Morgado de Fafe

O Morgado de Fafe, personagem literária consagrada na obra camiliana, demanda uma atitude proativa perante o mundo. A figura do rústico morgado minhoto marcada pela dignidade, honestidade, simplicidade e capacidade de trabalho, assume uma contemporaneidade premente. Nesse sentido este espaço na blogosfera pretende ser uma plataforma de promoção de valores, de conhecimento e de divulgação dos trabalhos, actividades e percurso do escritor, historiador e professor minhoto, natural de Fafe, Daniel Bastos.

domingo, 25 de agosto de 2024

George Perry: um neurocientista com orgulho nas raízes portuguesas

A comunidade lusa nos Estados Unidos da América (EUA), cuja presença no território se adensou entre o primeiro quartel do séc. XIX e o último quartel do séc. XX, período em que se estima que tenham emigrado cerca de meio milhão de portugueses essencialmente oriundos dos Arquipélagos dos Açores e da Madeira, destaca-se hoje pela sua perfeita integração, inegável empreendedorismo e relevante papel económico e sociopolítico na principal potência mundial. Atualmente, segundo dados dos últimos censos americanos, residem nos EUA mais de um milhão de portugueses e luso-americanos, principalmente concentrados na Califórnia, Massachusetts, Rhode Island e Nova Jérsia. A grande maioria da população luso-americana trabalha por conta de outrem, na indústria, mas são já muitos os que trabalham nos serviços ou se destacam na área científica, no ensino, nas artes, nas profissões liberais e nas atividades políticas. Entre as várias trajetórias de portugueses ou lusodescendentes que se distinguem pelo papel empreendedor e inovador no contexto da sociedade norte-americana, e que constituem simultaneamente um ativo estratégico na promoção internacional e de investimento económico em Portugal, destaca-se o percurso inspirador do neurocientista George Perry, um dos principais investigadores mundiais da doença de Alzheimer. Neto de portugueses das ilhas açorianas do Pico e de Santa Maria que emigraram para os EUA no alvorecer do séc. XX, George Perry nasceu perto de Lompoc, cidade localizada no estado americano da Califórnia, no condado de Santa Bárbara. Tendo crescido numa quinta isolada, o pai era agricultor e cortava a relva num campo de golfe, a mãe era empregada de limpeza num hotel, o esforço e a resiliência que o jovem lusodescendente apreendeu no seio familiar. impeliram desde muito cedo um gosto peculiar pela formação inicial em Biologia. Depois desta primeira etapa de formação como biólogo marinho, que passou pela graduação na Universidade da Califórnia em Santa Bárbara na década de 1970; a aquisição de experiência profissional na Estação Marítima de Hopkins, em Stanford, e um doutoramento na Scripps Institution of Oceanography em La Jolla, um centro de oceanografia e ciências da terra sediado na Universidade da Califórnia, em San Diego. George Perry iniciou a partir dos anos 80 um percurso notável e de referência no âmbito doença de Alzheimer, a forma mais comum de demência, caracterizada por uma redução no número e tamanho das células cerebrais que deteriora de forma irreversível as funções cognitivas dos doentes. A linguagem, o pensamento, a atenção e a concentração são algumas das funções afetadas pela doença que leva à morte das células cerebrais e ao corte de comunicação dentro do cérebro. Professor de Biologia e Decano da Faculdade de Ciências na Universidade do Texas em San Antonio, George Perry é atualmente um dos principais investigadores da doença de Alzheimer, com mais de 1.000 publicações, e um dos 100 cientistas mais citados em neurociência e comportamento. Contexto que concorre para que seja uma referência mundial na doença de Alzheimer, como corrobora o facto de ser, entre outros, diretor editorial do “Journal of Alzheimer’s Disease”, e tenha sido reconhecido com o “Distinguished University Chair in Neurobiology” da Semmes Foundation. Uma das dimensões mais singulares do neurocientista, que é também Presidente da American Association of Neuropathologists e da Southwestern and Rocky Mountain Division of the American Association for the Advancement of Science, e membro de inúmeras associações e organizações ligadas à Ciência, como as Academias de Ciência do México, Portugal e Espanha, é o seu profundo apego às raízes portuguesas. Ao longo dos últimos anos George Perry tem estreitado a ligação com a pátria de origem dos seus antepassados, como atesta o facto de ser um dos principais dinamizadores da National Organization of Portuguese Americans (NOPA), e da TEXASPALC – Texas Portuguese American Leadership Conference. Assim como, jurado da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa para o prémio anual de Neurociências, e desde 2018, membro do Conselho da Diáspora Portuguesa. Uma associação constituída com o Alto Patrocínio do Presidente da República que tem como propósito estreitar as relações entre Portugal e a sua diáspora, portugueses e luso-descendentes, para que estes através do seu mérito e influência contribuam para a afirmação universal dos valores e cultura portuguesa, bem como para a elevação e reforço permanente da reputação do país. Uma das figuras mais proeminentes da comunidade luso-americana, o percurso notável de vida e profissional de George Perry, aliado ao seu profundo apego às raízes portuguesas, inspira-nos a máxima do poeta e dramaturgo alemão August Graf von Platen: “O ideal deve, como a árvore, ter as suas raízes na terra”.

domingo, 18 de agosto de 2024

A magnanimidade da diáspora em prol dos Bombeiros

Um dos mais importantes pilares da proteção civil em Portugal, os Bombeiros desempenham um serviço fundamental em ações de socorro decorrentes de acidentes rodoviários, combate a incêndios, desastres naturais e industriais, emergência pré-hospitalar e transporte de doentes, assim como abastecimento de água às populações, socorros a náufragos, e inúmeras ações de prevenção e sensibilização junto das populações. Exemplos de altruísmo e de cidadania, às vezes sem o devido reconhecimento dos poderes políticos, as corporações de bombeiros em Portugal debatem-se constantemente com grandes dificuldades, resultantes da falta crónica de meios financeiros, que em muitos casos entravam inclusive a prestação de serviços essenciais às populações. Ao longo dos últimos anos, muitas destas dificuldades e entraves, agravados pelos contextos das crises económicas, têm sido mitigados e ultrapassados graças à generosidade de vários emigrantes portugueses, que um pouco por todo o território nacional são um apoio vital para o funcionamento de corporações e para a prossecução de relevantes serviços prestados pelos bombeiros às populações. Um desses exemplos paradigmáticos encontra-se plasmado na magnanimidade do emigrante luso-americano Manuel Carvalho, natural de Tamengos, concelho de Anadia. Ao longo das últimas décadas, o conhecido empresário na área da restauração em Mineola, vila que fica a 30 quilómetros da cidade de Nova Iorque, e em que 15% dos seus cerca de 21 mil habitantes são de origem portuguesa, tem dinamizado um conjunto significativo de iniciativas de apoio aos Bombeiros Voluntários de Anadia, uma entidade de utilidade pública e carácter humanitário que remonta a 1933. A notável filantropia do empresário luso-americano tem possibilitado, nos últimos anos, encontrar formas e meios para apetrechar os Bombeiros Voluntários do município inserido em pleno centro da Região da Bairrada. Entre as várias iniciativas, destaca-se por exemplo, a que dinamizou no verão de 2016, quando teve conhecimento das dificuldades financeiras dos bombeiros da sua terra natal, contexto que o motivou no alvorecer do ano seguinte a organizar um evento solidário em prol da coletividade anadiense. A iniciativa, que decorreu durante um jantar na Churrasqueira Bairrada, da qual é proprietário, mobilizou a comunidade luso-americana de Mineola e permitiu a angariação de uma quantia de cerca de 25 mil euros, que foram entregues à Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Anadia com o objetivo de auxiliar nas obras do quartel e na aquisição de uma viatura. A sua constante e desprendida generosidade com a corporação do seu torrão natal, é acompanhado de um constante apoio aos bombeiros do território de acolhimento e de origem da sua esposa Jackie Carvalho. Em razão disso, além de Bombeiro Honorário em Mineola, no ano transato recebeu a mais alta distinção honorária dos Bombeiros da República do Panamá. Ainda no final desse ano, o emigrante anadiense foi entronizado como “Embaixador dos Bombeiros Voluntários de Anadia em Mineola”, no âmbito do 90.º aniversário da corporação. No decurso da cerimónia foi justamente atribuído a Manuel Carvalho o título de “sócio benemérito n.º 1365” e um “Diploma de Reconhecimento” em nome da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Anadia. Nos fundamentos do Diploma, é reconhecido e enaltecido «o relevante e imprescindível apoio concedido a esta Associação pelo anadiense Manuel Carvalho, a partir dos Estados Unidos da América, pais onde reside», salientando-se que o mesmo está «sempre atento às necessidades desta Associação e por se mostrar disponível para colaborar na importante missão dos Bombeiros de Anadia». A singular magnanimidade de Manuel Carvalho em prol dos Bombeiros Voluntários de Anadia, que em 2021 tinham já distinguido o emigrante luso-americano com uma "Medalha de Mérito da Associação" pelo papel de essencial importância na angariação de fundos para a aquisição de uma ambulância para a corporação, alenta a máxima da poeta e escritora Iara Schmegel: “Bombeiros, aqueles que acendem a chama da esperança”.

segunda-feira, 12 de agosto de 2024

John da Silva: um exemplo de dedicação à comunidade portuguesa na Austrália

A comunidade portuguesa na Austrália, cujas raízes remontam à segunda metade do séc. XX com a chegada de um grupo pioneiro de emigrantes madeirenses à cidade portuária de Freemantle, destaca-se atualmente pela sua perfeita integração no continente-ilha, situado no hemisfério sul, na Oceânia. Conquanto, os dados oficiais apontem para que vivam hoje pouco mais de 55 mil portugueses na Austrália, a comunidade lusa encontra-se disseminada por metrópoles como Perth, Melbourne ou Sidney, onde é possível encontrar centros culturais e recreativos, restaurantes e bairros onde se pode falar exclusivamente a língua de Camões. Neste esforço de preservação e dinamização da herança cultural portuguesa no território australiano, tem-se destacado ao longo dos últimos anos o papel dedicado do emigrante empreendedor madeirense John da Silva. Natural de São Pedro no Funchal, freguesia onde nasceu em 1956, sendo a mãe da Madalena do Mar e o pai da Calheta, João (“John”) da Silva, emigrou para a Austrália em 1969 onde encetou nas últimas décadas um notável percurso no mundo empresarial. Primeiramente no comércio grossista de produtos alimentares, que passou pelo fornecimento de navios, venda a retalho, agricultura, essencialmente morangos, e bebidas alcoólicas para o Médio Oriente, Ásia e Austrália. A trajetória de sucesso do emigrante da “pérola do Atlântico” engrandeceu-se enquanto Diretor-Geral de empresas como a Allstates Fruit & Veg Merchants e Allstates Agricultural Products Pty Ltd, experiência profissional que o catapultou para uma figura proeminente no panorama empresarial da Austrália Ocidental. Uma outra dimensão notável de John da Silva, é a profunda ligação que mantém às suas raízes em simbiose com uma dedicação abnegada em prol da herança cultural portuguesa na Austrália. Desde logo, na qualidade de cônsul honorário em Perth, capital da Austrália Ocidental, funções que tem exercido nos últimos 7 anos, de forma não remunerada, na defesa dos interesses de cerca de 4 mil cidadãos lusos registados na região, assim como dos não registados que devem ascender a cerca de 15 mil pessoas. Maioritariamente, portugueses originários da ilha da Madeira, como seja o caso das freguesias da Madalena do Mar ou do Paul do Mar, que recorrem ao Consulado Honorário de Portugal em Perth para obter e renovar passaportes, realizar procurações e todo o tipo de certificados. Durante o seu consulado, John da Silva foi o mentor da gala “Western Austrália Portuguese Citizen of the Year”, que homenageia anualmente emigrantes portugueses em diversas áreas pelo seu trabalho e dedicação em prol da comunidade portuguesa na Austrália. Uma iniciativa, que ao reconhecer a excelência e potencial da comunidade luso-australiana, simultaneamente, divulga e promove a cultura, a identidade, a tradição e a língua portuguesa no país continental cercado pelos oceanos Índico e Pacífico. Uma outra relevante iniciativa que tem o cunho do cônsul honorário de Portugal em Perth, é indubitavelmente a Escola Portuguesa em Fremantle, na região metropolitana de Perth. Um estabelecimento de ensino que iniciou a sua missão com aulas de língua portuguesa para adultos e crianças, dos 6 aos 18 anos, mas que dado o seu crescimento apresenta também aulas de inglês e de guitarra portuguesa, assim como um projeto precursor relacionado com a língua de Camões para crianças em idade pré-escolar. A dedicação abnegada em prol da herança cultural lusa na Austrália, concorreu diretamente para desde o ocaso de 2023, o emigrante empreendedor madeirense seja membro do Conselho da Diáspora Portuguesa. Uma associação constituída com o Alto Patrocínio do Presidente da República que tem como propósito estreitar as relações entre Portugal e a sua diáspora, portugueses e luso-descendentes, para que estes através do seu mérito e influência contribuam para a afirmação universal dos valores e cultura portuguesa, bem como para a elevação e reforço permanente da reputação do país. Uma das figuras mais conhecidas da comunidade luso-australiana, o exemplo de vida de John da Silva, inspira-nos a máxima do filósofo e ensaísta espanhol José Ortega y Gasset: "É na medida em que dedicamos a vida a algo que a faremos plenamente."

sábado, 10 de agosto de 2024

Memórias da ditadura revisitadas na Festa do Emigrante em Fafe

Na passada sexta-feira (9 de agosto), foi apresentado em Fafe o livro “Memórias da Ditadura – Sociedade, Emigração e Resistência”. A obra, concebida pelo historiador Daniel Bastos a partir do espólio fotográfico inédito de Fernando Mariano Cardeira, antigo oposicionista, militar desertor, emigrante e exilado político, foi apresentada no Salão Nobre do Teatro-Cinema de Fafe, no âmbito da Festa do Emigrante que se celebra anualmente na “Sala de Visitas do Minho”, de forma a assinalar a chegada dos milhares de emigrantes dos quatro cantos do mundo que todos os anos regressam ao concelho. A sessão, que encheu o espaço cultural de referência em Fafe com atuais e antigos emigrantes, oriundos de França, Brasil, Suíça, Luxemburgo e Canadá, computou a presença do Presidente do Município de Fafe, Antero Barbosa, e da Vereadora da Cultura, Paula Nogueira.
Sessão de apresentação do livro “Memórias da Ditadura: Sociedade, Emigração e Resistência” no Salão Nobre do Teatro-Cinema de Fafe (da dir. para a esq.: o historiador Daniel Bastos, a vereadora da Cultura do Município de Fafe, Paula Nogueira, o fotógrafo Fernando Mariano Cardeira, o Presidente do Município de Fafe, Antero Barbosa, e o tradutor Paulo Teixeira) Nesta nova obra, uma edição bilingue (português e inglês) com tradução de Paulo Teixeira, realizada com o apoio institucional da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril, Daniel Bastos revela o espólio singular de Fernando Mariano Cardeira, cuja lente humanista e militante teve o condão de captar fotografias marcantes para o conhecimento da sociedade, emigração e resistência à ditadura nos anos 60 e 70. Nomeadamente, o quotidiano de pobreza e miséria em Lisboa, a efervescência do movimento estudantil português, o embarque de tropas para o Ultramar, os caminhos da deserção, da emigração “a salto” e do exílio, uma estratégia seguida por milhares de portugueses em demanda de melhores condições de vida e para escapar à Guerra Colonial nos anos 60 e 70. No decurso da sessão, foi inaugurada uma exposição fotográfica alusiva ao espólio fotográfico de Fernando Mariano Cardeira, protocolarmente doado pelo antigo oposicionista, militar desertor, emigrante e exilado político ao Museu das Migrações e das Comunidades. Um espaço museológico sediado em Fafe, precursor no seu género em Portugal, cuja missão e objetivos assentam no estudo, preservação e comunicação das expressões materiais e simbólicas da emigração portuguesa.
Créditos fotográficos: Luís Carvalhido

sábado, 3 de agosto de 2024

Comendador Manuel Eduardo Vieira: a emigração como força civilizadora

O verão em Portugal é sinónimo de regresso a casa para milhares de emigrantes, que vindos de vários pontos do mundo, retornam à terra-mãe para gozar um merecido período de férias, e simultaneamente matar saudades da família e dos amigos. As aldeias de Portugal continental e insular enchem-se por esta altura de vida, de dinâmica no comércio, de ânimo nas festividades, de abraços reconfortantes e de casas que se abrem, quando ao longo de quase todo o ano se encontram fechadas, a aguardar a visita de muitos dos seus donos que demandam no estrangeiro melhores condições de vida. Um cenário de bem-estar que nesta época estival olvida momentaneamente o acentuado despovoamento e envelhecimento dos territórios de baixa densidade. De facto, muitos dos emigrantes, os mais genuínos embaixadores de Portugal nos quatro cantos do mundo, mantém um profundo apego aos seus torrões de origem, e nos verões, mas também ao longo de todos os anos, têm dado um contributo fundamental para a subsistência da cultura, da economia e das dinâmicas sociais das suas povoações. Um desses exemplos paradigmáticos encontra-se plasmado na figura empreendedora e filantropa do comendador Manuel Eduardo Vieira. Natural da Silveira, povoado da ilha do Pico, arquipélago dos Açores, Manuel Eduardo Vieira antes de se fixar na América, emigrou em 1962, no início do deflagrar da Guerra do Ultramar, para o Rio de Janeiro. A estadia no Brasil, que durou cerca de uma década, serviu de trampolim para um percurso de self-made man que encetou no começo dos anos 70 no estado norte-americano da Califórnia. Com uma trajetória de notável mérito e trabalho hercúleo, tornou-se, a partir do Vale de São Joaquim, através da sua empresa A.V. Thomas Produce no maior produtor de batata-doce biológica do mundo. Contexto que, levou inclusive, na década de 90 a cadeia de supermercados Safeway a oferecer a Manuel Eduardo Vieira uma placa de matrícula personalizada com as palavras King Yam “Rei da Batata-Doce”. O emigrante picoense tem mantido um constate apego ao seu torrão natal através de um extraordinário sentimento filantropo. Na sua terra natal, onde tem passados nos últimos anos cada vez mais tempo, entre outros exemplos notáveis de empreendedorismo e filantropia, alavancou a construção do supermercado LajesShopping, hoje Âncora, com o lema “por amor ao Pico”. Assim como, generosos apoios à Igreja Paroquial de São Bartolomeu da Silveira; Igreja Paroquial de São João; Sociedade Filarmónica Liberdade Lajense; Sociedade Filarmónica União e Progresso Madalense; Sociedade Filarmónica União Artista de São Roque; Sociedade Recreio União Prainhense; Clube Boa Vista de São Mateus; Grupo de Chamarritas e Bailes de Roda da Casa do Povo das Ribeiras. A dimensão benemérita do comendador Manuel Eduardo Vieira na sua terra-mãe encontra-se ainda singularmente patente no Centro Social da Silveira, onde foi o principal benemérito da obra, inaugurada em 2003, do Salão do Centro Social, Cultural e Recreativo. Uma estrutura polivalente, com capacidade para 700 pessoas e parque de estacionamento, que ao longo das últimas décadas tem desempenhado uma missão fundamental na promoção da música de instrumentos de corda, no apoio aos seniores, à juventude e às irmandades estabelecidas no território arquipelágico. Por isso, não é de admirar que em 2017 tenha sido inaugurada pela Câmara Municipal das Lajes do Pico, uma estátua do comendador Manuel Eduardo Vieira, concebida pelo artista natural do Pico, Rui Goulart, e colocada na praceta do Centro Social da Silveira. No decurso da cerimónia de inauguração, encorpada pelas forças vivas da comunidade, do poder local e regional, todos foram unânimes em reconhecer a distinta generosidade que o ilustre filho da terra tem distribuído pelas instituições da ilha do Pico, extensíveis a várias coletividades da comunidade luso-americana. Uma das figuras mais gradas da imensa comunidade portuguesa na Califórnia, latitude da diáspora onde se encontra radicado há meio século, o percurso de vida e a devoção do comendador Manuel Eduardo Vieira à sua terra-mãe, concorre para que o entendimento oitocentista de Eça de Queirós, “a emigração como força civilizadora”, se mantenha atual no âmago das comunidades portuguesas.