Morgado de Fafe
O Morgado de Fafe, personagem literária consagrada na obra camiliana, demanda uma atitude proativa perante o mundo. A figura do rústico morgado minhoto marcada pela dignidade, honestidade, simplicidade e capacidade de trabalho, assume uma contemporaneidade premente. Nesse sentido este espaço na blogosfera pretende ser uma plataforma de promoção de valores, de conhecimento e de divulgação dos trabalhos, actividades e percurso do escritor, historiador e professor minhoto, natural de Fafe, Daniel Bastos.
domingo, 23 de novembro de 2025
O lançamento da primeira pedra da nova Casa dos Açores de Hilmar, na Califórnia
A comunidade lusa nos Estados Unidos da América (EUA), cuja presença no território se adensou entre o primeiro quartel do séc. XIX e o último quartel do séc. XX, período em que se estima que tenham emigrado cerca de meio milhão de portugueses essencialmente oriundos dos Arquipélagos dos Açores e da Madeira, destaca-se hoje pela sua perfeita integração, inegável empreendedorismo e relevante papel socioeconómico-cultural na principal potência mundial.
Hodiernamente, segundo dados dos últimos censos americanos, residem nos EUA mais de um milhão luso-americanos, sendo que só no estado mais populoso do país, a Califórnia, residem mais de 300 mil, na sua maioria oriundos dos Açores, que trabalham por conta de outrem, na indústria. Embora, sejam muitos, os que trabalham nos serviços ou se destacam na área científica, no ensino, nas artes, nas profissões liberais e nas atividades políticas.
No seio das numerosas comunidades luso-americanas da Califórnia, o estado com maior diáspora de origem portuguesa nos EUA, proliferam dezenas de associações recreativas e culturais, meios de comunicação social, clubes desportivos e sociais, fundações para a educação, bibliotecas, grupos de teatro, bandas filarmónicas, ranchos folclóricos, casas regionais, sociedades de beneficência e religiosas. E inclusive, um espaço museológico que homenageia e perpetua a herança cultural portuguesa na Califórnia, mormente, o Museu Histórico de São José.
Ao longo das últimas décadas, umas das associações recreativas e culturais que mais tem contribuído para a dinamização da açorianidade e portugalidade no estado mais populoso dos Estados Unidos, é indubitavelmente a Casa dos Açores de Hilmar, no Vale de San Joaquin, um dos mais tradicionais e relevantes centros da emigração portuguesa na Califórnia.
Fundada em 1977, a instituição tem desde a sua génese como objetivos principais, o fortalecimento da identidade e a memória cultural açoriana, em particular, e portuguesa, em geral, através da música, do desporto, da literatura e da recriação de tradições religiosas, como seja o caso, das celebrações do Espírito Santo.
No passado dia 20 de novembro, a Casa dos Açores de Hilmar, membro do Conselho Mundial das Casas dos Açores, deu um passo marcante para honrar o passado, celebrar o presente e construir o futuro, através do lançamento da primeira pedra da sua nova sede. Um novo espaço, orçado em vários milhões de dólares, cuja conclusão se encontra prevista para o final do próximo ano, e que funcionará como um moderno centro cultural multifuncional, capaz de acolher festas e uma variedade de atividades culturais, como exposições, concertos, eventos literários, colóquios, programas intergeracionais, encontros sociais ou celebrações comunitárias.
Um passo marcante, e concomitantemente, um sinal de esperança no presente e futuro do associativismo luso-californiano, que enfrenta atualmente um desafio complexo, que advém essencialmente do envelhecimento dos seus quadros dirigentes, porquanto nas últimas décadas a América do Norte tornou-se um destino secundário da emigração portuguesa. Um presente e futuro do associativismo luso-californiano, que como na restante América do Norte, deve passar pela diversificação de atividades de animação sociocomunitária, que possam conciliar a cultura tradicional enraizada no movimento associativo, com novas dimensões socioculturais, como o cinema, a literatura, o design, a dança, o teatro, a arte ou a moda, entre outros, de modo a atrair as jovens gerações de lusodescendentes, genuínos impulsionadores da presença portuguesa.
Nesse sentido, o lançamento da primeira pedra da nova Casa dos Açores de Hilmar, é uma “pedrada no charco”, um passo seguro no caminho que honra o passado, constrói o presente e assegura o futuro. Paradigmaticamente espelhada, em dois dos rostos mais visíveis da atual instituição, designadamente, o jovem e dinâmico lusodescendente, George Costa Jr., presidente da Casa dos Açores de Hilmar, e o seu vice-presidente, o comendador Manuel Eduardo Vieira, um dos mais proeminentes emigrantes e beneméritos da comunidade portuguesa na Califórnia.
Este novo capítulo da profícua história da Casa dos Açores de Hilmar, na Califórnia, sinal de esperança no presente e futuro das comunidades portuguesas na América do Norte, robustece a máxima de Fernando Pessoa, um dos maiores génios poéticos da nossa literatura: “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”.
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