Salvador Dalí – O sono (1937)
O tema é incontornável. O clima de crise da sociedade portuguesa é o tema recorrente das conversas de café, das tertúlias com amigos, das aberturas de telejornais e das manchetes da imprensa.
Começamos pelo aspecto positivo da crise, sim porque vejamos antes de mais um aspecto positivo no quadro económico, social e politico nacional lúgubre: a crise teve o condão de despertar consciências e incomodar os espíritos. No fundo obrigou (-nos) a assentar as ideias e os pés em terra firme, na realidade. Não tenhamos ilusões, muitos de nós não viviam ou pareciam não viver neste mundo, tal é (era) a conduta e estilo de vida, o individualismo egocêntrico, a superficialidade mental e a balofice material degenerada em crédito(s) sobre crédito(s) deixando de (a)creditar no essencial da vida: dignidade, simplicidade e capacidade de sacrifício pessoal e de trabalho.
A famigerada crise é primeiro de tudo uma crise de valores: uma ausência de referências, de ideais de um “élan” que nos faça levantar todos os dias e acreditar que vale a pena trabalhar, lutar e sacrificar. A ausência de um imperativo ético que nos alavanque a moral, nos responsabilize pelas nossas acções e atitudes, e nos empole a legar um mundo melhor do que recebemos às gerações vindouras.
Este deve ser o nosso principal objectivo de vida, a nossa meta tem que estar sempre direccionada para o futuro, para o(s) outro(s), para o além e nunca para o aquém. As nossas acções e atitudes quotidianas têm que assentar numa ética responsável, numa ética de incomodidade interior que valorize o amor, a família, o trabalho, a amizade, o conhecimento, a cultura e a vida.
1 comentário:
Olá Dr. Daniel Bastos
Gostei muito do blog, muito bem organizado e estruturado. Funciona quase como um diário, ou melhor, uma biografia da cidade de Fafe.
Abraço
Helena Ferreira
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