Proeminente filósofo e professor universitário australiano, com importantes trabalhos no campo da Ética aplicada, Peter Singer assenta o seu postulado filosófico no Utilitarismo, gizando a partir deste uma Ética prática de resposta aos desafios actuais da sociedade, ou seja, uma “teoria crítica da sociedade”, em que a razão e a argumentação desempenham um papel predominante no campo ético.
Peter Singer (n. 1946) |
A Ética em Singer prepara o Homem para a tomada de decisões, condição sine qua non para viver uma vida moral fundamentada em opções que têm que ser assumidas. A perspectiva ética singeriana é universal, o próprio refere que a “Ética exige que nos abstraiamos do “eu” e do “tu” e que cheguemos à lei universal, ao juízo universalizável, ao ponto de vista do espectador imparcial”, de modo a potenciar a defesa dos interesses de outrem.
Salvador Dalí (1904-1989) - O nascimento do mundo |
O autor fundamentando a sua opção pela teoria ético – filosófica dominante no mundo anglo – saxónico, na esteira do patriarca do utilitarismo John Stuart Mill, que alicerçou a sua doutrina no critério moral da Utilidade ou “Princípio da maior felicidade”: “as acções são justas na medida em que tendem a promover a felicidade e injustas enquanto tendem a produzir o contrário da felicidade (entendendo-se por felicidade) o prazer e a ausência de dor; por infelicidade, a dor e ausência de prazer” – reestrutura a teoria utilitarista mediante aquilo que designa como “princípio da igualdade na consideração de interessa”, ou como complementa, um “princípio mínimo de igualdade no sentido em que não dita um tratamento igual” mas que busca uma exigência da igualdade.
John Stuart Mill (1806-1873) |
Este princípio basilar da “Ética Prática” é plasmado no exemplo que Singer apresenta numa hipotética situação de catástrofe natural, em que se nos deparássemos com duas vítimas, nas palavras do autor: “uma com uma perna esmagada, em agonia, e outra com um ferimento numa anca, com dores ligeiras (e só me restassem) duas doses de morfina”, que decisão dever-se-ia tomar? Singer não tem dúvidas na fundamentação da opção: “um tratamento igual ditaria que eu desse a cada pessoa ferida uma dose, mas uma dose pouco faria para aliviar a dor da pessoa com a perna esmagada. Ficaria ainda com muita mais dores que a outra vítima; e, mesmo depois lhe ter administrado a primeira dose, dar-lhe a segunda proporcionaria maior alívio que aplicar essa dose á pessoa com dores ligeiras”.
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