No
final do passado mês de novembro decorreu no Instituto
Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL) a
primeira conferência no âmbito dos 10 anos do Observatório da
Emigração, dedicada ao tema
“Migrações e Estado-Providência”.
No
decurso do colóquio, que contou com
a participação de cientistas sociais do Centro de Investigação e Estudos de
Sociologia (CIES), do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território
(IGOT), e do Professor do Centro de Estudos de Etnicidade e Migrações da Universidade de Liège, Jean-Michel
Lafleur, que se tem
debruçado sobre as formas como os migrantes transfronteiriços lidam com os
riscos sociais em áreas como a saúde e o desemprego, uma equipa do IGOT constituída por Jennifer McGarrigle, Bruno Machado, Maria
Lucinda Fonseca e Alina Esteves, defendeu nas palavras desta última
investigadora que “Os emigrantes têm uma perceção muito incompleta do país para
que vão”, em particular quanto ao funcionamento dos mecanismos sociais.
A
conclusão expressa pela investigadora Alina Esteves, que alcançou eco na
imprensa nacional, ou não fosse Portugal um país profundamente marcado
pela emigração, é sustentada nos resultados que a equipa obteve através do
projeto Mobile Welfare – Regimes de Segurança Social na Europa na era
da mobilidade. Um projeto que criou sinergias entre o Instituto Demográfico
Interdisciplinar da Holanda (NIDI), o Instituto Internacional para a Migração
da Universidade de Oxford, o Centro de Investigação para as Migrações da Universidade
de Varsóvia e o IGOT, e que levou a equipa lusa a realizar, ao longo de três
anos, 39 entrevistas a cidadãos britânicos em Portugal e a cidadãos portugueses
no Reino Unido.
A
investigação permitiu aferir que as motivações que têm impelido a emigração
portuguesa para o território britânico, um dos destinos mais procurados pelos
emigrantes lusos nos últimos anos, entroncam nas categorias económicas e de
realização pessoal, e que o aumento hodierno de residentes britânicos em Portugal, estima-se
que o número de cidadãos do Reino Unido a viver em Portugal ultrapasse os 25
mil, não é alheio ao custo de vida baixo. Concomitantemente, como anotam os
investigadores, quer os portugueses no Reino Unido, como os britânicos em
Portugal, esforçam-se por criar redes de segurança para percalços que surjam
nas suas trajetórias de vida.
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