No
decurso das últimas Comemorações do Dia de Portugal, de
Camões e das Comunidades Portuguesas, o primeiro-ministro António Costa
confirmou que as comemorações do 10 de Junho em 2020, além de se celebrarem oficialmente
na Madeira, decorrerão igualmente junto da comunidade portuguesa na África do
Sul, possibilidade que tinha sido já aludida pelo Presidente da República,
Marcelo Rebelo de Sousa.
A
confirmação da decisão pelas mais altas instâncias da Nação tem desde logo o
condão de destacar o papel e a importância da numerosa comunidade portuguesa que
vive e trabalha no país mais meridional do continente africano. Segundo a Direcção-Geral dos Assuntos Consulares e
Comunidades Portuguesas, estima-se que atualmente a comunidade
portuguesa e de luso-descendentes na África do Sul, ronde o meio milhão de pessoas, na sua
maioria com raízes madeirenses e estabelecida em Joanesburgo, a maior cidade sul-africana.
Ainda
que como revele o investigador Paulo Bessa na obra “A Comunidade Lusíada em
Joanesburgo”, a presença portuguesa na Nação Arco-Íris remonte
“aos Descobrimentos, existindo contactos há mais de meio milénio, materializados
nas viagens transoceânicas e na proximidade das colónias lusas”, o primeiro
grande momento da emigração lusa, particularmente madeirense, para a África do Sul iniciou-se durante a década de 1940,
durante a II Guerra Mundial, devido ao acentuar de privações geradas pelo
conflito militar.
Foi
neste contexto, que os pioneiros madeirenses se instalaram no alvorecer da
segunda metade do séc. XX na África do Sul, passando a dedicarem-se à
agricultura, em grandes quintas, e ao comércio, abrindo, mais tarde, lojas para
venda dos produtos cultivados e supermercados. Sendo que, o segundo grande
momento de emigração lusa para a África do Sul, ocorreu no início do quarto
quartel do séc. XX, com a independência das
antigas colónias portuguesas de Angola e Moçambique, período em que a
África do Sul se tornou o principal destino dos portugueses em África.
As comemorações
oficiais do Dia de Portugal em 2020 na Madeira e
na África do Sul, são assim um momento simbólico de valorização da língua e
cultura lusa no continente africano, elos antigos, atuais e vindouros da ligação
umbilical portuguesa a África.
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