A
Guerra Colonial (1961-1974), época de confrontos bélicos entre as Forças
Armadas Portuguesas e os Movimentos de Libertação das antigas províncias
ultramarinas de Angola, Guiné-Bissau e Moçambique, representa um dos
acontecimentos mais marcantes da história nacional e africana de expressão
portuguesa do séc. XX.
Conflito
bélico dramático, trágico e traumatizante para mais de um milhão de
portugueses, que prestaram serviço militar nas três frentes de combate, onde
tombaram cerca de 8.300 soldados, assim como para as populações angolanas,
guineenses e moçambicanas, cujo número total de vítimas, entre guerrilheiros e
civis, terá sido superior a 100 mil mortos, a Guerra do Ultramar ou Guerra da
Libertação desencadeou profundas alterações demográficas, económicas, sociais,
culturais e politicas.
Em
Portugal, o desgaste provocado pela Guerra Colonial, que esteve na base do
derrube do regime ditatorial salazarista que imperou entre 1933 e 1974,
entrecruzou-se com o fenómeno da emigração. Nas décadas de 1960-70, a miséria,
a pobreza e a fuga ao serviço militar de milhares de jovens como forma de
escapar à incorporação na Guerra do Ultramar, impeliram a saída legal ou
clandestina, de mais de um milhão de portugueses em direção ao centro da
Europa, em particular para França.
O fim da Guerra Colonial e a descolonização recrudesceriam o fenómeno
migratório, não só por via da chegada ao território nacional
de mais de meio milhão de portugueses de África, conhecidos como “retornados”. Mas também,
pelo facto da independência das antigas colónias portuguesas de Angola e Moçambique, terem tornado
no final dos anos 70, a África do Sul como o principal destino dos portugueses
em África.
No
entanto, no campo historiográfico do entrecruzamento da Guerra Colonial com a
emigração portuguesa, existe ainda uma dimensão de conhecimento pouco ou nada estudada,
designadamente a emigração nos anos 70 e 80 de milhares de antigos combatentes
da Guerra do Ultramar. O impacto da emigração, ainda pouco conhecido, de milhares de homens que
estiveram na Guerra Colonial, pode ser aferido pelo papel de assistência e
preservação de memória dinamizado pela Liga dos Combatentes do
Núcleo de Ontário, a segunda maior província do Canadá onde vivem cerca de
meio milhão de portugueses, entre eles, mais de 20 mil antigos
combatentes da Guerra do Ultramar, segundo dados veiculados pelo Núcleo
de Ontário.
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