Morgado de Fafe

O Morgado de Fafe, personagem literária consagrada na obra camiliana, demanda uma atitude proativa perante o mundo. A figura do rústico morgado minhoto marcada pela dignidade, honestidade, simplicidade e capacidade de trabalho, assume uma contemporaneidade premente. Nesse sentido este espaço na blogosfera pretende ser uma plataforma de promoção de valores, de conhecimento e de divulgação dos trabalhos, actividades e percurso do escritor, historiador e professor minhoto, natural de Fafe, Daniel Bastos.

domingo, 18 de outubro de 2015

A velha armadura de Dom Quixote de La Mancha



Uma das personagens clássicas da Literatura, imortalizada por leitores de todas as épocas, Dom Quixote de La Mancha, herói central do célebre livro com o mesmo nome do escritor Miguel de Cervantes, continua a ser uma fonte de inspiração para todos nós que perante as adversidades, dificuldades e desafios com que nos deparamos no nosso quotidiano, não devemos perder o sentido da justiça, da razão e da fé na vida.

O exemplo inspirador e romântico do virtuoso paladino impeliu-me a escrever o poema “A velha armadura de Dom Quixote de La Mancha”, que faz parte do meu último livro de poesia “Terra”, magnificamente ilustrado pelo mestre-pintor Orlando Pompeu, e que integra ainda o Vol. VI da Antologia de Poesia Contemporânea "Entre o Sono e o Sonho" que reúne mais de um milhar de poemas escritos em língua portuguesa por autores no nosso tempo.


A velha armadura de Dom Quixote de La Mancha
Revestido da velha armadura da fé
percorro montado no dorso
de Rocinante
os caminhos ancestrais dos pastores
sonhando como Dom Quixote
 de La Mancha
defender o ideal de cavaleiro andante.
Enfrento as deceções e os dissabores
de quem nasceu no tempo errado
de quem anda no sentido contrário
ao da multidão,
mas contra tudo e contra todos
cansado e com o corpo alquebrado
prometeu pelejar pelos oprimidos,
os injustiçados e perseguidos.
Nada temerei,
nem os gigantes da iniquidade,
a bondade infinita
e o sentimento de justiça
transcendem os moinhos
que empoam a realidade.





sábado, 10 de outubro de 2015

Memórias da Chuva

Dentro das paredes do saber,
templo de culto da solidão,
perscruto o fragor da chuva
arauto dos mistérios da criação.
Descerro a janela da memória
embaciada de recordações,
e parto enlevado em velhas canções
para junto da criança que fui outrora.


Daniel Bastos, “Memórias da Chuva” in Terra, Editora Converso, 2014.