Morgado de Fafe

O Morgado de Fafe, personagem literária consagrada na obra camiliana, demanda uma atitude proativa perante o mundo. A figura do rústico morgado minhoto marcada pela dignidade, honestidade, simplicidade e capacidade de trabalho, assume uma contemporaneidade premente. Nesse sentido este espaço na blogosfera pretende ser uma plataforma de promoção de valores, de conhecimento e de divulgação dos trabalhos, actividades e percurso do escritor, historiador e professor minhoto, natural de Fafe, Daniel Bastos.

domingo, 4 de março de 2018

A realidade dos padres estrangeiros em Portugal



Num país onde a Igreja Católica continua a desempenhar um papel estruturante, a sociedade portuguesa tem assistido nos últimos anos à chegada ao território nacional de um cada vez maior número de sacerdotes estrangeiros que têm vindo a assumir responsabilidades paroquiais junto das populações.

A tendência, que se tem espalhado pela Europa, deve-se em grande medida à falta de padres em Portugal, como revela nas últimas décadas a diminuição acentuada do número de seminaristas, cuja formação por estes tempos se concentra principalmente em Lisboa, Porto e Braga. 

Ainda no final do ano passado, a Agência Ecclesia, no âmbito da Semana dos Seminários 2017 que teve como lema “Fazei o que Ele vos disser”, revelava que a Arquidiocese de Braga tinha 37 seminaristas, Lisboa 32 e o Porto 30, num total de 196 em todas as dioceses. Segundo a agência de informação da Igreja Católica em Portugal, existiam no termo do séc. XX, 547 seminaristas no território nacional, e apenas 474 em 2012, o mínimo então do séc. XXI. 

É nesse entrecho de falta de sacerdotes, contexto que inclusivamente já se sente nas comunidades portuguesas emigrantes, e numa época de crescente pedido de apoio nas missões católicas, que se enquadra a chegada a Portugal de padres da Ucrânia, Brasil, Angola, Itália, Polónia ou Espanha.

Este fenómeno de imigração sacerdotal está longe de ser um contexto que abrange somente a Igreja Católica em Portugal, antes pelo contrário, são vários os setores da sociedade portuguesa que têm recorrido ao movimento de entrada de diversos profissionais. É por exemplo, o caso dos médicos estrangeiros a trabalhar no território nacional, profissionais de saúde sobretudo naturais de países da União Europeia, em particular de Espanha, mas também de Angola e do Brasil, que têm desempenhado um papel relevante na prestação de cuidados de saúde à população portuguesa.

A Igreja Católica, principal instituição de religião em Portugal, tanto que como suportam os últimos censos a larga maioria dos portugueses identificam-se como católicos, ao adaptar-se à realidade dos novos tempos dá um sinal claro que Deus não tem fronteiras, e que por isso mesmo não podem existir barreiras físicas a dividir países, sociedades e culturas.

sábado, 3 de março de 2018

Daniel Bastos apresenta Terras de Monte Longo em Paris



No dia 17 de março (sábado), é apresentada na capital francesa o livro Terras de Monte Longo”.
A obra, concebida pelo historiador português Daniel Bastos a partir do espólio de um dos mais aclamados fotógrafos portugueses da sua geração, José de Andrade (1927-2008), fotógrafo de renome internacional, premiado e exposto em vários cantos do mundo, é apresentada às 15h00 no espaço Portologia em Paris. 
 
Daniel Bastos
A apresentação da obra, uma edição trilingue traduzida para português, francês e inglês com prefácio do conhecido fotógrafo franco-haitiano que imortalizou a história da emigração portuguesa, Gérald Bloncourt, estará a cargo do empresário português radicado em Paris, Manuel Pinto Lopes. 
 
Convite
Neste novo livro, realizado com o apoio do Centro Português de Fotografia, instituição pública que assegura a conservação, valorização e proteção legal do património fotográfico nacional, Daniel Bastos esboça um retrato histórico conciso e ilustrado do interior norte de Portugal em meados dos anos 70.

Através de imagens até aqui inéditas, que José de Andrade captou nessa época em povoados rurais entre o Minho e Trás-os-Montes, o historiador e autor de livros sobre a emigração, aborda as memórias do passado, não muito distante, do Portugal profundo e rural na transição da ditadura para a democracia, um período fundamental da história contemporânea portuguesa, marcado por décadas de carências, isolamento, condições de vida duras e incontáveis episódios de emigração “a salto”. 
 
Capa do livro
Segundo Gérald Bloncourt, neste livro ilustrado pela objetiva humanista de José de Andrade, são-nos reveladas “fotografias sentidas de Portugal, do seu povo, da sua história”, repletas de “sentimentos de dignidade evidenciados por uma forma de estar serena e humana”.
 
Contra-capa do livro
Refira-se que esta iniciativa cultural no Portologia, um dos novos espaços de referência da comunidade portuguesa em Paris, conta com a colaboração da Associação Memória das Migrações, presidida pelo antigo conselheiro das comunidades portuguesas em França, Parcídio Peixoto. 
Portologia
Apoios à edição

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Historiador Daniel Bastos apresentou conferência sobre Migrações, Cidadania e Ensino em Viana do Castelo



Na passada terça-feira (27 de fevereiro), o historiador Daniel Bastos foi um dos oradores convidados da 9.ª edição dos “Contornos da Palavra”, uma iniciativa cultural organizada pela Câmara Municipal de Viana do Castelo, que durante uma semana proporciona momentos culturais a todos os alunos, professores e educadores das escolas do concelho do Alto Minho.

Legenda – Da esq. para a dir.: o historiador Daniel Bastos, o moderador Manuel António Vitorino, e a investigadora Irene Flunser Pimentel


No decurso da iniciativa, que decorreu na Biblioteca Municipal de Viana do Castelo, no âmbito do Encontro de Bibliotecas Escolares – Conhecer, Respeitar e Incluir, e que computou a presença a investigadora portuguesa dedicada ao estudo do período contemporâneo de Portugal, Irene Flunser Pimentel, o historiador minhoto apresentou em representação da Galeria dos Pioneiros Portugueses, um espaço museológico em Toronto que se dedica à perpetuação da memória e das histórias dos pioneiros da emigração portuguesa para o Canadá, uma comunicação intitulada “Migrações, Cidadania e Ensino”.

Partindo da enunciação de Almada Negreiros “Nós hoje estamos ao mesmo tempo na melhor época da humanidade e na pior”, artista multidisciplinar português homenageado na iniciativa, Daniel Bastos sustentou que por um dever de memória histórica e de dignidade humana, a Europa em geral, e Portugal em particular, tem que integrar e proteger os migrantes. Para o investigador da nova geração de historiadores portugueses, as migrações hodiernas representam um desafio para as políticas dos Estados democráticos, sendo urgente repensar a educação para a cidadania enquanto meio para a promoção da democracia e dos direitos humanos.