Numa
época em que chegam diariamente a Portugal notícias sobre a grave crise
política, económica e social em que mergulhou a Venezuela, nação onde vivem
cerca de meio milhão de compatriotas que não são imunes aos efeitos da
turbulência que atravessa este país da América do Sul, sobressaiu recentemente
nos meios públicos de comunicação nacionais, um exemplo de esperança e resiliência
de um dos mais considerados representantes da comunidade luso-venezuelana.
Mormente,
o do empresário Aníbal Morgado, um aveirense que emigrou
para a Venezuela há mais de seis décadas, e que é um dos principais
responsáveis pela construção da cidade de Guayana, a metrópole mais povoada do
Estado de Bolívar e do Município de Caroní, com uma população
de mais de um milhão de habitantes.
Um
dos mais importantes centros industriais, económicos e financeiros da
Venezuela, a cidade encerra a particularidade de ter sido construída de raiz nos
anos 60 para responder à necessidade do poder central de criar uma metrópole no
sul do país, com apoio do Instituto de Tecnologia do Massachussetts (MIT).
Ao
longo do último meio século, o esforço de planificação, construção e
desenvolvimento de Guayana, onde se encontram as principais barragens elétricas
da Venezuela e as processadoras de ferro, alumínio, aço, bauxite e outros
minerais, deve muito ao empreendedorismo de Aníbal Morgado, que através do
Consórcio Empresarial Morgado (CEM), erigiu 80% do que é a metrópole em
estradas, edificações, obras industriais e barragens.
Abordando
o seu percurso de vida, marcado pela chegada à Venezuela em 1957, com 16 anos, território
onde o irmão, Manuel Morgado, já vivia há dois anos. O empresário afirmou aos
meios públicos de comunicação nacionais, que embora a Venezuela fosse “um país
de muita esperança e neste momento essa esperança está bastante truncada”, está
confiante que "depois de passar esta tempestade, o país ressurgirá porque
a Guayana sempre tem sido uma zona de muita riqueza" e que por isso não
pensa “ir embora”, acreditando que em Guayana “há futuro".
O
exemplo de constância e resiliência perfilhado por Aníbal Morgado pode e deve
constituir um renovado sinal de esperança no futuro da numerosa comunidade portuguesa,
que tem enfrentado vários dilemas e momentos de incerteza na Venezuela.
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