Morgado de Fafe

O Morgado de Fafe, personagem literária consagrada na obra camiliana, demanda uma atitude proativa perante o mundo. A figura do rústico morgado minhoto marcada pela dignidade, honestidade, simplicidade e capacidade de trabalho, assume uma contemporaneidade premente. Nesse sentido este espaço na blogosfera pretende ser uma plataforma de promoção de valores, de conhecimento e de divulgação dos trabalhos, actividades e percurso do escritor, historiador e professor minhoto, natural de Fafe, Daniel Bastos.

domingo, 20 de julho de 2025

Com a mala cheia de sonhos

Nos últimos anos, o acervo bibliográfico sobre o fenómeno migratório tem sido profusamente enriquecido com o lançamento de um conjunto significativo de livros, que têm ampliado o estudo e conhecimento sobre a história da emigração portuguesa. Um dos exemplos mais recentes, que asseveram a importância destas obras no campo da mundividência da emigração, encontra-se vertido no livro “Com a mala cheia de sonhos”, da autoria da professora e escritora Graça Maria Nóbrega Alves, atualmente diretora do Museu de Arte Sacra do Funchal. Concebido a partir das memórias do antigo emigrante Manuel Alexandre da Costa, natural da Ponta do Pargo, município da Calheta, na ilha da Madeira, que emigrou na década de 1960, ainda pré-adolescente, para a África do Sul, e regressou à “pérola do Atlântico” no alvorecer dos anos 90. Este livro, com a chancela da Unidade Diáspora e das Migrações do Município do Funchal, e que foi lançado no dia 9 de julho, no Salão Nobre da edilidade funchalense, mais do que uma singular história de vida intrinsecamente ligada à emigração madeirense para a África do Sul, é acima de tudo, uma homenagem coletiva à numerosa comunidade de origem lusa, presentemente constituída por cerca de 200 mil cidadãos portugueses e perto de meio milhão de lusodescendentes, na sua maioria com raízes madeirenses e estabelecida em Joanesburgo, a maior cidade da nação “arco-íris”. Realidade intrínseca à identidade madeirense, que marca desde o povoamento do arquipélago até à atualidade, as suas dimensões sociais, culturais, económicas e políticas. A imensa diáspora da “pérola do Atlântico”, estimada em cerca de 1,5 milhões de madeirenses e descendentes, que transportam consigo tradições e memórias por todos os continentes, teve na África do Sul, no decurso da segunda metade do séc. XX, um dos seus mais importantes espaços de destino. O distinto testemunho da experiência migratória de Manuel Alexandre da Costa, hodiernamente vice-presidente da Assembleia da ApiMadeira e da Associação Luso-Sul-Africana Portuguesa, conhecido por cultivar a simplicidade e humildade, assim como os valores do trabalho, da resiliência, da fé, da família e a firmeza da amizade, representa deste modo, um relevante contributo para o conhecimento do passado da comunidade portuguesa na África do Sul. E essencialmente, um sinal de esperança para o presente e futuro de uma numerosa comunidade de origem portuguesa, tão sacudida por estes dias, por ondas de violência e crimes de sequestro Como salientou a Secretária Regional da Inclusão, Trabalho e Juventude, Paula Margarido, que em conjunto com o Bispo do Funchal, D. Nuno Brás, a Vereadora Ana Bracamonte, e o Diretor Regional das Comunidades e Cooperação Externa, Sancho Gomes, marcaram presença numa sessão de lançamento repleta de público, este livro “é um testemunho poderoso da coragem silenciosa de muitos madeirenses que partiram em busca de um futuro melhor. É também uma homenagem à diáspora, ao valor da memória e à importância de dar voz às histórias de vida que fazem parte do nosso património coletivo. Felicito a autora pela delicadeza com que transformou uma vida em narrativa, e o Manuel, pela generosidade de a partilhar connosco.”

Sem comentários: