No
conjunto dos vários projetos que têm sido dinamizados no campo da emigração
portuguesa destaca-se atualmente o projeto “Experiências e expectativas de
regresso dos novos emigrantes portugueses: reintegração e mobilidades” (EERNEP),
cujo principal objetivo passa por estudar o regresso de emigrantes portugueses,
com enfoque em países de destino dos maiores fluxos de entrada nos últimos anos,
como o Reino Unido, França e Luxemburgo, de forma a poder atender às diferenças
contextuais no processo de tomada de decisão e de efetiva experiência de
regresso.
Coordenado
pelo Instituto Politécnico de Leiria, e impulsionado pelos investigadores
Filipa Pinho, José Carlos Marques e Pedro Góis, o projeto EERNEP, cuja duração
prolonga-se até 30 de setembro de 2021, assenta numa estratégia extensiva e
intensiva, com recurso a análise documental, entrevistas a informadores
privilegiados, inquérito (online e presencial) e entrevistas a emigrantes e
regressados recentes. Segundo os investigadores, a recuperação da crise
económica em Portugal, iniciada após 2015, combinada com o lançamento do “Programa
Regressar”, e as novas crises na Europa, como o Brexit, abriram uma expetativa
de aumento dos movimentos de regresso ao país.
É tendo por base este pressuposto estruturante que a investigação procurará
responder
às seguintes questões: 1) Que fatores influenciam as intenções e as decisões de
regresso dos migrantes?; 2) De que forma as crescentes formas de circulação
permitem ir concretizando e/ou adiando os projetos de regresso e contribuem
para sustentar o desenvolvimento de práticas transnacionais entre o país de
destino e de origem?; e 3) Qual o potencial de mobilização das competências,
experiências e recursos destes migrantes para a capacitação regional e para a
elaboração de estratégias de inovação e desenvolvimento regional?
Ainda
que na atualidade, os efeitos da pandemia de coronavírus que gerou num
curto espaço de tempo uma crise socioeconómica mundial sem precedentes, possa
entravar a expetativa de aumento dos movimentos de regresso ao país. O busílis do
projeto deslinda que o futuro de Portugal passa, em grande medida, pela
capacidade de atração de capital humano da Diáspora, uma componente fundamental
para a atenuação do decréscimo populacional nacional, para a prossecução de um
saldo migratório positivo, e para robustecer as potencialidades
e recursos que contribuem para o desenvolvimento sustentado do território nacional.
Como sustenta Maria Ortelinda Barros Gonçalves, no trabalho publicado
no início da década de 2010, “Emigração, regresso e desenvolvimento no Barroso (Portugal)”, acerca do impacto
do regresso sobre a dinâmica económica concelhia na região periférica do
interior norte, embora “sendo
mais agentes de consumo do que de investimento, regista-se, entretanto, uma introdução clara de
novos hábitos, por parte dos emigrantes
regressados, proporcionando uma certa urbanidade local. Os ex-emigrantes de faixas etárias mais jovens
revelam espírito empreendedor, tendo,
inclusive, feito renascer alguns mercados locais, gerando emprego e o aparecimento de outras actividades”.
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