Recentemente foi celebrado com profundo simbolismo e sentimento de pertença, exposto em inúmeras atividades e eventos, o 70.º aniversário da emigração portuguesa para o Canadá.
Uma das mais relevantes
comunidades lusas na América do Norte, que se destaca pela dinâmica da sua
atividade associativa, económica e sociopolítica, as suas raízes remontam a
1953. Ano em que, ao abrigo de um Acordo
Luso-Canadiano, que visava suprir a necessidade de trabalhadores para o sector
agrícola e para a construção de caminhos-de-ferro, desembarcaram no Saturnia, a 13 de maio, em Halifax,
província de Nova Escócia, os primeiros emigrantes portugueses.
Se entre 1953 e 1973, terão
entrado no Canadá mais de 90.000 portugueses, na sua maioria originários dos
Açores, estima-se que atualmente vivam no segundo maior país do mundo em área
total, mais de meio milhão de luso-canadianos, sobretudo concentrados em
Ontário, Quebeque e Colúmbia Britânica, representando cerca de 2% do total da
população canadiana que constitui um hino ao multiculturalismo.
Foi a partir deste
valioso legado histórico, que se assinalou a efeméride cujo programa oficial
computou a presença de representes oficiais do governo português, a realização de
atividades literárias e artísticas. Uma verdadeira dinâmica cultural que
envolveu e fortaleceu o espírito identitário das comunidades portuguesas
disseminadas pelo imenso território canadiano.
Entre
os dias 13 e 14 de maio, um dos momentos cimeiros do programa oficial em
Toronto, metrópole onde vive a maioria dos mais de 500 mil portugueses e lusodescendentes
presentes no Canadá, foi indubitavelmente a presença de António da Silva, um dos
pioneiros da emigração portuguesa para o
Canadá.
Natural de Dume, povoação do concelho de
Braga, no Baixo Minho, onde nasceu em 1930, António da Silva integrou o primeiro
contingente de emigrantes portugueses que desembarcaram a 13 de maio
de 1953, em Halifax.
Estofador de profissão, mas
almejando melhores condições de vida, na esteira de centenas de milhares de
portugueses que nessa década encetaram uma trajetória emigratória para a
América do Norte e o centro da Europa, o bracarense, instalado primeiramente em
Toronto, acabou pouco tempo depois da sua chegada por se estabelecer em Ottawa,
a capital do Canadá, localizada na província de Ontário.
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O pioneiro da emigração
portuguesa para o Canadá, António da Silva (esq.), acompanhado do historiador
Daniel Bastos, na Galeria dos Pioneiros Portugueses em Toronto, no âmbito 70.º aniversário da emigração
portuguesa para o Canadá.
Conseguindo com abnegado
trabalho e resiliência ultrapassar as dificuldades iniciais, em particular as
do novo idioma, o clima e cultura, António da Silva casou na década de 1950 com
Delfina, uma imigrante natural de Espanha, construindo em comum uma família
sustentada pelo laborioso trabalho na área do estofamento.
No alvorecer dos anos 60
consegui mesmo começar a trabalhar por conta própria, abrindo a empresa “Da
Silva Estofados”, que venderia uma década depois aos seus funcionários.
Mantendo, paralelamente, uma importante colaboração e participação no seio da
comunidade portuguesa, através essencialmente do Lusitania
Portuguese Recreation Centre, em Ottawa.
A presença do nonagenário emigrante
nas recentes comemorações do 70.º aniversário da emigração portuguesa
para o Canadá, acompanhado de vários familiares, foi um cintilante sinal de
respeito pelo passado da comunidade luso-canadiana, e concomitantemente, de
construção do presente e esperança no seu futuro.
Nas palavras abalizadas do Comendador Manuel
DaCosta, um dos mais ativos e beneméritos empresários portugueses em
Toronto, “alma mater” do programa alusivo ao 70.º aniversário da
emigração portuguesa para o Canadá. Os pioneiros da emigração
portuguesa para o território canadiano, como António da Silva, encarnam o “verdadeiro
espírito português, humildade e coragem aceitaram o desafio e integraram-se
para contribuir e construir o país que o Canadá é hoje”.
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