O
conhecido fotógrafo franco-haitiano Gérald Bloncourt (n.1926) é na atualidade
uma das personalidades mais importantes da história e memória do fenómeno
migratório português.
Radicado
em Paris há mais de meio século, o antigo fotojornalista e colaborador de
jornais de referência no campo social e sindical, teve o condão de retratar a
chegada das primeiras levas massivas de emigrantes portugueses para França nas
décadas de 1950 e 1960. A lente humanista do fotógrafo com dotes poéticos
captou com particular singularidade as duras condições de vida dos nossos
compatriotas nos bairros de lata nos arredores de Paris, conhecidos como
bidonvilles, como os de Saint-Denis ou Champigny, com condições de
habitabilidade deploráveis, sem eletricidade, sem saneamento nem água potável,
construídos junto das obras de construção civil.
Menos
conhecidas, mas nãos menos importantes, são as imagens que Gérald Bloncourt captou
durante a sua primeira viagem a Portugal nos anos 60, onde retratou o
quotidiano das cidades de Lisboa, Porto e Chaves. Assim como as da viagem a
“salto” que fez com emigrantes além Pirenéus, e as das comemorações do 1.º de
Maio de 1974 em Lisboa, que permanece ainda hoje como a maior manifestação
popular da história portuguesa.
O
trabalho fotográfico de Bloncourt sobre a emigração lusitana constituiu um
valioso repositório do último meio século português, que resgata das penumbras
do esquecimento os protagonistas anónimos da história portuguesa
que lutaram aquém e além-fronteiras pelo direito a uma vida melhor e à
liberdade.
O
inestimável serviço que Bloncourt prestou aos portugueses, e que o imortaliza
como o fotógrafo da emigração portuguesa, está na base da justíssima condecoração
de
Comendador da Ordem do Infante D. Henrique, que o Presidente da República
Portuguesa lhe atribuiu nas comemorações oficiais do 10 de junho, Dia de
Portugal, de Camões e das Comunidades, em Paris.
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