Ao
longo dos últimos anos, a vila raiana de Melgaço, sede do concelho mais a norte
de Portugal, situada no distrito de Viana do Castelo, tem sabido preservar e
valorizar o fenómeno da emigração, cujas marcas estão muito presentes na
realidade e identidade desta região fortemente influenciada pela proximidade de
Espanha e pelo rio Minho.
Um
dos aspetos singulares da preservação e valorização do fenómeno da emigração
portuguesa em Melgaço é a sua ligação estratégica ao desenvolvimento da
economia e do turismo no território mais setentrional do país. O
fenómeno emigratório, a par da gastronomia, das paisagens e das tradições, tem contribuído decisivamente para o crescimento sustentado do concelho.
Desde
logo, através do Espaço Memória e Fronteira, um núcleo
museológico inserido no antigo edifício do matadouro municipal, remodelado e
ampliado em 2007, que no cumprimento da sua missão preserva a história recente
do concelho, relacionada com o contrabando e a emigração. Um espaço museológico,
onde funciona o Gabinete de Apoio ao Emigrante, que conduz o visitante pelos diversos
momentos relacionados com a emigração, como as causas, a preparação da viagem e
a viagem, a chegada e vivência no país de acolhimento, sem esquecer os reflexos
da emigração no território.
A valorização da temática migratória
está igualmente presente nestes últimos anos no município através da realização
do Filmes do Homem - Festival Internacional de
Documentário de Melgaço. A iniciativa, que este ano se realiza entre 1 e 6 de
agosto, organizada pela Câmara Municipal de Melgaço e pela Associação Ao Norte,
tem como principal objetivo promover e divulgar o cinema etnográfico e social,
refletir com os filmes sobre a identidade, memória e fronteira, e contribuir
para um arquivo audiovisual sobre a região.
Um
dos eixos principais do festival é a programação a partir de uma mostra competitiva de
documentários candidatos ao prémio Jean Loup Passek. Historiador,
crítico e cinéfilo francês, Jean Loup Passek
(1936-2016), filmou nos anos 70 em Paris um documentário sobre a emigração
portuguesa onde conheceu vários habitantes de Melgaço, começando aí uma relação
que culminou em 2005 na criação do Museu de Cinema de Melgaço, e que tem
por base o espólio colecionado ao longo da vida pelo antigo responsável do
departamento cinematográfico do Centro Georges Pompidou.
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