Morgado de Fafe

O Morgado de Fafe, personagem literária consagrada na obra camiliana, demanda uma atitude proativa perante o mundo. A figura do rústico morgado minhoto marcada pela dignidade, honestidade, simplicidade e capacidade de trabalho, assume uma contemporaneidade premente. Nesse sentido este espaço na blogosfera pretende ser uma plataforma de promoção de valores, de conhecimento e de divulgação dos trabalhos, actividades e percurso do escritor, historiador e professor minhoto, natural de Fafe, Daniel Bastos.

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

A Emigração de (in)sucesso



Percecionada tradicionalmente como um fenómeno de realização pessoal e profissional, em que à custa de muito esforço, anos de sacrifício e trabalho árduo, os emigrantes alcançam o êxito lá fora, abundam igualmente na história da emigração portuguesa casos e dimensões marcadas pelo insucesso.  

Para lá dos vários casos de sucesso de self-made men espalhados pelos quatro cantos do mundo, muitos deles de origens humildes e que a partir do zero conseguiram triunfar na vida e construir verdadeiros impérios que dão que falar no mundo dos negócios, avultam na emigração portuguesa situações de compatriotas marcados pelas contrariedades do isolamento, das malhas da pobreza, das barreiras linguísticas, do flagelo do desemprego e da precariedade, que originam dificuldades em cumprir compromissos estabelecidos e riscos de marginalidade.

Encontram-se, por exemplo, nestes casos que geralmente não captam o interesse mediático da sociedade, mas que mostram que a emigração não é só uma história de sucesso, o fenómeno da deportação que tem trazido ao arquipélago dos Açores centenas de cidadãos nacionais expulsos da América do Norte, essencialmente dos Estados Unidos, devido a problemas com a justiça.

Segundo um estudo recente do Centro de Estudos Sociais da Universidade dos Açores (CES-UA), nas últimas décadas os Estados Unidos da América e o Canadá deportaram para os Açores 1.175 emigrantes portugueses, cuja maioria emigraram ainda crianças com os pais à procura de uma vida melhor.

Constrangidos a regressar uma terra, em que em muitos casos já não sabem falar a língua, nem têm ligações, vários destes compatriotas vivem uma verdadeira dupla pena na região autónoma portuguesa no Oceano Atlântico. Uma espécie de prisão a céu aberto, marcada pelo drama da separação forçada das famílias, prolongada pelo facto de a deportação não ser temporária, mas definitiva, 

Para João Rodrigues, autor do ensaio “O Repatriamento nos Açores: da emigração à reinserção”, este fenómeno crescente e cada vez mais dramático “constitui uma forte sanção aos transgressores imigrantes que violam as normas - exclui-os de um espaço polifacetado (físico, social, emocional, económico), onde procuraram integrar-se e não conseguem, por culpa própria e/ou de outrem”.

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Voltar ou ficar, eis a questão



No final do mês passado foram divulgadas as conclusões do estudo "Planos futuros e regulação do bem-estar de imigrantes portugueses idosos no Luxemburgo". Realizada pela única instituição de ensino superior do Grão-Ducado, a investigação teve como principal objetivo saber se a primeira geração de portugueses que foi trabalhar para este pequeno Estado soberano situado na Europa Ocidental, limitado pela Bélgica, França e Alemanha, prefere ficar no país ou regressar a Portugal e que fatores influenciam a decisão.

Numa nação onde vivem mais 90 mil cidadãos de nacionalidade portuguesa, o que equivale a 16% da população residente, o inquérito foi feito a 109 compatriotas com idade média de 55 anos, 65% dos quais ainda a trabalhar, e que maioritariamente declararam querer ficar no Luxemburgo.

Segundo o estudo, na escala de razões que levam a maioria destes emigrantes a optar por fixarem-se no Grão-Ducado, contrariamente à ideia inicial quando chegaram ao Luxemburgo, em que quase todos pensavam regressar a Portugal, encontram-se sobretudo a ligação aos netos, entretanto nascidos no país, e o acesso a cuidados de saúde.

As conclusões desta investigação devem merecer toda a atenção das autoridades portuguesas, porquanto estes motivos que levam a maioria dos emigrantes da primeira geração a decidir não voltar a Portugal após a reforma, seguramente que perpassa muitas das comunidades lusas espalhadas pelos quatro cantos do mundo.

 Os responsáveis políticos portugueses não podem ignorar esta realidade, antes pelo contrário, devem atempadamente estabelecer protocolos de colaboração com as autoridades destes países. Como é o caso do Luxemburgo, onde segundo uma das investigadoras do estudo “daqui a uns anos vai ser preciso adotar medidas para melhorar o quotidiano desta população e facilitar os cuidados nos lares de idosos, por causa, por exemplo, das barreiras linguísticas".

Mesmo no plano nacional, não se pode descurar esta realidade, não só pelos valores culturais e pátrios, mas inclusive pelo peso socioeconómico que, por exemplo, as pensões de reforma e outros benefícios sociais recebidos por emigrantes nos seus países de acolhimento têm no desenvolvimento do território português.

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Este Verão ofereça o livro “Gérald Bloncourt – O olhar de compromisso com os filhos dos Grandes Descobridores”


Este Verão, sinónimo de regresso a Portugal para muitos emigrantes
espalhados pelo mundo, ofereça livros aos outros e a si também!

Adquira o livro “Gérald Bloncourt – O olhar de compromisso com os filhos
dos Grandes Descobridores”, uma obra bilingue (português e francês),
concebida e realizada pelo historiador Daniel Bastos e traduzida pelo
docente Paulo Teixeira, a partir do espólio do conhecido fotógrafo que
imortalizou a história da emigração portuguesa para França nos anos de
1960, nas livrarias de referência ou receba comodamente por via postal o
seu livro em casa, bastando que nos forneça por correio eletrónico o nome
da pessoa a quem se destina o livro e a forma de pagamento (cobrança /
transferência).



Depois é só esperar que o correio bata à porta, e receber esta obra, que
conta com prefácio do consagrado pensador Eduardo Lourenço,
posfácio de Maria da Conceição Tina, “a menina da boneca”, e é enriquecido
com imagens históricas sobre a vida dos emigrantes portugueses, memórias e
mais de centena e meia de outras fotografias originais da maior
importância para a história portuguesa do último meio século. Como
fotografias sobre o quotidiano das cidades de Lisboa, Porto e Chaves nos
anos 60, da viagem a “salto” dos emigrantes além Pirenéus, e das
comemorações do 1.º de Maio de 1974 na capital portuguesa.

Este livro constitui um justo reconhecimento aos protagonistas anónimos
da história portuguesa que lutaram aquém e além-fronteiras pelo direito a
uma vida melhor e à liberdade.


Votos de um bom Verão!


sexta-feira, 11 de agosto de 2017

A balança migratória em Portugal



Em meados deste ano foi disponibilizado online, o relatório anual sobre migrações internacionais da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). 

Nas páginas dedicadas a Portugal, o “International Migration Outlook 2015”, aponta uma diminuição do número de estrangeiros residentes entre 2009 e 2013, e um significativo aumento da emigração desde 2010. Segundo o relatório, a balança migratória nacional (emigração – imigração) apresentou um resultado negativo de 10.500 pessoas em 2015, embora menos acentuado do que em anos anteriores (-30.100 em 2014 e -37.400 em 2012).

No entanto, estes dados que refletem a grave crise económica vivida em Portugal nesse período e levou mesmo à assistência financeira da troika, parecem estar desde o ano passado numa tendência de inflexão. O recente Relatório de Imigração, Fronteiras e Asilo do SEF indica a existência em Portugal de 397,731 imigrantes com título de residência válido, o que significa mais 2,32% de cidadãos estrangeiros residentes em território nacional que no ano anterior.

Segundo o documento do SEF, numa época em que a emigração portuguesa está a diminuir, no ano passado saíram de Portugal 38 mil pessoas, menos duas mil que em 2015, os imigrantes brasileiros continuam a ser a maior comunidade imigrante em território português, com um total de 81251 cidadãos, ou seja 20% dos imigrantes. 

No rol das nacionalidades mais presentes no território português destacam-se, para além do tradicional fluxo africano, a imigração francesa, cuja comunidade registou um aumento superior a 2015 (33%), com 11293 imigrantes legalizados. Assim como a inglesa, que igualmente atraída pela segurança e benefícios fiscais, passou a ser uma das mais relevantes nacionalidades em Portugal (19384 imigrantes), ultrapassando inclusive a angolana (16994 imigrantes). 

Esta estabilização da balança migratória, além de constituir um sinal positivo do cenário macroeconómico nacional, é um indicador do caminho que o país deve continuar a trilhar rumo a um futuro coletivo sustentado, e que passa necessariamente pela diminuição da emigração e pela entrada de imigrantes, elementos fundamentais para Portugal não perder população e competitividade socioeconómica.

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Orlando Pompeu inaugura exposição na Galiza



No início do mês de agosto, o mestre-pintor Orlando Pompeu inaugurou no ArteCafe, no centro da cidade galega de La Guarda, a exposição de pintura com aguarela “Metáforas Pompeuanas”.
 
O mestre-pintor Orlando Pompeu (dir.), acompanhado do casal Angela e Alaitz do ArteCafe, e do historiador Daniel Bastos
A inauguração da exposição de um dos mais conceituados artistas plásticos portugueses da atualidade, detentor de uma obra que está representada em variadas coleções particulares e oficiais em Portugal, Espanha, França, Inglaterra, Brasil, Estados Unidos, Dubai e Japão, assinala a relação umbilical do pintor com a região da Galiza, onde o mesmo tem realizado várias exposições ao longo dos últimos anos, e possui vários admiradores e colecionadores. 

A exposição de Orlando Pompeu, artista plástico que detém uma carreira e currículo nacional e internacional cimeiro, estará patente ao público durante o mês de agosto, época balnear em que a cidade de La Guarda recebe milhares de visitantes.