Em
cena desde 21 de novembro, o musical “Fado – A Música mais Triste do Mundo”,
uma peça composta pela dramaturga Elaine Ávila, professora de teatro do Douglas
College em Vancouver, na costa oeste do Canadá, que retrata as barreiras
linguísticas e culturais dos lusodescendentes, despediu-se no final da semana
passada do palco do Firehall Arts Centre, localizado na mesma metrópole.
Segundo
informações veiculadas pela dramaturga, filha de emigrantes açorianos, à
imprensa, a peça teatral foi inspirada em histórias de vida de membros da
comunidade portuguesa em Vancouver. Nomeadamente associados do Centro Cultural
Português de Burnaby, na Colúmbia Britânica, a província mais ocidental do
Canadá, onde se estima que vivam aproximadamente 35 mil portugueses e
lusodescendentes.
Histórias
de vida, nas palavras da luso-canadiana, de quem por exemplo, com “14 anos saiu
de casa e veio trabalhar para o Canadá atravessando meio oceano, ou que viram
pela primeira vez neve, que foi como que flores a caírem do céu”. Assim como, da
sua própria trajetória de vida, testemunhando a mesma que quando “imigramos
para um novo país, todos nós corremos o perigo de perdermos a nossa cultura, a
própria língua, o que me aconteceu nos Estados Unidos, pois há muita pressão de
fingirmos que não somos portugueses”.
Num
país tão fortemente marcado pelo fenómeno migratório, tanto que se encontrarão
na atualidade cerca de 5 milhões de portugueses e lusodescendentes espalhados
pelos quatro cantos do mundo, a problemática da (re)construção da identidade
dos lusodescendentes tem captado nos últimos anos a atenção de vários especialistas sobre a emigração lusa, alguns deles
provenientes inclusive do espaço da lusodescendência.
Um desses exemplos
paradigmáticos encontra-se vertido na tese de doutoramento da socióloga Heidi
Martins. Nascida na Suíça e filha emigrantes de transmontanos, a
lusodescendente concluiu o seu grau académico na Universidade do Luxemburgo, uma instituição de ensino superior de investigação multilingue e de foco
internacional, com um trabalho dedicado à questão de identidade e
sentimentos de pertença de filhos de emigrantes portugueses no Grão-Ducado. Nação
europeia, onde os filhos da pátria de
Camões são a comunidade estrangeira mais numerosa, contabilizando
sensivelmente 95 mil pessoas, ou seja, cerca de 15% da população total.
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