Num
país onde a Igreja Católica continua a desempenhar um papel estruturante, a
sociedade portuguesa tem assistido nos últimos anos à chegada ao território
nacional de um cada vez maior número de sacerdotes estrangeiros que têm vindo a
assumir responsabilidades paroquiais junto das populações.
A
tendência, que se tem espalhado pela Europa, deve-se em grande medida à falta
de padres em Portugal, como revela nas últimas décadas a diminuição acentuada
do número de seminaristas, cuja formação por estes tempos se concentra principalmente em Lisboa, Porto
e Braga.
Ainda
no final do ano passado, a Agência Ecclesia, no âmbito da Semana dos Seminários 2017 que teve como lema “Fazei
o que Ele vos disser”, revelava que a Arquidiocese de Braga tinha 37
seminaristas, Lisboa 32 e o Porto 30, num total de 196 em todas as dioceses.
Segundo a agência de informação da Igreja Católica em Portugal, existiam no termo
do séc. XX, 547 seminaristas no território nacional, e apenas 474 em 2012, o
mínimo então do séc. XXI.
É
nesse entrecho de falta de sacerdotes, contexto que inclusivamente já se sente nas comunidades portuguesas
emigrantes, e numa época de crescente pedido de apoio nas missões católicas,
que se enquadra a chegada a Portugal de padres da Ucrânia, Brasil, Angola,
Itália, Polónia ou Espanha.
Este
fenómeno de imigração sacerdotal está longe de ser um contexto que abrange somente
a Igreja Católica em Portugal, antes pelo contrário, são vários os setores da
sociedade portuguesa que têm recorrido ao movimento de entrada de diversos
profissionais. É por exemplo, o caso dos médicos estrangeiros a trabalhar no
território nacional, profissionais de saúde sobretudo naturais de países da
União Europeia, em particular de Espanha, mas também de Angola e do Brasil, que
têm desempenhado um papel relevante na prestação de cuidados de saúde à
população portuguesa.
A
Igreja Católica, principal instituição de religião em Portugal, tanto que como
suportam os últimos censos a larga maioria dos portugueses identificam-se como
católicos, ao adaptar-se à realidade dos novos tempos dá um sinal claro que
Deus não tem fronteiras, e que por isso mesmo não podem existir barreiras
físicas a dividir países, sociedades e culturas.
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