Uma
das modalidades, senão a mais importante modalidade desportiva do país, o
futebol ocupa um papel fulcral na sociedade portuguesa que muitas das vezes
parece viver ao ritmo do futebol e da sua
omnipresença mediática, e não tanto da sua valorização enquanto festa e
prática desportiva universal, capaz de aproximar povos
e culturas.
A
genuína dimensão cultural do futebol, expressa numa força geradora de laços e
vínculos identitários, encontra-se plasmada nas comunidades lusas espalhadas
pelos quatro cantos do mundo, onde o futebol nacional, os clubes e a seleção, constituem
um incontornável elemento de identidade popular portuguesa.
Esta realidade da identificação futebolística como um vínculo capital da diáspora portuguesa ao país foi modelarmente analisada há poucos anos pela investigadora alemã Nina Clara Tiesler, através do projeto de investigação internacional “Diasbola”, dedicado ao papel do futebol entre emigrantes portugueses e lusodescendentes na Alemanha, França, Inglaterra, Suíça, Estados Unidos, Canadá, Brasil e Moçambique.
Tendo
como principal objetivo caracterizar o futebol em comparação com outros
elementos culturais utilizados pelos emigrantes como meios de ligação ao país
de origem, a coordenadora, do trabalho “Diasbola: futebol e emigração
portuguesa”, sustenta que “a identificação futebolística e a gastronomia são os
dois elementos da cultura popular mais visíveis na diáspora portuguesa”. E com
“maior capacidade de reunir pessoas de classes sociais diferentes, de gerações
diferentes e de sexo diferente”.
A
terminante conclusão do meio académico, de que o futebol é o principal elemento
de identidade entre gerações de emigrantes, atingiu o seu apogeu quando a seleção
portuguesa de
futebol ganhou o Campeonato da Europa 2016 em França, onde vive a maior
comunidade lusa no estrangeiro. E manifesta-se nos dias de hoje, no
empenho que os principais clubes portugueses têm tido na inauguração de casas, ou
na assunção de protocolos e parcerias para a abertura de escolas, nas
comunidades portuguesas.
Empenho
esse que tem levado a estágios e a participações em torneios futebolísticos
cada vez mais frequentes em territórios onde a emigração portuguesa está
fortemente implantada, e que por força da distância e saudade dilui as
diferentes cores dos clubes portugueses no verde-rubro que compõem a bandeira e
a seleção nacional.
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