Morgado de Fafe

O Morgado de Fafe, personagem literária consagrada na obra camiliana, demanda uma atitude proativa perante o mundo. A figura do rústico morgado minhoto marcada pela dignidade, honestidade, simplicidade e capacidade de trabalho, assume uma contemporaneidade premente. Nesse sentido este espaço na blogosfera pretende ser uma plataforma de promoção de valores, de conhecimento e de divulgação dos trabalhos, actividades e percurso do escritor, historiador e professor minhoto, natural de Fafe, Daniel Bastos.

quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Daniel Bastos apresenta livro sobre a diáspora portuguesa no Porto

 

No próximo dia 11 de setembro (domingo), o escritor e historiador Daniel Bastos apresenta na capital do norte de Portugal, o seu mais recente livro “Crónicas - Comunidades, Emigração e Lusofonia”.

Autor - Daniel Bastos

 

A obra, que reúne as crónicas que o historiador tem escrito nos últimos anos em diversos meios de comunicação dirigidos para a diáspora, é apresentada às 17h00 no Fórum da FNAC Santa Catarina, no Porto.

 

Capa do Livro


A apresentação do livro, que é prefaciado pelo advogado e comentador Luís Marques Mendes, e conta com posfácios de Maria Beatriz Rocha-Trindade, Presidente da Comissão de Migrações da Sociedade de Geografia de Lisboa, e de Isabelle Oliveira, Presidente do Instituto do Mundo Lusófono, estará a cargo do ativista cultural Joaquim Pinto da Silva.

Nesta nova obra, composta por cerca de centena e meia de crónicas, e realizada com o apoio da Sociedade de Geografia de Lisboa - Comissão de Migrações, uma das mais relevantes instituições culturais do país, Daniel Bastos pretende “dignificar, reconhecer e valorizar as sucessivas gerações de compatriotas que, por razões muito diversas, saíram de Portugal”.

 

Através de uma assumida visão de compromisso com os emigrantes, o historiador revela o empreendedorismo, as contrariedades, a resiliência e a solidariedade das comunidades portuguesas, a riqueza do seu movimento associativo, e as enormes potencialidades culturais, económicas e políticas que as mesmas representam nas pátrias de acolhimento e de origem. Uma visão que para o autor “emanando do legado histórico português, antevê os emigrantes como argonautas indispensáveis ao desígnio nacional de desbravar os mares desconhecidos do futuro, e antepara a Lusofonia como um espaço indispensável para a afirmação de Portugal no concerto das Nações”.

Professor e autor de vários livros que retratam a história da emigração portuguesaDaniel Bastos é atualmente consultor do Museu das Migrações e das Comunidades, sediado em Fafe, e da rede museológica virtual das comunidades portuguesas, instituída pela Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas.

sábado, 27 de agosto de 2022

Tamem Digo – Uma História de Migrações

 

Nos últimos anos o panorama literário sobre o fenómeno migratório tem sido profusamente enriquecido com um conjunto expressivo de obras de autores nacionais ou lusodescendentes residentes no estrangeiro, que através do mundo dos livros têm dado um importante contributo para o conhecimento de múltiplas dimensões da realidade emigratória portuguesa.

Neste panorama, destacam-se cada vez mais os contributos literários que procuram aclarar o papel das mulheres no seio da emigração. Um dos lados, como refere a investigadora no domínio da História das mulheres e do género, Irene Vaquinhas, “menos conhecido e estudado do fenómeno migratório”.

É o caso do livro Tamem Digo – Uma História de Migrações, recentemente lançado, do escritor e ativista natural de Amarante, e atualmente a residir em Bruxelas, Jorge Pinto. Coautor em 2019 do livro Rendimento Básico Incondicional: Uma Defesa da Liberdade, ano em que venceu o Prémio Ensaio de Filosofia da Sociedade Portuguesa de Filosofia; e das bandas desenhadas Amadeo e Liberdade Incondicional 2049, Jorge Pinto apresenta no seu novo livro uma homenagem à sua avó e às mulheres que ficaram para trás durante a vaga de emigração para França na década de 1960.

Capa do livro Tamem Digo – Uma História de Migrações


 

Profusamente ilustrada pela artista lusodescendente Júlia da Costa, a obra biográfica com chancela da Officina Noctua, conta a história de Maria do Carmo, avó do autor, natural da freguesia de Olo, que no limiar dos anos 60 foi uma de milhares de mulheres que asseguraram a retaguarda familiar em Portugal, enquanto os homens emigravam.

Num país estruturalmente condicionado pelo regime autoritário e conservador que vigorou entre 1933 e 1974, a miséria rural, a ausência de liberdade, a fuga ao serviço militar e a procura de melhores condições de vida, impeliram entre 1954 e 1974, a saída legal ou clandestina, de mais de um milhão de portugueses em direção ao território francês

Essencialmente masculino e oriundo das regiões rurais do norte e centro do país, o fluxo migratório em massa com destino à França, como sustenta Mélanie Mélinda Dias Lopes na tese de mestrado Memórias do salto: memórias da emigração ilegal para França, entre 1954 e 1974, “foi um factor de aumento da probabilidade de celibato para a população feminina (…) ou às chamadas viúvas de vivos”. Ainda que, a partir dos anos 60 as mulheres tenham começado “a emigrar para França
com os maridos ou juntar-se a eles posteriormente, e assim assiste-se a um reagrupamento familiar”.

Como realça Jorge Pinto na introdução do seu novo livro Tamem Digo – Uma História de Migrações, aMaria do Carmo, a Avó Carmo, foi e é uma mulher como tantas outras, com uma vida que poderia ter sido a das vossas avós, das vossas mães ou das vossas irmãs. Nasceu pobre numa aldeia no Norte de Portugal, sobreviveu, emigrou, regressou, tentou viver, amou e foi amada. Onde esteve, foi sempre uma entre muitos. E é por isso que quero falar dela. A História está cheia de heróis, falta-nos falar da gente comum, dos seus sucessos e falhanços, das suas alegrias e tristezas”.