No âmbito do projeto do futuro Museu
Nacional da Emigração, criação aprovada, como recomendação, pela Assembleia da
República, a 27 de outubro do ano transato, foi anunciado então pelo ministro
da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, a intenção do Governo vir
a estabelecer que os vários museus municipais ligados ao fenómeno da
emigração possam constituir-se como polos do vindouro espaço museológico.
Trata-se de uma
estratégia cultural em rede importante, porquanto pelo país encontram-se disseminados
vários núcleos museológicos locais e regionais, que ao longo dos anos se têm
dedicado à preservação e conhecimento do processo de
emigração, um fenómeno estruturante na sociedade portuguesa e com marcas em
todos os continentes. Encontram-se neste caso, por exemplo, o Museu das Migrações e das Comunidades, sediado em Fafe, o Espaço
Memória e Fronteira, localizado em Melgaço, e o Museu
da Emigração Açoriana, instalado na Ribeira
Grande, que têm prestado um serviço público de grande relevância na promoção do
conhecimento das migrações na diáspora portuguesa.
No entanto, além desta
perspetiva desconcentrada e polinuclear proposta pelo Governo, na esteira do
projeto de resolução do PS para a criação do museu, sustentado no trabalho do
deputado eleito pelo círculo da Europa, Paulo Pisco, e da inclusão no mesmo de um centro de documentação, proposto pelo PSD, é
igualmente fundamental que o futuro Museu Nacional da Emigração se articule
simultaneamente com outros espaços museológicos espalhados pelas comunidades
portuguesas, assim como as inúmeras estruturas associativas portuguesas no
estrangeiro.
O prosseguimento de uma estratégia de
articulação e cooperação transnacional do futuro Museu Nacional da Emigração,
por exemplo, com a Galeria dos Pioneiros Portugueses, um
espaço museológico em Toronto, que se dedica à perpetuação da memória e
das histórias dos pioneiros da emigração portuguesa para o Canadá, será indubitavelmente
uma mais-valia para a comunidade luso-canadiana, assim como para a missão vindoura do Museu Nacional da Emigração. No mesmo sentido, a articulação e cooperação transnacional do
futuro Museu Nacional da Emigração com o associativismo luso no estrangeiro é
essencial, pois é no seio destes movimentos que residem os vínculos de pertença
cultural e se encontram os sinais de integração nos países de acolhimento.
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