A Santa Casa da Misericórdia de Paris (SCMP), instituída a 13
de junho de 1994 na esteira das Misericórdias Portuguesas, instituições de
assistência social que ao longo dos tempos se têm assumido
como pilares imorredouros do altruísmo nacional, desempenha um papel
fundamental na dinamização da solidariedade no
seio da comunidade portuguesa em França.
Desde a sua fundação, a Misericórdia de Paris mantém uma
matriz de intervenção que não substitui nem entra em concorrência com os
serviços existentes, tanto franceses como portugueses, antes pelo contrário,
procura complementar e colaborar com os mesmos, atuando quando não há resposta
aos problemas específicos da comunidade portuguesa ou quando as respostas não
são satisfatórias ou são incompletas.
Nesse sentido, a sua missão e valores visam
no
quadro geral da assistência à comunidade portuguesa em terras gaulesas, através
da realização campanhas e ações de solidariedade social, apoiar as pessoas idosas, os jovens sem formação com
dificuldades de inserção, os indigentes, os desempregados de longa duração, os
inválidos, os que padecem de abandono e solidão, os detidos e os que carecem de
necessidade material, moral ou afetiva.
Uma
missão e valores que assumem uma premência vital, tanto que a França continua a
ser o país com mais emigrantes portugueses, mais de um milhão, e contrariamente
à uma certa ideia preconcebida que associa os emigrantes portugueses a percursos
de vida coroados de sucesso, vários são os que vivem com dificuldade,
confrontados com situações de precariedade, de doença, de desemprego, de
abandono ou de solidão.
Parte
desta realidade social, encontra-se analisada no estudo realizado em 2008 pelo
sociólogo e antigo provedor da SCMP, Aníbal de Almeida, intitulado “Os
portugueses em França na hora da Reforma”. Ao longo da sua investigação, o
sociólogo sustenta que um terço dos reformados portugueses residentes no
território gaulês recebe "abaixo do limiar da pobreza", e que
"são muitos os que sofrem de envelhecimento precoce em consequência da
dureza da vida e dos empregos exercidos, penosos para muitos, expostos às
intempéries ou a produtos nocivos, com muitas horas diárias trabalhadas,
incluindo, muitas vezes, os sábados e os domingos, sendo frequente a ocorrência
de acidentes de trabalho, de doenças profissionais e de invalidez".
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