No decurso da semana passada, fomos surpreendidos com a triste notícia do
falecimento em Paris do empresário Cândido Faria, um dos mais destacados
empresários e beneméritos da comunidade portuguesa em França, a
mais numerosa das comunidades lusas no Velho Continente, rondando um milhão de
pessoas.
Natural
de Riba de Ave, vila do concelho minhoto de Famalicão, Manuel Cândido Faria
chegou França aos 12 anos, onde começou a trabalhar no ramo da construção civil
aos 16 anos, tendo pouco tempo depois, aos 22 anos, adquirido a empresa onde
obteve o seu primeiro trabalho.
Exemplo
genuíno de um self-made man, o sucesso que alcançou ao
longo das décadas no mundo dos negócios foi constantemente acompanhado de um
generoso apoio a projetos emblemáticos da comunidade portuguesa no território
gaulês. Como foi o caso das obras da Casa de
Portugal em Paris, construída na década de 1960, por iniciativa de Azeredo
Perdigão, então diretor da Fundação Calouste Gulbenkian, e recentemente
renovada, graças entre outros, a Cândido Faria cuja filantropia revelou-se
decisiva na renovação das salas Fernando Pessoa e Vieira da Silva que acolhem
anualmente mais de uma centena de eventos culturais.
A
dimensão benemérita do empresário português radicado em França beneficiou ainda
ultimamente a renovação da igreja de Gentilly, no sul
de Paris, entregue no final dos anos 70 à comunidade portuguesa, e encontra-se
igualmente plasmada na construção da Casa de Portugal em Plaisir, nos
arredores de Paris, e na Casa do Benfica na capital francesa.
A
trajetória de sucesso e o cariz altruísta de Cândido Faria foram reconhecidas
em 2016, durante as comemorações
oficiais do 10 de junho em Paris, tendo o empresário
recebido das mãos do Presidente da República, Marcelo
Rebelo de Sousa, o grau de
oficial da Ordem de Mérito.
Numa
época em que as comunidades portuguesas enfrentam dificuldades devido à pandemia,
evocar o exemplo e memória de Cândido Faria constitui um lampejo de esperança e
de empenho coletivo na construção de um futuro melhor assente em princípios basilares
de entreajuda, progresso e solidariedade.
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