No
decurso dos últimos anos o acervo bibliográfico sobre o fenómeno migratório tem
sido profusamente enriquecido com o lançamento de um conjunto significativo de livros
que têm ampliado o estudo e conhecimento sobre a história da emigração
portuguesa.
Um
desses exemplos que asseveram a importância destas obras na análise e compreensão
da emigração portuguesa, encontra-se vertido no livro “Rostos da Emigração” da
autoria de Joaquim Tenreira Martins. Assistente social que durante largos anos
trabalhou no Serviço Social e Jurídico da Embaixada de Portugal em Bruxelas –
Secção Consular, onde prestou apoio a milhares de compatriotas.
Foi
a pensar nesses milhares de emigrantes portugueses radicados no centro da
Europa, que o autor escreveu em 2017 esse livro que conta com chancela da
Editora Orfeu. Um misto de livraria e de editora, dirigida
desde o final dos anos 90 pelo ativista cultural Joaquim
Pinto da Silva, e que tem sido o berço de várias obras preteridas pelos
circuitos comerciais e que manifestamente têm importância para a nossa cultura
e para a sua expansão.
A
obra, na esteira do primeiro trabalho que escreveu sobre a emigração “Visages de l’Émigration Portugaise”, publicado em
Paris, assume-se declaradamente como uma homenagem aos emigrantes
portugueses, os mesmos que segundo Joaquim Tenreira Martins “nunca aparecerão
nas manchetes dos jornais”, mas que têm sido ao longo dos anos uma força motriz
do desenvolvimento socioeconómico das suas pátrias de origem e de acolhimento.
Muitas das vezes sem o devido reconhecimento de ambas as pátrias, e em vários
casos com trajetórias de vida marcadas por dificuldades, situações de
precariedade, doença, desemprego, abandono e solidão.
Como
salienta Maria Manuela Aguiar, antiga Secretária de Estado da Emigração e das Comunidades Portuguesas, que assina o prefácio de
“Rostos da Emigração”, o livro constitui “uma viagem ao interior do mundo da
realidade migratória português, de alguém que alia a experiência de anos e anos
de contacto com situações concretas, difíceis e problemáticas a uma grande
sensibilidade para o sofrimento de pessoas inadaptadas, marginalizadas, e que
possui também um conhecimento das regulamentações jurídicas, das burocracias
dos países de acolhimento, dos contornos das questões sociais que se colocam
com premência, e que exigem soluções adequadas”.
Sem comentários:
Enviar um comentário