Morgado de Fafe

O Morgado de Fafe, personagem literária consagrada na obra camiliana, demanda uma atitude proativa perante o mundo. A figura do rústico morgado minhoto marcada pela dignidade, honestidade, simplicidade e capacidade de trabalho, assume uma contemporaneidade premente. Nesse sentido este espaço na blogosfera pretende ser uma plataforma de promoção de valores, de conhecimento e de divulgação dos trabalhos, actividades e percurso do escritor, historiador e professor minhoto, natural de Fafe, Daniel Bastos.

domingo, 29 de abril de 2018

Daniel Bastos apresentou Terras de Monte Longo em Bruxelas

No passado sábado (28 de abril), o historiador português Daniel Bastos apresentou o seu mais recente livro “Terras de Monte Longo” na capital da Europa.

A obra, concebida a partir do espólio de um dos mais aclamados fotógrafos portugueses da sua geração, José de Andrade (1927-2008), fotógrafo de renome internacional, premiado e exposto em vários cantos do mundo, foi apresentada na livraria portuguesa La petite portugaise, um novo espaço cultural de referência da comunidade lusa em Bruxelas, junto das instituições europeias.
LEGENDA - Da esq. para a dir.: Francisco Barros Castro, Economista na Comissão europeia, o historiador Daniel Bastos, e Eduarda Ribeiro e Annarita Esposito, colaboradoras da livraria La petite portugaise


A apresentação da obra, uma edição trilingue traduzida para português, francês e inglês com prefácio do conhecido fotógrafo franco-haitiano que imortalizou a história da emigração portuguesa, Gérald Bloncourt, esteve a cargo de Francisco Barros Castro, Economista na Comissão Europeia.






No decurso da sessão de apresentação, que foi abrilhantada com música tradicional do Norte de Portugal, executada em cavaquinho por António Fernandes, o economista Francisco Barros Castro destacou o contributo do livro, em particular, e dos trabalhos desenvolvidos por Daniel Bastos ao longo dos últimos anos, em geral, na preservação dos modos de vida e das memórias relacionadas com o património cultural, material e imaterial das comunidades locais  do norte de Portugal, elementos importantes de construção identitária individual e coletiva, que são conjugados com uma dedicada divulgação junto das comunidades portuguesas.




Refira-se que neste novo livro, realizado com o apoio do Centro Português de Fotografia, instituição pública que assegura a conservação, valorização e proteção legal do património fotográfico nacional, o investigador da nova geração de historiadores portugueses, cujo percurso tem sido alicerçado no seio da Lusofonia, esboça um retrato histórico conciso e ilustrado do interior norte de Portugal em meados dos anos 70.

Através de imagens até aqui inéditas, que José de Andrade captou nessa época em povoados rurais entre o Minho e Trás-os-Montes, o historiador e autor de livros sobre a emigração, aborda as memórias do passado, não muito distante, do Portugal profundo e rural na transição da ditadura para a democracia, um período fundamental da história contemporânea portuguesa, marcado por décadas de carências, isolamento, condições de vida duras e incontáveis episódios de emigração “a salto”.

Refira-se que esta iniciativa cultural na livraria La petite portugaise”, enquadra-se num conjunto de várias sessões de apresentação da obra que estão a ser realizadas, ao longo do presente ano, no seio das comunidades portuguesas residentes no estrangeiro.

sábado, 21 de abril de 2018

O trumpismo dos jovens lusodescendentes nos Estados Unidos


Na sua recente passagem por Lisboa, para participar no Diálogo de Legisladores Luso-Americanos da FLAD (Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento), o presidente do CPAC - Califórnia Portuguese American Coalition, um grupo de lóbi pró português criado em 2016, concedeu ao Diário de Notícias uma entrevista elucidativa sobre a realidade sociopolítica dos jovens lusodescendentes nos Estados Unidos. 

Ao longo da entrevista num dos títulos incontornáveis no panorama da imprensa nacional, Diniz Borges, que é também professor e cônsul honorário de Portugal em Tulare, na Califórnia, manifesta a sua inquietude perante a forma como os jovens lusodescendentes nos Estados Unidos "entram num trumpismo que vai contra os princípios" portugueses.

Não se coibindo de criticar o discurso anti-imigração do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, responsável por “uma clivagem entre os imigrantes”, Diniz Borges, revela que ao mesmo tempo que se orgulham das suas raízes portugueses, muitos jovens lusodescendentes procuram passar uma mensagem que as histórias das suas famílias são diferentes das dos outros imigrantes, mormente dos hispânicos. Nas palavras do presidente do grupo de lóbi pró português na Califórnia "Tentam dizer que os pais ou os avós foram imigrantes mas não assim. Vieram legais".

A retórica e encantamento de jovens lusodescendentes pelo discurso anti-imigração está longe de ser um exclusivo da atual realidade norte-americana. A mesma encontra-se muito presente, por exemplo, em França, onde foi notória nas últimas eleições presidenciais a disposição de muitos jovens lusodescendentes para votarem na extrema-direita liderada por Marine Le Pen, que teve claramente em Donald Trump um aliado e uma motivação supletiva durante o ato eleitoral de abril de 2017.


Nesse sentido, a chamada de atenção de Diniz Borges, ele próprio filho de emigrantes açorianos, sobre a sedução do discurso populista de Donald Trump nos jovens lusodescendentes nos Estados Unidos, ou o feitiço de Marine Le Pen entre os jovens com raízes na comunidade portuguesa em França, tem que ser devidamente tido em conta e dissipado. As jovens gerações de lusodescendentes espalhadas pelos quatro cantos do mundo não podem olvidar que a história coletiva das suas raízes familiares entronca na clandestinidade, em vários casos, e na busca comum de uma vida melhor.