Morgado de Fafe

O Morgado de Fafe, personagem literária consagrada na obra camiliana, demanda uma atitude proativa perante o mundo. A figura do rústico morgado minhoto marcada pela dignidade, honestidade, simplicidade e capacidade de trabalho, assume uma contemporaneidade premente. Nesse sentido este espaço na blogosfera pretende ser uma plataforma de promoção de valores, de conhecimento e de divulgação dos trabalhos, actividades e percurso do escritor, historiador e professor minhoto, natural de Fafe, Daniel Bastos.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Por detrás das Palavras – Notícias de Fafe (2014-01-10)

Notícias de Fafe (2014-01-10)


1-Gostas de ler?
A leitura é essencial na minha vida, através dela construi parte significativa da minha consciência e cidadania. Sou o que sou hoje, em grande parte, devido ao que li e ao que leio. O conhecimento, a pesquisa e a escrita, que estão presentes nos vários trabalhos que tenho desenvolvido no campo da História, eram impossíveis de realizar sem uma leitura aprofundada das fontes e dos documentos. Para um historiador ler é como respirar, é natural e fundamental.

2-Televisão, cinema ou computador?
Um pouco dos três. O computador é uma ferramenta quotidiana que uso no trabalho. Desde a Universidade que me habituei a usar o computador portátil como ferramenta de trabalho no campo da pesquisa e da escrita. A televisão é um dos principais meios de informação de que dispomos, será mesmo o mais poderoso meio de comunicação de massas. No entanto, nunca como hoje foi tão notória a dicotomia entre boa e má televisão, por isso ainda são muitos os momentos em que prefiro ouvir rádio ou música, que me ajudam bastante a concentrar quando leio ou escrevo, ou então redescobrir a magia de um bom filme da “sétima arte” no cinema.

3-Dás importância aos signos?
Acho piada, como parte das pessoas, mas não dou importância aos signos. Eu, por exemplo, sou Capricórnio, e o senso comum afirma que os nativos deste signo são trabalhadores, responsáveis, persistentes e práticos, mas são características que se encontram nas mais variadas pessoas. A nossa vida é determinada pelo que somos, pelo que pensamos, pelo que fazemos aos outros e deixamos legado aos vindouros, e não pelas aparências, pelo que temos ou por pseudo-características de signos.

4-Qual o teu número favorito?
Não tenho número preferido. O problema da nossa sociedade é que somos todos perspetivados como números e não como pessoas. Antes da frieza ou crueza dos números, estão os sentimentos e o respeito pelas pessoas. O meu “número” preferido é o princípio da dignidade da pessoa humana, o valor moral e espiritual.

5-Apresenta alguém que seja uma referência para a sociedade.
Tenho uma enorme empatia pela personalidade de Miguel Torga, a sua vida e obra sempre dignificaram o Homem. A sua profunda consciência humana e ligação à terra, o seu despreendimento material, o seu combate à tirania e injustiça, e a sua ternura rural longe do restolho da fama, tornaram-no um dos escritores mais marcantes do séc. XX, e uma grande referência para a nossa sociedade.

6-A história tem princípio, meio e fim, bem defenidos?
A história não tem princípio, meio e fim, bem definidos. A história não é uma ciência exata, nada nela é definitivo, não oferece certezas nem aproximações seguras. Como professa Miguel de Cervantes na sua obra-prima Dom Quixote: "A história é émula do tempo, repositório dos factos, testemunha do passado, exemplo do presente, advertência do futuro."

7-Os rios fazem história?
Os rios influenciam o curso da história. Em Fafe, a fertilidade trazida pelas águas do rio Vizela, afluente da margem esquerda do rio Ave, que banha ao longo de quase 40 quilómetros, o nosso concelho e o de Felgueiras, Guimarães, Vizela e Santo Tirso, originou no território o estabelecimento das comunidades humanas, o florescimento da agricultura e o aparecimento das primeiras indústrias.

8-Dizem que a história se repete. É verdade?
A história nunca se repete. O que se repete são os erros e inconsciências dos homens que são os criadores da história, dos acontecimentos e dos factos. Cada acontecimento histórico é único, enquadrado num determinado espaço e tempo, daí advém a História ser a ciência social que estuda o Homem e a sua ação no tempo e no espaço, e a importância do seu papel, porque como adverte o filósofo George Santayana “Aqueles que não podem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo”.

9-Qual a palavra mais bela?
Dignidade. É uma palavra e ideia-chave que deve estar sempre subjacente à vida. A palavra dignidade, enquanto valor fundamental, tem que ser a argamassa dos alicerces da nossa sociedade e civilização. A dignidade abarca a justiça, o respeito, o amor, a ética, a cidadania, a igualdade, a solidariedade e a liberdade da pessoa humana. Todos somos portadores da mesma dignidade original, todos temos direito a uma vida digna.

10-Um bom passeio.
Um bom passeio é essencialmente aquele que for realizado em boa companhia. Um passeio à beira-mar acalma-me, inspira-me e renova-me a energia para viver. Um passeio pelo verde do Minho, em particular pelo concelho de Fafe, evoca as minhas raízes, dá sentido à minha existência e impele-me a trabalhar em prol da História.
 

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