O movimento associativo das comunidades portuguesas constitui um dos
mais importantes elos de ligação dos milhões de compatriotas disseminados pelo
estrageiro à língua, cultura, história e memória da pátria de origem, e
simultaneamente uma das marcas mais expressivas da sua inserção nas pátrias de
acolhimento.
Espaços privilegiados de cultura e participação cívica, as associações
das comunidades portuguesas são a argamassa identitária que une a diáspora, e por
isso mesmo, as mais genuínas embaixadoras de Portugal no mundo.
Nestes últimos dois anos marcados pela pandemia, contexto que mudou radicalmente o quotidiano das sociedades, o movimento
associativo das comunidades lusas enfrenta grandes
desafios. Este cenário foi recentemente abordado por um dos mais destacados dirigentes
associativos da comunidade portuguesa na América, Jack Costa, o mais jovem presidente na história do Sport Club Português (SCP), em Newark, Nova Jérsia, coletividade
que neste ano que agora finda comemorou o seu centenário, e foi condecorada com
a Ordem do Mérito pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Em declarações à
imprensa luso-americana, o atual vice-presidente da mesa da Assembleia Geral do
SCP, fez uma radiografia completa sobre o passado, presente e futuro do meio
associativo em Newark, e que é extensível, às demais associações espalhadas
pelas comunidades portuguesas. Desde logo, reconheceu a dificuldade em “comemorar
o centenário em pandemia”, cenário que um pouco por toda a geografia da
diáspora, tem entravado a realização de eventos e iniciativas, que em muitos
casos garantem a obtenção de receitas que permitem custear o normal funcionamento
das associações, como seja o pagamento da água, luz, rendas dos espaços ou a
sua manutenção.
Perspetivando o
futuro do movimento associativo em Newark, Jack Costa, assumiu “olhar com um
misto de preocupação e motivação. Preocupação por notar que cada vez é menor o
número de pessoas que se dedicam às associações”. Uma problemática, que é
inclusive anterior à pandemia, e que começa a alastrar no meio associativo das
comunidades portuguesas, mormente, o envelhecimento dos seus quadros dirigentes,
da maioria dos seus associados e da escassa participação dos lusodescendentes.
É nesse sentido, que o dirigente
associativo luso-americano, defende que “vamos ter seriamente de parar para
pensar no futuro das associações portuguesas”, sendo que os clubes devem
“reinventarem-se para voltar a atrair as pessoas da minha geração e até mesmo
as seguintes, porque quem sustenta o movimento associativo está a chegar à
idade da reforma e é preciso sangue novo”.
Assim como, adotar um novo modelo
de atuação e organização das associações, que em muitos casos, poderá passar
por um paradigma de partilha de uma “casa comum”, capaz de reunir num só espaço
com dignidade e dimensão a valiosa argamassa identitária das comunidades
portuguesas. Nas palavras do mesmo “com bairrismos, não se vai lá. A única luz
no fundo do túnel é a junção de muitas associações numa só onde todos tenham
espaço. Só que muita gente não quer falar nisso, mas o tempo urge”.
Na esteira do olhar radiográfico de Jack Costa, e alargando o seu campo de visão
a toda a geografia da diáspora, é condição “sine qua non” que o movimento
associativo das comunidades portuguesas seja capaz de congregar sinergias e diluir divergências.
De modo, a potenciar o coletivo, a união, e os cada vez mais parcos recursos
humanos e financeiros que existem no movimento associativo em prol da cultura lusa.
Que esta união e solidariedade seja a incessante bandeira das comunidades
portuguesas, em particular, do seu movimento associativo, e que esta seja a desígnio que nos oriente nestes
tempos desafiantes no rumo da alegria, da saúde e de um próspero ano novo.
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