de engenharia tecnológica, orientadas para o desenvolvimento, produção e utilização de tecnologias inovadoras.
A veia empreendedora e a paixão incessante pelo saber-fazer, isto é, a aplicação de conhecimento assente na experiência prática, levaram desde a entrada na maioridade John Melo a acumular experiências profissionais em campos técnicos, de marketing vendas, finanças, análise de mercados, e criação e venda de empresas. Contexto que muito contribuiu para que nos anos 90, fosse convidado pela Amoco, classificada em meados do séc. XX a maior empresa de petróleo dos Estados Unidos, para diretor executivo na área automóvel.
Com a aquisição, em 1998, da Amoco pela BP (British Petroleum), uma das maiores petrolíferas do mundo, o empreendedor luso-americano foi convidado pela empresa petrolífera britânica a assumir, em Londres, as funções de gerente da marca. Vindo posteriormente a tornar-se presidente da BP Combustíveis Estados Unidos, onde liderou negócios de marketing, logística e comércio de petróleo.
Uma década após uma experiência socioprofissional marcante na companhia de petróleo BP, um dos grandes nomes do setor, John Melo foi convidado a assumir as funções de CEO, ou seja, de Diretor Executivo da Amyris. Uma empresa de biotecnologia sintética, fundada em 2003, com sede em Emeryville, na Califórnia, que serve os mercados de produtos químicos especiais e desempenho, aromas e fragâncias, ingredientes cosméticos, produtos farmacêuticos e nutracêuticos.
Sob a liderança de John Melo, que foi CEO da Amyris até 2023, a empresa tornou-se líder mundial em aplicações de biotecnologia industrial, trabalhando para reduzir o custo de curar a malária e produção de baixo carbono, mediante uma segunda geração de biocombustíveis. Por exemplo, em 2016, a empresa recebeu um investimento do Fundo de Inovação Estratégica da Fundação Bill e Melinda Gates para apoiar o desenvolvimento de medicamentos antimaláricos baseados na artemisinina semissintética.
Foi igualmente sob a liderança de John Melo, que em 2016 a Amyris estabeleceu uma parceria com a Universidade Católica Portuguesa (UCP) para a criação de um Hub Europeu de Biotecnologia no Porto. Além deste protocolo, foi assinado em 2018, o contrato que viabilizou o projeto de investigação Alchemy – uma parceria estratégica entre a UCP, através da ESB, a empresa Amyris Bio Products Portugal, subsidiária da Amyris e o Governo de Portugal, através da Agência para o Investimento e Comércio Externo Portugal (AICEP). Um projeto de colaboração entre a empresa e a universidade, que permitiu a contratação de uma equipa de mais de 80 investigadores, e investimentos de milhões de euros em Investigação e Desenvolvimento (I&D), que alavancaram em Portugal competências de excelência em biotecnologia.
Uma das figuras mais conhecidas da comunidade portuguesa na Califórnia, a trajetória de vida de John Melo, que é um dos membros-fundadores do Conselho da Diáspora Portuguesa. E que, em 2015, foi agraciado pelo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Mérito Empresarial – Classe do Mérito Industrial, assevera a visão de Peter Drucker, considerado o pai da gestão moderna: “A inovação é o instrumento específico do empreendedorismo, o acto que confere aos recursos uma nova capacidade de criar riqueza”.
sábado, 3 de maio de 2025
Livro presta homenagem à emigração portuguesa
No próximo dia 20 de maio (terça-feira), é apresentado em Lisboa o livro “Monumentos ao Emigrante – Uma Homenagem à História da Emigração Portuguesa”.
A obra, concebida pelo historiador Daniel Bastos, em parceria com o fotógrafo Luís Carvalhido, assente no levantamento dos Monumentos de Homenagem ao Emigrante, ou intrinsecamente ligados ao fenómeno emigratório, existentes em todos os 18 distritos de Portugal continental, e regiões autónomas da Madeira e dos Açores, é apresentada às 17h00, na Sociedade de Geografia de Lisboa.
O livro “Monumentos ao Emigrante – Uma Homenagem à História da Emigração Portuguesa”, que percorre todos os distritos de Portugal continental, e as regiões autónomas da Madeira e dos Açore, foi concebido pelo historiador da diáspora Daniel Bastos (esq.), em parceria com o fotógrafo Luís Carvalhido (centro), e traduzido (português e inglês) por Paulo Teixeira (dir.)
A sessão de apresentação do livro, uma edição bilingue (português e inglês) com tradução de Paulo Teixeira, e prefácio do filósofo e escritor Onésimo Teotónio Almeida, estará a cargo de Maria Beatriz Rocha-Trindade, Presidente da Comissão de Migrações da Sociedade de Geografia de Lisboa, que assina o posfácio da obra. E contará com a presença de José Cesário, Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas.
A obra pioneira, realizada com o apoio institucional da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, e da Sociedade de Geografia de Lisboa, é um convite a uma viagem pelo passado, com os olhos no presente e futuro, da imagem e memória da emigração em Portugal. Uma viagem através de um itinerário delineado pelo historiador da diáspora Daniel Bastos, profusamente ilustrada pelo talento fotográfico de Luís Carvalhido, que percorre todas as regiões de Portugal, onde existem mais de uma centena de monumentos, como bustos, estátuas ou memoriais dedicados ao Emigrante, não raras vezes desconhecidos do grande público, que constituem uma relevante fonte material para a compreensão da emigração.
Um roteiro que dos monumentos mais singelos, situados nas pequenas aldeias do interior, aos mais grandiosos das aglomerações urbanas, essencialmente erigidos ao longo do último meio século, e que inscrevem uma marca singular na paisagem continental e insular, evidencia as motivações subjacentes à partida e aos destinos, a celebração de figuras gradas das comunidades, a evocação contínua de uma espécie de sinónimo de Portugal, a saudade. Assim como, objetos simbólicos e aspetos inerentes à memória coletiva da emigração, como o “salto” para França, a emigração para o Brasil, Estados Unidos da América, Canadá, Venezuela, Austrália, África do Sul, Alemanha, Suíça, Bélgica e Luxemburgo, entre outros países do mundo, por onde a diáspora portuguesa se encontra disseminada.
Uma obra que ao assumir-se como uma história concisa e ilustrada da diáspora, presta tributo aos milhões de emigrantes e lusodescendentes espalhados pelo mundo, e quais protagonistas anónimos da história nacional e mundial, têm dado um contributo fundamental no desenvolvimento das suas terras de origem e de acolhimento.
No prefácio do livro, Onésimo Teotónio Almeida, Professor Emérito da Universidade Brown, que dedicou uma grande parte da sua vida a escrever sobre a portugalidade e sobre o que é ser português, assegura “Se uma imagem vale mil palavras, temos aqui duas centenas e meia de milhar de belas palavras saltando-nos à vista com gritante eloquência”. Na mesma linha, Maria Beatriz Rocha-Trindade, autora de uma vasta bibliografia sobre matérias relacionadas com as migrações, sustenta no posfácio que “Este livro, constitui uma valiosa contribuição para o conhecimento da História de Portugal”.
Com vários livros publicados no campo da história da emigração portuguesa, cujas sessões de apresentação o têm colocado em contacto estreito com as comunidades lusas, o percurso do historiador e escritor Daniel Bastos, colaborador regular da imprensa de língua portuguesa no mundo, tem sido alicerçado no seio da diáspora.
Professor e formador, Luís Carvalhido tem participado em várias exposições individuais e coletivas, assim como em concursos de fotografia aquém e além-fronteiras. É autor de diversas obras, onde mais do que captar imagens, expressa e exterioriza sentimentos através da fotografia.
Refira-se que a edição da obra, deveu-se em grande parte ao mecenato de empresas da diáspora que partilham uma visão de responsabilidade social e um papel de apoio à cultura, e que ao longo do ano estão previstas várias sessões de apresentação no território nacional e junto das comunidades portuguesas.
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