A
comunidade lusa nos Estados Unidos da América (EUA), cuja presença no
território se adensou entre o primeiro quartel do séc. XIX e o último quartel
do séc. XX, período em que se estima que tenham emigrado cerca de meio milhão
de portugueses essencialmente oriundos dos arquipélagos da Madeira e dos
Açores, destaca-se hoje pela sua perfeita integração, inegável empreendedorismo
e relevante papel económico e sociopolítico na principal potência
mundial.
No seio da numerosa comunidade lusa nos EUA, segundo dados dos últimos censos
americanos residem no território mais de um milhão de portugueses e
luso-americanos, destacam-se vários percursos de vida de compatriotas que
alcançaram o sonho americano ("the American dream”).
Entre
as várias trajetórias de portugueses que começaram do nada na América e ascenderam na escala social graças a
capacidades extraordinárias de trabalho, mérito e resiliência, destaca-se o
percurso inspirador e
de sucesso do comendador Batista Sequeira Vieira, uma das figuras mais proeminentes
da comunidade luso-americana.
Natural dos Rosais, freguesia do
Município de Velas, na Ilha de São Jorge, arquipélago
dos Açores, Batista Sequeira Vieira emigrou em 1954, perto de completar 16 anos de
idade, para San José, terceira cidade mais populosa
do estado americano da Califórnia, na companhia do irmão mais velho, motivado
pelas histórias de abundância e riqueza contadas pelo avô durante a sua
meninice.
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Comendador Batista Sequeira Vieira |
O
fascínio pela América transmitido pelo avô, que chegou a ter uma pequena rede
de sapatarias em Newman, na Califórnia, na região do Vale de San Joaquim,
impulsionou o jovem emigrante açoriano a abalar do seio de uma família
relativamente abastada de São Jorge em demanda do sonho americano.
A coragem e o "antes quebrar que
torcer", manifestas no facto de
ter começado o seu percurso de autêntico self-made man em duras
condições de vida e de trabalho numa leitaria, forjaram um homem que teve o
vislumbre de nos anos 60, já depois do enlace com a sua companheira de vida, Dolores
Machado, se ter lançado na construção civil, primeiro na pintura, a “Vieira
Painting Company” e depois na construção e imobiliário alavancado pelo
crescimento de Silicon Valley.
Empresário e
empreendedor com uma trajetória marcada pelo mérito e pela inovação, premissas
que estão desde o início na base do conglomerado de empresas que criou na
Califórnia, o sucesso que o emigrante jorgense alcançou ao longo do último meio
século no mundo dos negócios, têm sido acompanhados de um apoio constante à
comunidade luso-americana.
Na década de
1970, comprou, em
parceria, a primeira estação de rádio para servir a comunidade portuguesa, e posteriormente
adquiriu outra estação, com o propósito de servir a comunidade luso-americana
do Vale de San Joaquim, realizando o sonho
de introduzir na sua programação a língua portuguesa. Contemporaneamente, foi Presidente
da Sociedade do Espírito Santo, da Luso-American Fraternal Federation, e
desempenhou funções relevantes em várias instituições luso-americanas que sempre
contaram com o seu generoso apoio, como é o caso, por exemplo, da Igreja
Portuguesa de San José.
O seu profundo
sentido de responsabilidade e de dever cívico foram distinguidos em
1985 pelo então presidente norte-americano,
Ronald Reagan, assim como em 1989, pelo antigo Presidente da República, Mário
Soares, que o agraciou com o grau de comendador da Ordem do Mérito. Na
base da justíssima distinção da pátria de origem, estiveram os serviços meritórios, a ligação umbilical e a
generosidade que ao longo dos anos tem devotado a várias instituições da sua
terra natal, como por exemplo, a Casa de Repouso
João Inácio de Sousa, que recebeu do empresário e filantropo luso-americano uma
grande doação tanto a nível monetário como de equipamentos.
Com
o seu nome associado a ruas e edifícios na Ilha de São Jorge, mais propriamente no povoado que o viu nascer,
Rosais, onde no ano passado lhe foi prestada uma homenagem pública e descerrado
um busto, o comendador Batista Sequeira
Vieira, que foi distinguido
em 2014 pela Assembleia
Legislativa da Região Autónoma dos Açores com a
atribuição da Insígnia Autonómica, inspira-nos
a máxima do escritor e ensaísta francês Albert Camus: “A grandeza do homem consiste na sua decisão de ser
mais forte que a condição humana”.
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