Morgado de Fafe
O Morgado de Fafe, personagem literária consagrada na obra camiliana, demanda uma atitude proativa perante o mundo. A figura do rústico morgado minhoto marcada pela dignidade, honestidade, simplicidade e capacidade de trabalho, assume uma contemporaneidade premente. Nesse sentido este espaço na blogosfera pretende ser uma plataforma de promoção de valores, de conhecimento e de divulgação dos trabalhos, actividades e percurso do escritor, historiador e professor minhoto, natural de Fafe, Daniel Bastos.
sexta-feira, 24 de maio de 2024
Apresentação no Porto do livro “Memórias da Ditadura – Sociedade, Emigração e Resistência”
No dia 8 de junho (sábado), é apresentada no Porto a obra “Memórias da Ditadura – Sociedade, Emigração e Resistência”.
O livro, concebido pelo historiador Daniel Bastos a partir do espólio fotográfico inédito de Fernando Mariano Cardeira, antigo oposicionista, militar desertor, emigrante e exilado político, é apresentado às 16h00 na livraria Unicepe, um espaço cultural de referência na cidade invicta.
O antigo militar e oposicionista Fernando Mariano Cardeira (ao centro), ladeado do historiador Daniel Bastos (dir.), e do tradutor Paulo Teixeira
A apresentação da obra, uma edição bilingue (português e inglês) com tradução de Paulo Teixeira, estará a cargo do historiador e investigador José Pacheco Pereira, fundador da associação cultural Ephemera, que assina o prefácio do livro.
Nesta nova obra, realizada com o apoio institucional da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril, estrutura nacional que tem como missão definir e concretizar o programa de celebração de meio século de liberdade e democracia em Portugal, Daniel Bastos revela o espólio singular de Fernando Mariano Cardeira, cuja lente humanista e militante teve o condão de captar fotografias marcantes para o conhecimento da sociedade, emigração e resistência à ditadura nos anos 60 e 70.
Através das memórias visuais do antigo oposicionista, assentes num conjunto de centena e meia de imagens, são abordados, desde logo, as primeiras manifestações do Maio de 1968 em Paris, acontecimento icónico onde o fotógrafo engajado consolidou a sua consciência cívica e política. E, com particular incidência, o quotidiano de pobreza e miséria em Lisboa, a efervescência do movimento estudantil português, o embarque de tropas para o Ultramar, os caminhos da deserção, da emigração “a salto” e do exílio, uma estratégia seguida por milhares de portugueses em demanda de melhores condições de vida e para escapar à Guerra Colonial nos anos 60 e 70.
Em plena celebração de meio século de liberdade em Portugal, e das comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, esta iniciativa cultural constitui uma oportunidade simbólica de revisitar o país como era há 50 anos. Um dever de memória e um exercício de cidadania no fortalecimento da democracia e da portugalidade, através da importância da história para inquirir o passado, pensar o presente e projetar o futuro.
Segundo José Pacheco Pereira, historiador e investigador que assina o prefácio da obra, “tudo o que constituía contexto dos anos finais da ditadura está presente neste livro, o país pobre, miserável e injusto onde, desde a mortalidade infantil à nascença, ao analfabetismo, aos bairros da lata, à insegurança de viver em sítios errados quando havia um desastre como as cheias de 1967, que matou “naturalmente” os mais pobres e deixou incólumes os mais ricos, mesmo quando viviam em locais onde choveu mais, o movimento estudantil que tinha tirado as universidades ao controlo de regime, o movimento operário reprimido nos seus mínimos direitos, a condição das mulheres vítimas de todas as violências que a censura proibia de contar, já para não falar da repressão, das prisões, da tortura, e, por fim, da guerra colonial”.
Nascido já depois da Revolução de Abril, e com vários livros publicados no domínio da História e da Emigração, cujas sessões de apresentação o têm colocado em contacto estreito com as comunidades portuguesas, o percurso do historiador e escritor Daniel Bastos tem sido alicerçado no seio da Diáspora.
Fernando Mariano Cardeira nasceu em 1943, depois de uma trajetória marcada pela deserção, emigração e exílio nas décadas de 1960-70, o antigo oposicionista regressou a Portugal após o 25 de Abril de 1974. Foi um dos fundadores da Associação de Exilados Políticos Portugueses (AEP61/74), e presidiu à Associação Movimento Cívico Não Apaguem a Memória-NAM.
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