No passado mês de novembro foi inaugurada no
Centro Cultural de Belém, em Lisboa, a exposição Os Trabalhadores Forçados
Portugueses no III Reich, que aborda o tema dos portugueses de todas as
origens e condições que foram sujeitos a trabalhos forçados no âmbito do
sistema concentracionário do III Reich, nomeadamente durante a II Guerra
Mundial (1939-1945).
Resultado de um
projeto de investigação do Instituto de História Contemporânea da Faculdade de
Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, apoiado pela
fundação alemã EVZ – Erinnerung, Verantwortung, Zukunft (Memória,
Responsabilidade, Futuro), pelo Goethe-Institut e pela Associação CIVICA
(França), a exposição evoca pelo menos 400 portugueses vítimas de trabalhos
forçados na Alemanha nazi. Como sustenta o historiador Fernando Rosas, que dirige
o projeto desta exposição composta por fotografias e objetos pessoais, “cerca
de 400 portugueses, talvez um pouco mais, estiveram confinados durante a
Segunda Guerra Mundial em campos de concentração, prisões ou ‘stalag’ [campos
de prisioneiros de guerra], sujeitos a brutais condições de trabalho forçado”.
Tratando-se de uma dimensão pouco conhecida da História de Portugal,
tanto que durante a II Guerra Mundial o país esteve sob o regime do Estado Novo, dirigido
por Salazar, onde imperava a censura
prévia e a falta de liberdade. E oficialmente, Portugal declarou
em 1939 a neutralidade, a exposição tem o condão de resgatar do esquecimento a
memória dos portugueses que foram vítimas da
perseguição nazi, e dar a conhecer novos dados sobre a mobilidade lusa no
centro da Europa antes da segunda metade do séc. XX.
É
que no seio dos protagonistas anónimos portugueses que fizeram trabalho forçado
no III Reich ou foram prisioneiros de guerra, avultam
essencialmente trajetórias de emigrantes que nesse período estavam em França
para onde tinham emigrado, apesar de existirem também casos políticos, e que
foram apanhados no turbilhão do conflito e levados para a Alemanha. Segundo a historiadora
Cláudia Ninhos, da equipa internacional ligada ao projeto de investigação da
exposição, foram ainda apanhados pelo vórtice bélico vários portugueses que nessa
época partiram para a Alemanha como voluntários à procura de melhores salários, melhores condições de vida e
possibilidade de envio de parte do salário para as famílias.
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