Nestes
dias de chuva que nos enlevam em nostalgia revivo o poema “Memórias da Chuva”, que faz parte do meu último livro de poesia “Terra”
magnificamente ilustrado pelo mestre-pintor Orlando Pompeu:
Memórias
da Chuva
Dentro das paredes do saber,
templo de culto da solidão,
perscruto o fragor da chuva
arauto dos mistérios da criação.
Descerro a janela da memória
embaciada de recordações,
e parto enlevado em velhas canções
para junto da criança que fui outrora.
De mãos dadas,
como se não houvesse amanhã,
chapinhamos nas poças de água
exalamos o cheiro a terra molhada
corremos pelos campos em flor
aspergidos do orvalho da aurora,
à procura dos buracos dos grilos
que apanhamos com delicado fervor.
Ao som dos seres cantores
prisioneiros em gaiolas coloridas,
adormecemos lado a lado
imaginando mil e uma novas partidas!
Daniel Bastos, “Memórias
da Chuva”, in Terra.
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