Morgado de Fafe
O Morgado de Fafe, personagem literária consagrada na obra camiliana, demanda uma atitude proativa perante o mundo. A figura do rústico morgado minhoto marcada pela dignidade, honestidade, simplicidade e capacidade de trabalho, assume uma contemporaneidade premente. Nesse sentido este espaço na blogosfera pretende ser uma plataforma de promoção de valores, de conhecimento e de divulgação dos trabalhos, actividades e percurso do escritor, historiador e professor minhoto, natural de Fafe, Daniel Bastos.
domingo, 9 de junho de 2024
Porto foi palco de apresentação do livro “Memórias da Ditadura"
No passado sábado (8 de junho), foi apresentado no Porto o livro “Memórias da Ditadura – Sociedade, Emigração e Resistência”.
A obra, concebida pelo historiador Daniel Bastos a partir do espólio fotográfico inédito de Fernando Mariano Cardeira, antigo oposicionista, militar desertor, emigrante e exilado político, foi apresentada na livraria Unicepe.
Mesa da sessão de apresentação do livro “Memórias da Ditadura – Sociedade, Emigração e Resistência” (Da esq. para dir.: o investigador José Pacheco Pereira, ladeado do antigo oposicionista Fernando Mariano Cardeira, e do historiador Daniel Bastos)
A sessão de apresentação, que encheu este espaço cultural de referência na cidade invicta, esteve a cargo do historiador e investigador José Pacheco Pereira, fundador da associação cultural Ephemera, que assina o prefácio do livro.
Enaltecendo o percurso de vida de Fernando Mariano Cardeira na defesa dos ideais da liberdade e da democracia, assim como o da livraria Unicepe, um espaço cultural nascido nos anos 60 que se assumiu como um importante centro de resistência à ditadura. José Pacheco Pereira assegurou que “tudo o que constituía contexto dos anos finais da ditadura está presente neste livro, o país pobre, miserável e injusto onde, desde a mortalidade infantil à nascença, ao analfabetismo, aos bairros da lata, à insegurança de viver em sítios errados quando havia um desastre como as cheias de 1967, que matou “naturalmente” os mais pobres e deixou incólumes os mais ricos, mesmo quando viviam em locais onde choveu mais, o movimento estudantil que tinha tirado as universidades ao controlo de regime, o movimento operário reprimido nos seus mínimos direitos, a condição das mulheres vítimas de todas as violências que a censura proibia de contar, já para não falar da repressão, das prisões, da tortura, e, por fim, da guerra colonial”.
Refira-se que nesta nova obra, uma edição bilingue (português e inglês) com tradução de Paulo Teixeira, realizada com o apoio institucional da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril, Daniel Bastos revela o espólio singular de Fernando Mariano Cardeira, cuja lente humanista e militante teve o condão de captar fotografias marcantes para o conhecimento da sociedade, emigração e resistência à ditadura nos anos 60 e 70.
Mormente, o quotidiano de pobreza e miséria em Lisboa, a efervescência do movimento estudantil português, o embarque de tropas para o Ultramar, os caminhos da deserção, da emigração “a salto” e do exílio, uma estratégia seguida por milhares de portugueses em demanda de melhores condições de vida e para escapar à Guerra Colonial nos anos 60 e 70.
Refira-se que em plena celebração de meio século de liberdade em Portugal, e das comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, a obra lançada no decurso do mês de abril foi já apresentada em várias capitais de distrito do país, assim como junto da comunidade portuguesa em Toronto, estando agendadas ao longo do ano novas apresentações noutros espaços do território nacional e no seio da Diáspora.
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