Morgado de Fafe

O Morgado de Fafe, personagem literária consagrada na obra camiliana, demanda uma atitude proativa perante o mundo. A figura do rústico morgado minhoto marcada pela dignidade, honestidade, simplicidade e capacidade de trabalho, assume uma contemporaneidade premente. Nesse sentido este espaço na blogosfera pretende ser uma plataforma de promoção de valores, de conhecimento e de divulgação dos trabalhos, actividades e percurso do escritor, historiador e professor minhoto, natural de Fafe, Daniel Bastos.

sexta-feira, 30 de junho de 2017

A solidariedade das comunidades portuguesas




O espírito de solidariedade constitui uma das mais relevantes manifestações da identidade humana, especialmente relevante em situações de crise e tragédia, como revelam as extraordinárias ondas de afeto e entreajuda dos portugueses espalhados pelos quatro cantos do mundo para com as vítimas dos incêndios de Pedrógão Grande.

No conjunto das inúmeras campanhas solidárias por Pedrógão, os gestos e iniciativas dinamizadas pelas comunidades portugueses são dos melhores exemplos de genuína resposta social, e apoio a pessoas e famílias. 

Capaz de ultrapassar barreiras culturais, linguísticas e geográficas, o espirito de solidariedade das comunidades portuguesas revela-se não só com os compatriotas residentes na pátria de origem, como o que está a originar por estes dias várias iniciativas para ajudar os bombeiros e as vítimas dos incêndios no centro do país, mas também para com os concidadãos e nacionais das suas pátrias de destino.

De facto, uma outra importante dimensão da solidariedade das comunidades portuguesas é praticada nos vários territórios onde está implantada em prol de muitos emigrantes que não alcançaram o sucesso que ambicionaram à partida, e que vivem com dificuldades, precariedade, doença, desemprego ou solidão.

Trata-se de um notável papel social, que em muitos dos casos ocupa um espaço desprotegido pelos serviços sociais estrangeiros ou portugueses. Veja-se por exemplo, o papel social da Santa Casa da Misericórdia de Paris, fundada em 1994 e que ao longo das últimas décadas criou uma valiosa rede de solidariedade no seio da comunidade portuguesa em França.

O espirito de solidariedade das comunidades portuguesas não se esgota no apoio aos emigrantes, em várias situações a generosidade lusa estende-se a toda a sociedade onde está inserida, como é o caso paradigmático da Luso Canadian Charitable Society em Toronto e Hamilton no Canadá, o segundo maior país em área do mundo. 

Criada no início do séc. XXI por um grupo de empresários lusos para apoio no seio da comunidade portuguesa a pessoas com deficiência, rapidamente os seus relevantes serviços se estenderam à multicultural sociedade canadiana, onde desempenha um papel fundamental na promoção da dignidade e qualidade de vida de pessoas com deficiência.

sexta-feira, 23 de junho de 2017

Emigração, Imigração e o futuro de Portugal



O cruzamento de dados entre a demografia e natalidade com os da emigração e imigração são reveladores do dilema coletivo que perpassa o país: Portugal é uma das nações mais envelhecidas e com menos imigrantes da Europa, e os portugueses são dos povos que mais emigram no Velho Continente

O inverno demográfico que afeta a sociedade portuguesa, e para o qual muito tem contribuído o impacto da emigração, conjugado com o aumento da esperança média de vida e a diminuição da natalidade, é de tal ordem, que a Organização das Nações Unidas (ONU) aponta que Portugal seja em 2030 o terceiro país mais velho do mundo, e que o número de habitantes recue dos atuais dez para os sete milhões.

O envelhecimento, o empobrecimento e o esvaziamento são desafios estruturantes e prementes do nosso futuro coletivo. Um futuro coletivo que tem que passar forçosamente pela resolução do saldo migratório negativo que tolhe o provir do país, que enquanto não ultrapassar este impasse não conseguirá lançar verdadeiros alicerces sólidos para um desenvolvimento sustentado capaz de responder às necessidades do presente sem comprometer as gerações vindouras.

Esta realidade presente e futura de Portugal foi recentemente alvo de aprofundada análise no estudo “Migrações e Sustentabilidade Demográfica, perspectivas de evolução da sociedade e economia portuguesas”, coordenado pelo sociólogo João Peixoto, do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) e com a contribuição de doze autores.

As conclusões do estudo editado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, que tem como principal missão estudar, divulgar e debater a realidade portuguesa, são terminantes e encontram-se sintetizadas nas palavras do sociólogo João Peixoto “à medida que o tempo passa, Portugal vai precisar cada vez mais de pessoas que não tem”.   

Neste sentido, urge uma estratégia ampla e integrada de desenvolvimento do país que seja capaz de atrair para o nosso território imigrantes, catalisadores do crescimento económico, e do equilibro entre despesas e receitas sociais, e simultaneamente capaz de atenuar a emigração de modo a não perdermos recursos e massa humana, que assegure o progresso e fortaleça a esperança no nosso futuro coletivo.

domingo, 18 de junho de 2017

Museu de Cepães enriquecido com bicicleta benzida pelo Papa Francisco



No passado domingo à tarde, Cepães, uma freguesia do concelho de Fafe com intensa atividade industrial e aptidão agrícola, foi palco de uma cerimónia para entrega simbólica ao Museu de N. S. de Guadalupe – Espaço de Memórias de S. Mamede de Cepães, de uma bicicleta benzida pelo Papa Francisco.

A iniciativa, dinamizada pelo padre José Marques Domingues, partiu do grupo de militares portugueses que ligaram no âmbito da recente visita do Papa Francisco à Cova da Iria, por ocasião do Centenário das Aparições, o Vaticano ao Santuário de Fátima de bicicleta, e que teve como objetivo ressaltar a atualidade da mensagem de Fátima e saudar o Santo Padre por também se fazer peregrino da Cova da Iria.

A entrega simbólica da bicicleta benzida pelo Papa Francisco, que contou com a presença dos dez militares que participaram na peregrinação, todos da Brigada de Reação Rápida (Tancos), que percorreram cerca de três mil quilómetros em 17 dias, assim como dos patrocinadores da iniciativa, e das forças vivas da União de Freguesias de Cepães e Fareja, decorreu no decurso de uma celebração eucarística presidida pelo padre Constâncio Gusmão, capelão militar reformado, mas que continua ao serviço do Ordinariato Castrense para Portugal, e que deu assistência espiritual ao grupo que incorporou a peregrinação em bicicleta.




No decurso da celebração eucarística foi reafirmado por todos os envolvidos na iniciativa a importância da mensagem de esperança e de paz que o Papa Francisco trouxe ao povo português aquando do Centenário das Aparições de Fátima.  

Refira-se que além do Museu de N. S. de Guadalupe, um espaço museológico, que se assume como um local de preservação e divulgação das tradições, costumes e heranças sociais da freguesia de Cepães, que agora fica mais enriquecido com esta oferta simbólica, o grupo de militares da Brigada de Reação Rápida (Tancos), tinha já ofertado igualmente uma bicicleta que o grupo usou na peregrinação ao Museu do Vaticano e outra ao Museu do Santuário de Fátima.

sexta-feira, 16 de junho de 2017

Os Gabinetes de Apoio ao Emigrante



Inicialmente concentrados no norte e interior do país, e recentemente alargados à grande Lisboa, Algarve e Alentejo, os Gabinetes de Apoio ao Emigrante (GAE) resultam de Acordos de Cooperação entre a Direção Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas (DGACCP) e as Câmaras Municipais, estabelecidos através de protocolos celebrados entre as duas entidades e que assentam em dois princípios base: a disponibilidade para o atendimento e a proximidade ao utente.

Tendo como destinatários os portugueses que estão emigrados, aqueles que já regressaram, assim como todos os cidadãos que pretendam iniciar um processo migratório, os GAE estão habilitados a tratar de assuntos de segurança social, equivalência de estudos, investimentos, duplas-tributações, pedidos de colocação no estrangeiro, informação jurídica geral e aconselhamento para quem queira emigrar.

Na prática, sendo um instrumento de interligação entre os emigrantes portugueses e os seus territórios de origem e destino, os GAE representam um serviço, gratuito, que as autarquias colocam à disposição dos munícipes, e a que recorrem sobretudo antigos emigrantes para obterem apoio na resolução de questões relacionadas com os pedidos das suas pensões de reforma estrangeiras.

Nesse sentido, e na prossecução da missão alargada dos GAE, que segundo o Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, durante a recente sessão de abertura do III Encontro de Gabinetes de Apoio ao Emigrante, realizaram 24.006 atendimentos que originaram 2.029 processos, torna-se fundamental que estes serviços assumam como desígnio estratégico a dinamização das potencialidades económicas dos concelhos junto das comunidades portuguesas.

Existindo na atualidade mais de uma centena de municípios com Gabinete de Apoio ao Emigrante, estas estruturas disseminadas um pouco por todo o país, têm que evoluir para outro patamar, mais capacitado e inovador, ao nível da atração de empresas, criação de novos postos de trabalho e investimento proveniente das comunidades portuguesas e lusodescendentes que não podem deixar de estar no centro das políticas de desenvolvimento e promoção dos concelhos portugueses.