O
imperioso processo sociocultural de reconhecimento, valorização
e dignificação da emigração que se tem encetado na
sociedade portuguesa ao longo das últimas décadas, aliado ao peso estruturante
que o fenómeno ocupa no provir nacional, tem concorrido para o surgimento de um
conjunto significativo de teses de doutoramento e
dissertações de mestrado sobre a emigração lusa.
Este
relevante conjunto de trabalhos académicos, sustentados ainda com a realização
de seminários, congressos e artigos científicos, representam um novo
conhecimento para a área de estudo da emigração, tanto que os mesmos perpassam
várias áreas de investigação e de conhecimento, como é o caso, da História, da Sociologia,
da Linguística ou da Psicologia.
É
no campo desta última ciência que estuda o comportamento e os processos mentais
dos indivíduos, que decorre neste momento um original estudo / projeto, no
âmbito do Doutoramento em Psicologia Social do académico Carlos Barros. O investigador
do Centro de Investigação em Ciência Psicológica da Universidade de Lisboa pretende
com a sua tese de especialização, saber como é que as pessoas (emigrantes e
família em Portugal) se sentem integradas e “conectadas”, como se veem em
família e como cidadãos.
Para
atingir estes objetivos, o jovem investigador criou um inquérito com questões cuidadosamente
elaboradas e adaptadas de autores de referência, que pretendem ir ao encontro
dos temas mais importantes de se conhecer nestas realidades. No caso concreto
dos emigrantes, procura também, através da construção e desenvolvimento dos
dados abonados pelo inquérito, saber como estes se sentem nos países onde
vivem.
Não
sendo ainda conhecidas as conclusões deste original trabalho académico, compartilho
o excerto vivencial do fotógrafo
e contador de histórias,
Marco Gil, que
aventa que "O coração de
um emigrante tem residência fixa, conhece o cheiro do país pelo detalhe e, se
olharmos para o lado, vive sempre um perto de nós. E ainda que não lhe
conheçamos a presença nunca na verdade lhes sentimos a ausência. Sei que nós,
os que ficamos, sentimos a amargura daquela gente mas a dimensão da tristeza de
quem tem que partir e ficar para trás é de um sentimento avassalador."
Sem comentários:
Enviar um comentário