O
impacto da emigração tem impelido ao longo das últimas décadas vários municípios
portugueses a perpetuarem, na toponímia das suas localidades, as marcas deste
fenómeno estruturante que se encontra indelevelmente ligado à memória e
identidade cultural das comunidades.
Como
salienta Gonçalo Poeta Fernandes, no prefácio do livro “Desafios e
Constrangimentos do Estudo da Toponímia.
Intervenções e contributos”, a toponímia
“respira o nosso quotidiano, o que nos envolve, preocupa ou dá felicidade, documenta as vivências das
comunidades, suas políticas e
intervenções territoriais, quem a sociedade distingue e pretende reter, na memória coletiva”.
É
precisamente nesse sentido, que se encontram disseminados por todo o território
nacional diversos nomes de ruas, com o claro propósito de enaltecer e preservar as vivências da emigração no
seio das povoações.
É
o caso, por exemplo, de Rabo de Peixe, uma vila e freguesia
do concelho da Ribeira Grande, na ilha açoriana de São Miguel, uma região fortemente marcada pela
emigração,
onde desde o início da década de 2010 foram aprovados como nomes de novas artérias a “Rua
da Diáspora” e a “Rua dos Emigrantes”.
A
denominação de arruamentos com referências
explícitas ao fenómeno migratório encontra-se igualmente muito presente no
Arquipélago da Madeira, um território insular cuja matriz
identitária, cultural, social, política e económica não pode ser dissociada da temática
da emigração. A presença dos topónimos “Rua Emigrantes”, na freguesia de Caniço, em
Santa Cruz, ou “Rua dos Emigrantes”,
no município de Porto Moniz, são alguns dos exemplos paradigmáticos desta
mundividência que se encontra também expressa nos nomes de muitas ruas de norte
a sul de Portugal continental.
A
perpetuação da memória e identidade da emigração portuguesa encontra-se inclusivamente
nos últimos anos consagrada na toponímia de países que acolhem comunidades
lusas. Desde logo em França, a mais numerosa das comunidades portuguesas na Europa, onde estreitados laços de geminação se
encontram consagrados vários nomes de localidades de onde são oriundos os
emigrantes lusos, como é o caso dos concelhos minhotos de Fafe e de Guimarães,
que pontificam respetivamente, numa avenida na cidade de Sens e numa rotunda no
burgo de Compiègne.
Sem comentários:
Enviar um comentário