Território de transição entre o Minho e
Trás-os-Montes, situado no distrito de Braga, o concelho de Fafe, popularmente
conhecido pela lenda da Justiça de Fafe, e orgulhoso do título de “Sala de
Visitas do Minho”, destaca-se no panorama nacional pela sua afamada
gastronomia, nomeadamente a “Vitela à Moda Fafe” e o afamado pão-de-ló e
cavacas de Fornelos e Arões, sempre bem acompanhados com o vinho verde da
região.
Ladeado pelas serras do Marão, Cabreira e Gerês,
palmilhado por rios e ribeiros que correm para o Vizela, principal linha de
água que nasce no Alto de Morgaír e desagua no Ave, as potencialidades e
turismo de natureza cunham o concelho de Fafe.
Como qualquer outra terra minhota, Fafe tem uma
forte corrente emigratória. A afirmação e construção contemporânea do concelho
advêm da emigração para o Brasil na transição do séc. XIX para o séc. XX,
quando milhares de homens locais seduzidos pelo eldorado brasileiro
atravessaram o atlântico.
O
regresso a Fafe dos “brasileiros de torna-viagem” trouxe consigo um espírito
burguês empreendedor e filantrópico marcado pela fortuna, que sustentou a
construção de moradias apalaçadas, do Jardim Público, das primeiras escolas e
asilos, dos primeiros polos industriais têxteis, como as conhecidas fábricas do
Ferro e do Bugio, do Hospital da Misericórdia, da Associação Humanitária de
Bombeiros e do Teatro-Cinema.
Estas
marcas históricas e culturais que ainda hoje perduram no concelho, e tornam
Fafe um exemplo singular ao nível da arquitetura dos “brasileiros de torna
viagem”, levaram o Município a instituir no início do séc. XXI, o Museu das
Migrações e das Comunidades, sedeado na Casa Municipal da Cultura, e que é um
espaço de paragem obrigatória para quem pretende conhecer e visitar a “Sala de
Visitas do Minho”.
A
beleza natural e paisagística de Fafe continua ainda hoje a projetar
além-fronteiras o concelho. A Casa do Penedo, uma habitação particular de
férias, situada na serra de Fafe, próxima do mítico troço Fafe/Lameirinha que catapultou o
concelho como “catedral dos ralis”, foi considerada pelo site Strange Buildings, através da votação
dos utilizadores que está constantemente a ser atualizada, o atual edifício
mais estranho do mundo.
Construída
em 1972 a partir de quatro rochas e sem eletricidade, esta casa tem atraído
muitas atenções e visitas, nomeadamente dos amantes da natureza, arquitetura e
internautas dos quatro cantos do mundo, liderando a lista dos 50 edifícios mais
estranhos do mundo à frente, inclusive, das torres rotativas do Dubai, a Casa
Nautilus, na Cidade do México, o Parque Guell e a Sagrada Família, em
Barcelona, o Teatro Nacional de Pequim, o Museu de Arte Contemporânea, no Rio de
Janeiro e a Casa da Música, no Porto.
Nota: Artigo publicado no Jornal Repórter X-
Cultura de Expressão Portuguesa, um jornal de cultura gratuito sedeado na
Suíça, que noticia temáticas ligadas à Diáspora, a Portugal e à Suíça. Periódico Mensal n.º 27 – Junho 2014 / Ano III – Tiragem de 5.000 Uni.
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