Nascido no seio de uma família alemã protestante luterana no findar do 2.º quartel do séc. XIX, Nietzsche aprimorou o seu espírito crítico na rejeição das tradições familiares e do Cristianismo, que para o filósofo tinha tomado “partido de tudo o que é fraco, baixo, incapaz” (O Anticristo), vindicando que o ““Evangelho” morreu na cruz” e assentando o seu pensamento na argamassa da cultura clássica grega.
Frederico Nietzsche (1844-1900)
Assim despontou, em Nietzsche, a crítica feroz à cultural ocidental, à moral tradicional, censurada pelo filósofo alemão por não estar “em contacto com a realidade” e ser “o melhor meio para conduzir a humanidade pelo nariz”. Para Nietzsche o martelo de Zaratustra derrubaria essa “receita da décadence, da própria imbecilidade”, e ao mesmo tempo reedificaria através do paradigma da tragédia grega, “os grandes espíritos” que seriam alimentados pela “força e liberdade, nascidas do vigor”.
Celebrando a osmose entre a “forma” apolínea e o “irracional” dionisíaco, Nietzsche, pretendia assomar um Ubermensch, um novo homem, “uma espécie de super – homem” que fosse “superior à humanidade em força, em grandeza de alma, – e em desprezo”.
Nietzsche foi autor de uma obra profícua, perpassada pelo seu próprio drama de solidão, desilusão, loucura e enfermidade, que no início do séc. XX, o conduziria à presença perante Hades, mas que não impediu que ocupasse o seu lugar no Olimpo do pensamento e cultura contemporânea.
No plano filosófico o legado nietzschiano centra-se na necessidade imperiosa do Homem ultrapassar a ambiguidade da verdade – mentira, assumindo a sua essência criadora, não através de algum tipo de “superioridade” mas no fomento da cultura enquanto fonte de valores.
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